28/04/12

OS ERROS DE LUTÉRO E O ESPÍRITO DO MUNDO ACTUAL (III)

(Publicação anterior, aqui)

OS ERROS DE LUTERO E O ESPÍRITO DO MUNDO ACTUAL
Pe. Franz Schmidberger


A Igreja não tem uma tradição, mais sim ela mesma é essencialmente Tradição, ou seja, prolongamento do Verbo feito carne.

De tal forma que a Igreja não é quem baptiza e quem ensina, mas sim propriamente e em definitivo é Cristo quem sacrifica, baptiza e ensina como "Pontífice Máximo", servindo-se do sacerdote humano, e do papa como instrumentos para outorgar a salvação.

Portanto, a Igreja é Cristo vivente, provida de magistério vivo, que possuiu sempre a capacidade de definir verdades (não de inventá-las), de tomar posição relativamente aos problemas da actualidade; de distinguir e refutar, de argumentar e condenar. "Quem a vós escuta, a mim escuta, quem vos despreza a mim despreza, mas quem me despreza, despreza Aqueles que me enviou" disse o Senhor aos seus apóstolos". (Luc. 10:16)

A posição protestante, equivocada, tenta valorar a "palavra", mas não é mais que frio racionalismo. Não quer reconhecer o Verbo feito carne, e que Nosso Senhor se tenha feito um Sacrifício e continua-o no tempo e no espaço para a nossa salvação. Recusa o altar e coloca em seu lugar uma cátedra; o sermão, o canto, constituem o centro em vez do Cordeiro imolado e o Tabernáculo de Deus vivo.

O católico nos nossos dias não pode senão sentir-se afectado dolorosamente por isso que é essencialmente a repetição, no interior da Igreja, da "reforma" protestante, sob as influências denunciadas: negação do magistério da Igreja, negação da continuação e comunicação de Cristo, negação do mistério e a passagem a um frio racionalismo, ou seja, o naturalismo.

Quando no séc. XVI a cidade de Stuttgart passou-se para o protestantismo, no dia fixado para a adopção da nova "religião", os clérigos celebraram pela última vez o Santo Sacrifício de honra de "Hofkirch". Logo o celebrante retirou o Santíssimo Sacramento do tabernáculo, e a luz do santuário, que indica a presença real, foi apagada. O edifício continua ali, mas Ele, o Emanuel, foi embora.

II - "SOLA FIDES"

Lutero pretende que a Fé por si seria suficiente para a Salvação e que as boas obras como a esmola, e o jejum, as obras de mortificação e o caminho da perfeição na vida monástica, não são meritórios; chega a dizer que o homem peca em toda a boa obra.

A - Podemos tomar da própria Sagrada Escritura de forma clara afirmações que refutam tal erro protestante.

Na carta de S. Tiago (2:26) lemos que "a Fé sem obras está morta"; no Apocalipse, são chamados bem-aventurados os mortos "porque as suas obras os seguem" (Ap. 14:3) e no Segundo livro dos Macabeus, o valente guerreiro Judas faz uma colecta para os defuntos a fim de que se ofereça um sacrifício expiatório, "pois pensava correcta e piedosamente a respeito dos mortos" 8II Macc. 12:45).

Lutero estava consciente da dificuldade que encontrava apra defender a sua tese da "sola fides" (só a Fé). Por isso foi drástico e directamente negou a epístola de S. Tiago como uma "epístola de palha", o Apocalipse como duvidoso e ao livro dos Macabeus como apócrifo.

(Continuação, aqui)

26/04/12

BLOGUE ANGOLA TERRA NOSSA - UM ÁRDUO TRABALHO DA VERDADE



Graças a Deus ter encontrado o blogue ANGOLA TERRA NOSSA. Trata-se de um árduo trabalho que resulta da investigação em campo sobre as atrocidades da chamada "descolonização" de Angola e todas as consequências.

É um tesouro, caros leitores, este blogue que vos anúncio, e é valiosamente documentado. Mereceria que muito mais dissesse sobre ele mas anda melhor que ser o leitor a visitá-lo. E que a visita não seja uma mera curiosidade, pois é blogue obrigatório no "favoritos", e é para ser lido atentamente.

A VERDADE E O EVOLUCIONISMO (I)


"A ciência deve, portanto, começar com a crítica aos mitos" (Karl Popper)

Traduzi e transcrevo o texto de um livrete do Prof. DR. Raul Leguizamon:

"Os dogmas de Fé são muito difíceis - senão mesmo impossíveis - de refutar com argumentos científicos [científico-positivistas]. A história da humanidade testemunha-o bem.

Os nossos tempos não escapam certamente a esta regra, já que na actualidade, como em todas as épocas, uma boa quantidade de pessoas continua acreditando obstinadamente em coisas não apenas desprovidas de todo o fundamento científico, mas, sobretudo, que estão em franca contradição com o conhecimento científico que possuímos hoje.

Para dar um exemplo, entre centenas, do que foi dito, referir-me-hei à insólita crença actual de muitos - curiosamente, muitos deles cientistas - de que o homem descende do macaco. Sim, sim: Macaco. Tal e qual.

Porque há de saber-se que o tão banal "antecessor comum" do homem e do macaco, de quem dizem muitos cientistas e divulgadores, não é nem pode ser outra outro que o macaco. O suposto "antecessor comum" seria chamado certamente macaco por quem quer que o avistasse, afirmava o ilustre paleontólogo da Universidade de Havard, Georg G. Simpson. É pusilâmine senão desonesto, dizer outra coisa, acrescentava Simpson. É desonesto, acrescento eu.

De tal forma que todos os esforços dos antropólogos e investigadores do tema, não se dirigem, em absoluto, a elucidar, objectivamente e sem prejuízos, de qual modo foi originado o homem, mas sim de como o macaco o formou.

Em outras palavras: o postulado das nossas origens simiescas é uma convicção da qual se parte, e não uma conclusão à qual se chegue.

Ora bem, esta convicção, que muitos cientistas e divulgadores sustêm encarniçadamente (ao ponto de mostrá-la ao público como um facto científico e demonstrado!), é - por definição - algo que está fora do campo da ciência experimental, que se fundamenta, precisamente, na observação e reprodução experimental do fenómeno sobre estudo. Coisas evidentemente impossíveis neste caso.

Assim, e respeitando um pouco o significado das palavras, esta crença na origem do homem a partir do macaco, é apenas uma hipótese de trabalho, uma suposição, uma conjectura, mais ou menos razoável, mais ou menos coerente, mais ou menos disparatada, mas sempre de carácter hipotético. Não só não demonstra, senão, ainda mais - por definição -, indemonstrável. E a ciência é demonstração.

O que a ciência [positivismo científico] pode legitimamente fazer a este respeito, é abordar o tema de forma indirecta, ou seja, examinando a suposta evidência científica que demonstraria a transformação do macaco em homem e, sobre tudo, o mecanismo que se propõe para explicar esta transformação, para ver se o dito mecanismo está em coerência ou em contradição com as leis científicas bem estabelecidas; ou , ao menos coma sensatez.

(continuação, II parte)

ARISTIDES DE SOUSA MENDES - A QUEDA DO MITO (II)


António Oliveira Salazar
(continuação da parte I)
"Outra verdade que tem sido ocultada pelos defensores de Aristides Sousa Mendes: o cônsul condicionava a emissão de vistos e passaportes ao pagamento de verbas e à obrigatoriedade de contribuição para um estranho "fundo de caridade" por si próprio instituído e gerido, situação que viria a ser denunciada junto do MNE quer pelos serviços da embaixada britânica quer por muitos dos que beneficiaram das "facilidades" de Mendes.

Também esclarecedora para a verdade sobre Sousa Mendes é a carta que o Embaixador Carlos Fernandes (*) dirigiu, em Maio de 2004, a Maria Barroso Soares, presidente da entretanto criada "Fundação Aristides de Sousa Mendes", quando esta pretendeu promover uma homenagem nacional, custeada com dinheiro público, ao antigo cônsul.

O DIABO teve acesso à referida missiva, bem como a algumas "notas soltas" que o embaixador lhe juntou, que aqui publicamos na íntegra:


Lisboa, 5/5/04

Senhora Dra. Maria Barroso Soares,

Um antigo embaixador de Israel em Portugal, que foi "instrumental" na mitificarão de Aristides Sousa Mendes, publicou há anos dois dias no Diário de Notícias, a propósito do aniversário daquele antigo cônsul, um artigo de elogio a Sousa Mendes, reincidindo em duas mentiras que foram fundamentais para aquela mitificação:

a) que foi expulso da carreira diplomática;
b) que morreu na miséria (depreendendo-se que por ter sido expulso da carreira diplomática sem vencimento).

Ora, tanto quanto eu pude averiguar, primeiro, Sousa Mendes nunca foi da carreira diplomática, pertencendo sempre à carreira consular, que era diferente, e, em princípio, mais rendosa; depois, nunca dela foi expulso: como conclusão de um 5.º processo disciplinar, foi colocado na inactividade por um ano, com metade do vencimento de categorias e, depois desse tempo, aguardando aposentação com o vencimento da sua categoria (1.595$30 por mês) até morrer, sem nunca ter sido aposentado, situação mais favorável do que a aposentação.

Portanto, se morreu na miséria, ou pelo menos com grandes dificuldades financeiras, isso deve-se a outros factores que não à não recepção do seu vencimento natural em Lisboa. Demais, A. Sousa Mendes viveu sempre com grandes dificuldades financeiras.

É óbvio que, quem tenha 14 filhos da mulher, uma amante e uma filha da amante não sairá nunca de grandes dificuldades financeiras, salvo se tiver outros rendimentos significativos, além do vencimento de cônsul.

Vi pelo artigo acima referido que a Sr.ª Dr.ª M. Barroso é presidente da Fundação A. S. Mendes, e só por isso lhe escrevo esta carta e lhe remeto os elementos de informação anexos.

Eu escrevi sobre Sousa Mendes, de forma simpática, num livro publicado há dois anos (Recordando o caso Delgado e outros casos, Universitária Editora, Lisboa, 2002) de págs. 27 a 30, porque o conhecia e tive ocasião de ajudar dois dos seus filhos, um em Lisboa e outro depois em Nova Iorque quando lá era cônsul.

Nada me move contra A. Sousa Mendes, antes o contrário, mas não posso pactuar com a mentira descarada e generalizada. Salazar é atacável por várias razões, mas não por ter "perseguido" A. Sousa Mendes, que, aliás, teve problemas disciplinares em todos os regimes de 1917 a 1940.

Quando fui director dos Serviços Jurídicos e de Tratados do MNE tive de estudar o último processo disciplinar de A. Sousa Mendes, de cuja pasta retiraram já muitas peças.

Por outro lado,o meu amigo Prof. Doutor Joaquim Pinto, sem eu saber, fez um estudo bastante completo sobre A. Sousa Mendes, e com notável imparcialidade.

Eu não pretendo vir a público atacar ou defender A. Sousa Mendes, e, por isso, nem penso rectificar o artigo do embaixador de Israel, mas em abono da verdade, e para seu conhecimento, entendo ser meu dever remeter-lhe cópia do estudo e notas em anexo, de que poderá fazer o uso que entender.
Com respeitosos cumprimentos,

Carlos Fernandes

25/04/12

Tenente-Coronel Brandão Ferreira: VERDADE SOBRE O ULTRAMAR

"JESUS DE NAZARÉ II" - PROBLEMÁTICO LIVRO DE BENTO XVI e A DOUTRINA CATÓLICA (I)


O livro de Bento XVI "Jesus de Nazaré II" é um monumento à ortodoxia católica? Será que repete as mesmas linhas de verdade ensinadas e transmitidas pela Igreja, ou segue o caminho de estranhas e recentes teologias?

É esperado que o livro de um Papa seja um monumento à ortodoxia que ele mesmo deve representar, e nada contrário a isso.

Como é absurdo que um Papa transmita uma doutrina contrária à da Igreja opondo-se aos próprios Apóstolos, aos Evangelhos, aos Padres da igreja, aos Doutores da Igreja e ao Magistério, é natural que os leitores católicos partam da ideia de um Papa ortodoxamente católico, e assim deve ser.

Antes de irmos ao livro, é preferível fazer alguma catequese.

A INSPIRAÇÃO DAS ESCRITURAS

"(...)Todos os livros que a igreja recebe como Sagrados e Canónicos, estão escritos total e completamente, em todas as suas partes, sob ditado do Espírito Santo, e visto que é impossível que qualquer erro possa coexistir com a divina inspiração, sendo a inspiração não só esencialmente incompatível com o erro, senão que exclui e afasta, absoluta e necessariamente, como impossível, que o mesmo Deus, Verdade suprema, possa enunciar o que não é certo. Está é a antiga e imutável Fé da Igreja, solenemente definida nos Concílios de Florência e Trento, e finalmente confirmada e mais expressamente formulada no Concílio Vaticano. Estas são as palavras do último deles: "Os livros do Antigo Testamento, e Novo Testamento da Vulgata latina, todos, com todas as suas partes, como foi indicado no decreto do mesmo Concílio [Trento], devem ser recebidos por sagrados e canónicos. E a Igreja os sustêm como sagrados e canónicos, não porque, depois de terem sido compostos pelo engenho humano, tenham sido aprovados depois pela sua autoridade, nem só porque contenham a revelação sem erro, senão porque, tendo sido escritos sob a inspiração do Espírito Santo, têm a Deus por seu autor. Assim, como o Espírito Santo usou os homens como instrumentos seu, não se pode dizer que tais instrumentos inspirados, porventura, caíram no erro, e não o seu autor principal. Porque foram movidos e impulsionados a escrever pela acção sobrenatural do Espírito Santo. Ele esteve presente para que eles escrevessem as coisas que Ele lhes ordenou, e só essas, de maneira que, entendidas por eles em primeiro lugar, logo quiseram firmemente escrevê-las fielmente, e, finalmente, expressaram, apta e inteligivelmente a verdade. Pelo contrário, não se poderia dizer que Deus tivesse sido o autor de toda a Escritura. Tal foi sempre a presunção dos PadresDisto se deduz que aqueles que sustêm que seja possível o erro em alguma passagem das Sagradas Escrituras, pervertem a noção católica da inspiração e fazem de Deus o autor do erro." (Proventissimus Deus - Leão XIII (20 a 21))

"(...) Também aqueles, que sustêm que a parte histórica da Escritura não descansa na absoluta verdade dos factos senão que se limita, como gostam de dizer, à verdade relativa, ou seja, o que a gente comummente pensava, não estão - como também não estão os critérios anteriormente mencionados - em harmonia com o ensinamento da Igreja, que está avalada pelo testemunho de Jerónimo e outros Padres".

Isto é exemplar do que se repete ao longo dos tempos na Igreja, faz parte da Tradição da Igreja, contudo as recentes teologias infiltradas nos seminários e cursos de teologia ensinam diferente e mais em conformidade com o protestantismo. Para que se veja, tomemos um dos manuais adoptados num instituto de Teologia (que goza até de fama de prudente e comedido, portanto, bem considerado) para a cadeira de Sagrada Escritura, e que é "Bíblia Palavra de Deus" de Valério Mannucci, para dar a entender que a Sagrada Escritura não é inspirada mas sem dizer literalmente tal coisa (reparem no tipo de palavreado mistificador, quase esotérico, que mais esconde do que aclara):

"Concluindo - Portanto, existe um mistério de inspiração que age no presente, dentro de nós, em torno de nós, sob os olhos da nossa fé: é a misteriosa, mas real, presença e acção do Espírito Santo, do Espírito do Senhor ressuscitado e vivo, sem o qual não se dá nem a fé nem a Igreja.

Viver e compreender este mistério diário de inspiração é a melhor premissa para compreender a inspiração da Bíblia com todas as suas consequências." (Caro leitor, conhece a tese protestante da inspiração presente daquele que está interpretando a Bíblia?...)

E com esta conclusão fica todo o capítulo resumido:

"Concluindo - O NT pronuncia-se formalmente sobre a inspiração divina das Sagradas Escrituras, isto é, sobre a origem divina não só do conteúdo dos livros da Bíblia, a Revelação de Deus, mas também do instrumento privilegiado que a conserva e a transmite. O próprio Deus está na origem dos livros sagrados, porque o seu Espírito infundiu neles. Este fato pertence ao ditado bíblico, especialmente neotestamentário, independentemente do como possa e deva ser compreendido (sobre a natureza da inspiração bíblica ver cap. 10). De outro lado, ele não deve ser separado da multiforme acção e moção do Espírito de Deus na história da salvação e na sua proclamação profética: "A inspiração escriturística nada tem a temer se for colocada no conjunto da inspiração bíblica da qual é uma parte, depois das inspirações pastoral e oratória. Mais ainda, só pode ganhar pelo realismo que a completa. Antes de ser escrita, a mensagem foi vivida e falada: esta experiência vital e esta palavra concreta ainda vibram no texto escrito, no qual são apresentadas como um maravilhoso condensado querido por Deus. Mas elas o precedem, o acompanham, o seguem, o superam e o comentam. Toda esta riqueza vem sempre do mesmo Espírito ... Vista nesta luz, a inspiração escriturística deixa de ser o carisma de uma pessoa particular que trabalha no absoluto e confia o papel "verdades" sugeridas a seu ouvido. Ela é, pelo contrário, o último tempo de uma longa acção do Espírito que, depois de ter preparado um plano divino-humano no qual a vida do Filho constitui o vértice, e depois de ter feito ouvir por todos os modos a voz do Pai até os últimos apelos do Herdeiro (Hb 1,1) confia tudo isto aos livros sagrados, destinados a alcançar todos os homens de todos os lugares".

Certamente que este tipo de texto baralhista, ocultista, dificulta a alguns leitores contemplarem o horror destes textos em oposição àqueles outros do Magistério da Santa Igreja Católica. Tomando ainda por referência os bons textos da Igreja, os dois iniciais, vamos agora ouvir Bento XVI no referido livro:

"A implicação (...) que encontramos no relato de Mateus (27:25), fala-nos de "todo o povo" e atribui-lhe o clamor pedindo a crucifixão de Jesus."

Segundo o Papa o "todo o povo" não tem como autor o Espírito Santo, e colocando-se nas teses da teologia protestantizada (já mostrada) e indo contra a teologia católica expressa tão claramente pelo magistério Papal anterior. Segundo Bento XVI, este "todo o povo" não pode querer dizer "todo o povo" e atribui tal falha não a Deus (claro que não), mas ao Apóstolo Mateus. Logo, rejeita a doutrina católica da Inspiração das Escrituras. Por outro lado, não há um único caso na história da Igreja onde um Papa, Padres da Igreja, Apóstolo, Doutor da Igreja, tenha interpretado como Bento XVI, e todos estes têm interpretado segundo o que Bento XVI tenta contrariar.

25 de ABRIL - OTELO SARAIVA DE CARVALHO


O «capitão de Abril» diz-se injustiçado com a promoção a coronel, reclamando que devia ter sido promovido logo em 2003, com retroactivos de 1985, uma vez que foi ilibado do processo das FP-25. Otelo admite recusar o distinção e pôr o Estado em tribunal.

«Para já, estou a pensar seriamente em recusar esta promoção e os 48 mil euros. Recuso, assim não, não quero», declarou Otelo à Agência Lusa, em Almalaguês, Coimbra, onde participou num debate com alunos do ensino secundário sobre os 35 anos do 25 de Abril.

Otelo Saraiva de Carvalho recusa o que classifica de «aparente benesse política» e frisa que o seu caso «não se aplica à reconstituição de carreiras».

«O que eu quero é que a minha instituição, com uma portaria assinada pelos ministros da Defesa e das Finanças, reponha a verdade perante os factos, não há aqui benesse nenhuma por parte do Estado, é um direito que me assiste e reclamo», frisou.

O capitão de Abril afirma que «não se sente, de facto, recompensado por esta aparente abébia que dada pelo Governo» e fala numa «injustiça muito grande» para com ele.

«Esta aparente benesse que me é dada pelo Governo é completamente falseada, aceito isto muito mal, não concordo com isto. Há aqui uma injustiça muito grande em relação a mim», disse.
Otelo Saraiva de Carvalho disse que está a pensar «arranjar um advogado que resolva lutar» com ele pelos seus direitos.

«O Provedor de Justiça, que está em banho-maria, à espera de ser rendido, já pensei ir ao Provedor de Justiça, ao Tribunal Europeu», acrescentou.

Otelo Saraiva de Carvalho entende que o seu caso «não tem nada a ver com a reconstituição de carreiras» e frisa que, a partir do momento em que foi ilibado do processo das FP-25 deixou de estar na situação de «demorado» e, como tal, deveria ter sido logo promovido pela antiguidade.

«Vou ver se ponho, com um advogado, uma acção contra o Estado, o que não queria, nunca mexi em nada que pudesse prejudicar o prestígio da minha instituição, do Exército, mas tenho de reagir de alguma forma», afirmou.

Otelo reclama a promoção de tenente-coronel a coronel por antiguidade, com efeitos a 1985, altura em que os oficiais do seu curso terão sido promovidos àquele posto.

«No final de Setembro de 2003 fiquei completamente ilibado de quaisquer acusações referentes ao processo das FP-25. A partir daí, legalmente, pelo Estatuto das Forças Armadas, devia ter sido promovido a coronel no dia seguinte, reportando a minha antiguidade e com efeitos retroactivos, em termos de vencimentos, a 1985», declarou.

O líder operacional do 25 de Abril sublinha que chegou a enviar um requerimento ao Chefe de Estado Maior do Exército de então, 20 meses após ter sido ilibado no processo das FP-25, a questionar a razão da sua não promoção.

«Fiz um requerimento ao Chefe de Estado-Maior do Exército a dizer: ‘Eh pá, esqueceram-se de mim? Agora surge-me, de repente, inopinadamente, de surpresa esta promoção», declarou.

A Comissão de Reconstituição de Carreiras que propôs esta semana a promoção de Otelo Saraiva de Carvalho a coronel sugeriu mais algumas dezenas de nomes, contudo o Ministério da Defesa Nacional aprovou apenas mais sete militares.

Além de Otelo Saraiva de Carvalho, foram promovidos a coronel, pelo Ministério da Defesa Nacional, os militares Vítor Afonso, César Neto Portugal, José Borges da Costa, Antero Ribeiro da Silva, Ângelo Sousa e Aniceto Afonso, e ainda António Vicente, a sargento-mor.



Ameaçou fuzilar os Portugueses no Campo Pequeno em Lisboa em Junho de 1975 e passou cerca de mil mandatos de prisão EM BRANCO ao cuidado de Álvaro Cunhal para que o PCP (Partido Comunista Português) aprisiona-se quem quer que fosse, sem qualquer justificação!!!!


Para os jovens que não conhecem o passado deste
"Grande Capitão"



AS Forças Populares 25 de Abril (FP-25) foram uma organização terrorista de extrema-esquerda que operou em Portugal entre 1980 e 1987.


Parte dos seus militantes procediam das antigas Brigadas Revolucionárias.Mataram 18 pessoas e pelo menos um bébé em atentados a tiro e a bomba e em confrontos com a polícia durante roubos a bancos e tentativas de fuga, praticaram entre muitos dos seus crimes, extorsões a empresas. O julgamento dos seus crimes foi incompleto, por prescrição do processo judicial.


A figura mais conhecida vinculada às FP-25 de Abril foi
Otelo Saraiva de Carvalho


Otelo Nuno Romão Saraiva de Carvalho (Lourenço Marques, 31 de Agosto de 1936) é um ex-militar português, estratega do 25 de Abril.


Foi capitão em Angola de 1961 a 1963 e também na Guiné entre 1970 e 1973, sendo um dos principais dinamizadores do movimento de contestação ao Decreto Lei nº 353/73, que deu origem ao Movimento dos Capitães e ao MFA.


Era o responsável pelo sector operacional da Comissão Coordenadora do MFA e foi ele quem dirigiu as operações do 25 de Abril, a partir do posto de comando clandestino instalado no Quartel da Pontinha.


Graduado em brigadeiro (o que no Brasil equivale a general de brigada), foi nomeado Comandante-adjunto do COPCON e Comandante da região militar de Lisboa a 13 de Julho de 1974, tendo passado a ser Comandante do COPCON a 23 de Junho de 1975 (cargo que na prática já exercia desde Setembro de 1974). Foi afastado destes cargos após os acontecimentos de 25 de Novembro de 1975.


Fez parte do Conselho da Revolução desde que este foi criado, a 14 de Março de 1975, até Dezembro de 1975. A partir de 30 de Julho do mesmo ano integra, com Costa Gomes e Vasco Gonçalves, o Directório, estrutura política de cúpula durante o V Governos Provisório na qual os restantes membros do Conselho da Revolução delegaram temporariamente os seus poderes (mas sem abandonarem o exercício das suas funções).


Conotado com a ala mais radical do MFA, viria a ser preso em consequência dos acontecimentos do 25 de Novembro. Solto três meses mais tarde, foi candidato às eleições presidenciais de 1976.Volta a concorrer às eleições presidenciais de 1980.


Na década de 1980 passou a liderar a organização terrorista FP-25[1].


Em 1985, tendo sido julgado e condenado em tribunal, foi preso pelo seu papel na liderança das FP-25 de Abril, responsáveis pelo assassinato de 17 pessoas nos anos 80. [2]


Foi libertado cinco anos mais tarde, após ter apresentado recurso da sentença condenatória, ficando a aguardar julgamento em liberdade provisória.[3]


Em 1996 a Assembleia da República aprovou o indulto, seguido de uma amnistia para os presos do Caso FP-25.


 COPCON, FP-25 e outros dos Loucos de Abril.

(Artigo do blogue Cleptocracia Portuguesa)

24/04/12

SE EM TEMPLOS FOI CALADO; VAI "PRÉGAR" ÀS PEDRAS HOJE...

O órgão é o único instrumento que nasceu na Igreja e se desenvolveu na Igreja e para a Igreja.

Deitem-se fora as fracas teses (as mais divulgadas hoje) de que o órgão nascera antes de Cristo com o nome de "Hidraulos". Na verdade o órgão nasceu no momento em que foram reunidas as características que o distinguem: teclado, comando de registos, reservatório de ar (por fole).

O Magistério da Igreja repete que este é um instrumento próprio do Rito, o instrumento da igreja, não apenas pelas incrível evolução do instrumento em referência ao divino como em não haver outro instrumento à sua altura ( é o "rei dos instrumentos").

O Concílio Vaticano II fez justiça ao órgão em algumas linhas e, linhas depois, abriu a porta a toda a excepção (que na prática se veio a tornar quase regra).

A excelência que os tolos rejeitaram tornou-se admiração de todos fora da Igreja. Hoje o órgão é apresentado com um qualquer instrumento especial mas sem o seu vínculo natural à Igreja (e cada vez mais se promove tal ideia, pois tudo o que é cobiçável e que a Igreja produziu tende a ser "saqueado" mediante a passividade cega dos mais altos responsáveis).

Pelo menos a música não é sacra:

23/04/12

TERMÓMETRO DE ROMA


Agora mesmo, dei com o "termómetro de Roma" durante uma curta conversa, na qual me diziam que em Roma as coisas melhoram. E como tal absurdo  visto que eu opinei o contrário, tentei resolver o dilema lançando duas perguntas:

- Doutrinalmente, o que foi corrigido por Roma neste pontificado?
- Doutrinalmente, que agravantes houve em Roma neste pontificado?

As duas perguntas devem funcionar em conjunto; a segunda testa mais quem diz que Roma piorou, e a primeira pesa mais aos do contrário (estes omitem frequentemente a dimensão doutrinal: segundo eles há que pautar-se pelos gestos mais exteriores, políticos, superficiais; e os seus opostos costumam ignorar exageradamente a existência desses gestos exteriores custosos, esforços, e vontades).

Também é certo que toda a "melhoria" é na verdade pioria, por ser coisa meramente exterior, porque sem a correcção dos erros doutrinais a minimização visível das más consequências só servirá de maior engano (operação de cosmética). Já a correcção doutrinal, mesmo que sem outras operações mais exteriores é e boa, e só poderá produzir bons frutos.

Voltemos às questões.

Doutrinalmente, o que foi corrigido nestes últimos anos? Os erros transmitidos de Roma e por Papas neste meio século, foi algum corrigido formalmente? Se sim, onde está a correcção?

Foram introduzidos erros doutrinais, e eles não foram corrigidos, têm eles servido de base para a consequente aplicação e generalização, como se parte da Doutrina fossem (começam a ser vistos como obrigatórios, e os princípios que lhes são opostos são vistas já como estranhos e inimigos da Igreja). Portanto, estas recentes doutrinas (que não poucas vezes são até apresentadas como novas repetições do antigo) começam a ser tomadas pela regra!

Há ainda quem admita haver graves erros, desde que se não diga serem erros doutrinais de Roma. Nessa versão enfermada, a mais grave, haveria uma boa parte do Clero em rebelião, e uma Roma desobedecida e DOUTRINALMENTE ortodoxa! Estes, já que assim julgam, acabam por aceitar todos os tais erros doutrinais de Roma, por não admitirem que Roma possa estar errada nestas últimas décadas. Estes teriam então de apresentar uma doutrina que permitisse entender a tal suposta ortodoxia... e essa doutrina, pasme-se, costuma já existir no texto do Concílio Vaticano II (tem apenas meio século), ou no magistério pós conciliar!

O "termómetro de Roma", como lhe chamei eu, são aquelas duas perguntas iniciais (paradigmáticas), que tudo podem dizer mediante respostas sinceras. Ainda podem dizer muito dos católicos que lhes pretendam responder de recta vontade. Tais perguntas são irredutíveis e acertam no âmago da presente situação de Roma.

COMEMORAMOS A 25 de ABRIL... (I)


Sto. Anselmo da Cantuária

"S. Anselmo, Arcebispo de Cantuária, italiano de nação e Beneditino de profissão, morreu aos 25 de Abril do ano de 1109." (pág. 216). "Bento XII, natural de Savadurno, na Diocese de Tolosa en França, e Monje de Cister, foi assumpto ao Pontificado no ano de 1334, aos 20 de Dezembro, Governou a Igreja 7 anos, 4 meses, e 6 dias. Morreu no ano de 1342 aos 25 de Abril." (pág. 167) - ("Epitome Cronologico, Genealogico e Historico...", Pe. António Maria Bonucci, LISBOA, M, DCCVI)


[Nascimento de D. Afonso II] - "Neste dia, ano de 1185, nasceu em Coimbra o Infante D. Afonso, depois Rei II do nome, filho dos Reis D. Sancho e D. Dulce. Sendo menino caiu numa perigosa enfermidade da que se livrou, por intercessão de Santa Senhorinha a quem seus pais recorreram naquela grande aflição, e depois agradeceram o benefício com piedosos cultos, e muito grandiosas ofertas ao sepulcro da mesma Santa. 


II [Coroação de D. Inês de Castro] - Sentiu ElRei de Portugal D. Pedro I com raros extremos da mágoa, e amargura a cruel morte de sua querida D. Inês, Entendeu-se geralmente, que o peso da dor e da saudade, sem dúvida lhe tiraria a vida, ou o juízo. (...) Buscou na vingança algum desafogo, e soblevou-se contra ElRei seu pai, e contra todos os que seguiam as suas partes, tratando-os como a mortais inimigos. (...) Seguindo este pensamento, saiu com uma fineza tão rara que não se lhe acha exemplo igual nas Histórias. Procurou primeiro justificar com testemunhas, e documentos, que havia sido legitimamente casado com D. Inês, e logo se resolveu a lhe dar os tratamento de Rainha. Fez desenterrar o cadáver e ligar artificialmente os ossos, de forma a que ficou inteira, e ordenada a organização do corpo, e vestida com Ópa Real, Coroa na cabeça (ou caveira) empunhando o Ceptro, a fez colocar num Trono eminente, e nesse dia, ano de 1361 colocada em público, ordenou, que lhe beijassem a mão todos os Prelados, Títulos, Cavaleiros, e principais do povo, que se achavam em Coimbra, onde então assistia a Corte. Feita a notável cerimónia, e nunca outra vez vista, mandou levar o coroado cadáver, desde a mesma Cidade até ao Mosteiro de Alcobaça, que dista dela dezasseis léguas,com soleníssima pompa, e aparato fúnebre, que discorreu em tão larga distância por meio de mais de cem mil homens formados em duas fileiras com tochas acesas nas mãos. Tinha feito ElRei erigir na famosíssima Igreja daquele Real Mosteiro um mausoléu, túmulo de finíssimo mármore, lavrado com admirável primor e nele foi colocado o corpo de D. Inês, e no alto se vê a sua figura, tirada ao natural, com insígnias de Rainha. Junto do mesmo túmulo mandou ElRei edificar outro igual para si, querendo prosseguir, ainda depois de sepultado, aquele doce, e suave companhia, de que em vida fizera tão alta estimação.

III [Batalha de Trancoso (Btalha de S. Marcos)] - Tentava ElRei D. João I de Castela entrar em Portugal, com poderoso excito para ressarcir a perda de gente, e reputação, que havia padecido no cerco de Lisboa. A este fim mandou ajuntar as tropas de todo o seu Reino, conduzidas por senhores da primeira qualidade; E uma boa parte delas impaciente da dilação entrou logo pela província da Beira, e chegou até Viseu, Cidade aberta, e sem prejuízo, e em muitas Vilas e lugares, fizeram os Castelhanos grandes destruições, mas com mais utilidade que honra, porque o haviam com gente popular e desarmada. [Ora] assistiam na Beira, naquele tempo, dois ilustres Cavaleiros, que por leves causas viviam confrontados entre si, em grande prejuízo da defensa da mesma Província. Um era Martim Vasquez da Cunha, que governava a Vila de Linhares, e outro era Gonçalo Vasquez Coutinho, que governava a de Trancoso, Estes eram os que, por caprichos particulares, persistiam teimosamente divididos, sem atenção ao dano da República [palavra a tomar não no sentido ideológico-partidário]. Entrou porem João Fernandes Pacheco, Cavaleiro não menos ilustre, que os dois, e mais prudente, que ambos, a mediar entre um e outro, e conseguiu a concórdia, mas com a condição de que Gonçalo Vasquez precederia no mando, em que cedo generosamente o Cunha, ficando por isso mesmo mais airoso: Porque se ambos venceram os inimigos, ele, antes dessa vitória, conseguiu outra maior, quando se venceu a si. Ajuntaram valorozamente trezentas lanças, e alguma gente de pé, a quem uniram com número de lavradores, mais para fazerem vulto do que corpo, Com este poder se resolveram a esperar os inimigos num lugar distante (quase meia légua da Vila de Trancoso). Marchavam os Castelhanos naquela volta, bem desavizados do grande mal que os esperava. Eram quatrocentas lanças, duzentos ginetes, e bom número de besteiros e homens de pé [piões]. Traziam setecentas cargas das coisas mais preciosas, que tinham saqueado, e muitos Portugueses homens, e mulheres, que levavam prisioneiros. Encontraram-se em tal forma, que nenhuma das partes podia furtar-se ao perigo (o que os Castelhanos intentaram) vieram, enfim, às mãos, e se travou uma asperríssima batalha. Os nossos lavradores mais certos em cortarem a terra com o arado que os inimigos com lança, encomendaram-se aos pé, que não lhe valeram, porque os ginetes Castelhanos, tomando-lhe o pasto, mataram neles à vontade. Ao mesmo tempo chocavam os dois campos furiosamente, deliberados aos, ou a morrer, ou a vencer. De uma e outra parte, eram os Capitães tão ilustres como valerosos, e cada um repetia o seu apelido, para que esta memória excitasse nos seus soldados o valor. Durou o conflito grande parte do dia começando logo de manhã até que a fortuna se declarou a favor dos Portugueses, ficando os Castelhanos vencidos tão fortemente derrotados, que se afirma que dos quatrocentos homens de armas (coisa dura de referir, e de crer) não escapou nem um só com vida, e dos Portugueses, (coisa ainda mais dura) que nem uma perdeu, exceptuando os lavradores, que por sua fraqueza e temor foram mortos ao princípio. É sem dúvida que os Castelhanos padeceram grandíssima perda, e que os despojos foram restituídos aos Portugueses, e postos em sua liberdade os prisioneiros dos quais muitos, tocada a sorte, prenderam aos que os traziam presos. A infelicidade mais lamentável para os Castelhanos, foi morrerem nesta batalha, muitos, e grandes senhores, e que ocupavam grandes postos na Casa Real. Como João Rodrigues de Castanheda, Pedro Soares de Toledo, Álvaro Garcia de Albernoz, Pedro Soares de Quinhones, Afonso de Trugilho, e outros. Esta foi a famosa vitória, chamada de Trancoso, sucedida neste dia, ano de 1385 e uma das mais gloriosas que o berço Português conseguiu dos Castelhanos, se se considerar a desigualdade do número, a duração do combate, a grande perda dos inimigos, e a pouca dos nossos." ("Anno Historico, Diario Portuguez, Noticia Abreviada...", Lourenço Justiniano da Anunciação, Tomo I, LISBOA, M DCC XLIV, pág. 676)

"Havendo uma grande falta de água no mês de Abril, por não ter chovido muitos tempos, por essa razão as novidades daquele ano se perdiam todas: se bem, que se tinham já feito muitas Procissões públicas a este intento, sem que Deus deferisse a elas com sua misericórdia, de que todos andavam como pasmados, por se verem em tão manifesta necessidade, e aflição. Pelo que, ao clamor do Povo, e às grandes instâncias, que se fizeram ao Padre Mestre Fr. Damião da Costa (que era Provincial) houve ele por bem dar licença, que saísse fora em Procissão esta Santa Imagem, pois nela tinham todos postas as esperanças de seu remédio: o que se aceitou em 25 de Abril do dito ano [1501], fazendo muitas Irmandades com seus círios, e grande quantidade de tochas acesas, diante da qual iam muito disciplinantes." - ("Chronica dos Carmelitas da Antiga, e Regular Observância nestes Reynos de Portugal, Algarves, e seus Domínios...", Fr. Joseph Pereira de Sta. Ana. Tomo I, LISBOA, M DCC XIV, pág. 693)

"Carta infame que Manuel Caetano de Albuquerque escreveu ao Bispo de Coimbra em 25 de Abril de 1765, sendo um dos seus principais Directores espirituais; para o induzir a desviar os seus Diocesanos de denunciarem aos Tribunais da Inquisição os Fractores do Sigílo Sacramental, e os Solicitante." ("Collecção das leys Promulgadas, e Sentenças Proferidas nos Casos da Infamne Pastoral do Bispo de Coimbra D. Miguel da Anunciação: Das Seitas dos Jacobeos, e Sigillistas..." , LISBOA, M DCC LXIX,"pág. 71)

"De LIVROS de história do BRASIL - comprei, por 40$00, a "História da fundação da cidade de SALVADOR", obra póstuma de Teodoro Sampaio, Baía, 1948; e os dois volumes das "MEMÓRIAS..." ou Anais do Rio-de-Janeiro (1808-1821), Rio-de-Janeiro, 1943, 2ª edição, por 60$00. O seu autor - cónego Luís Gonçalves dos Santos, por alcunha o PADRE PERERECA - faleceu no dia primeiro de Dezembro de 1844, e tinha nascido em 25 de Abril de 1767."("Cinzas de Lisboa, Terceira série, LISBOA, 1640,pág. 147)

ARISTIDES DE SOUSA MENDES - A QUEDA DO MITO (I)

Em carta a Maria Barroso, presidente da "Fundação Aristides de Sousa Mendes"

Embaixador desmistifica "lenda" Sousa Mendes

"- Desapareceram misteriosamente dos arquivos do MNE várias peças dos processos que incriminavam Sousa Mendes

- Aristides de Sousa Mendes acumulou numerosos processos disciplinares desde o longínquo ano de 1917, na I República, até 1940.

- Sousa Mendes, como foi denunciado pelos serviços da Embaixada Britânia, cobrava dinheiro pela emissão de vistos e passaportes.

Livro infantil/juvenil que propaga o mito
Terceiro classificado por votação dos telespectadores no concurso promovido pela RTP "Os Grandes Portugueses", a figura de Aristides de Sousa Mendes, cônsul de Portugal em Bordéus no período da II Grande Guerra, continua envolta em muitos mistérios e alguma polémica.

Para uns, Sousa Mendes é recordado como "um homem bom e justo" que, em Junho de 1940, contrariando as ordens do Governo de Lisboa, emitiu vistos e passaportes e, nalguns casos, chegou mesmo a atribuir falsamente a identidade portuguesa a milhares de foragidos, sobretudo judeus, que pretendiam, a todo o custo, alcançar lugares tidos por seguros. Como Portugal, que Salazar conseguiu manter neutral no conflito.

Para outros, o cônsul está longe de justificar o papel de "herói" que muitos lhe atribuem e, aqui e ali, tentam repor a verdade àquilo a que chamam a "falsificação da História" e, através de factos, muitos deles documentados, desmistificam a "lenda" Sousa Mendes. Bastará uma pesquisa atenta no arquivo do MNE ao processo do antigo cônsul - apesar de muitas peças do seu "dossier" terem misteriosamente desaparecido, sem que até hoje ninguém tenha procurado investigar quem foi o autor (ou autores) do "desvio" - para que algumas "verdades" deixem de o ser.

Ao contrário do seu irmão gémeo César, que também fez carreira na diplomacia tendo alcançado o posto de Ministro Plenipotenciário de 2.ª classe, Aristides arrastou-se entre postos consulares de pequeno relevo, foi acumulando processos e mais processos disciplinares desde longínquo ano de 1917, na I República, até 1940, tendo acabado por passar à disponibilidade a aguardar aposentação, mas continuando a auferir a totalidade do vencimento correspondente à sua categoria (1.595$30). O que desde logo "mata" a tese dos que teimam em acusar Salazar de ter "perseguido" o cônsul e de o ter "obrigado" a "morrer na miséria". Pelo contrário,o então Presidente do Conselho Disciplinar do MNE que, na sequência de mais um processo disciplinar, propôs a pena de descida de categoria do cônsul, apenas determinou a sua inactividade por um ano, com vencimento da categoria reduzida a metade, mas recebendo a totalidade do salário correspondente ao exercício."

(Aqui a continuação)

22/04/12

EM 1500 FOI A DESCOBERTA DO BRASIL?


Hoje comemora-se o descobrimento do Brasil. Pois comemore-se, e da melhor forma possível: dizendo a verdade.

Resumidamente, descobrimento do "Brasil" foi reclamado com a chegada de Pedro Alvares Cabral, a 22 de Abril de 1500. Mas, na verdade, o território era já conhecido dos portugueses: tinha estado perdido, depois mal achado até que mais tarde foi efectuada a localização precisa a mando de D. João II. Só depois então foi feita a viagem de Cabral e feito o que chamamos de "descobrimento do Brasil".

Se Portugal tinha tinha anterior conhecimento daqueles territórios, porque motivo não o deu logo ao conhecimento público!? Pelo motivo das Bulas papais que protegiam os nossos territórios e mares na África terem sido desrespeitadas por Castela. Se os nossos descobrimentos tinham até então sido discretos, depois dos muitos problemas com os castelhanos (sobretudo o caso de Canárias), as nossas navegações passaram ao mais alto secretismo, ao ponto da criação de falsas pistas para desviarem toda a tentativa alheia.

Enquanto os Castelhanos andaram entretidos com a sua falsa Índia, os portugueses passaram finalmente sem serem seguidos à verdadeira Índia, e puderam chegar e operar tranquilamente no Brasil também. Enquanto isso, o mundo todo sabia já da notícia da descoberta da falsa Índia por Colon. A pirataria, concentrou as energias remando à "Índia" por Ocidente. Enquanto isso os portugueses puderam viajar e operar já sem os castelhanos à espreita e pirataria por perto.

Ou seja, as nossas descobertas tornaram-se "encobertas" até que houvessem garantias contra amigos do alheio.

Com muita certeza, acho que Portugal não levou a Fé àquelas terras da América do Sul! Portugal levou sim a civilização católica-lusa. Creio ainda que, tal como o testemunharam os jesuítas, o primeiro portador da Fé às américas foi o Apóstolo S. Tomé. Mas, como sem a civilização a Fé perde suporte, Deus preparou a gente lusa para a missão posterior.

Muitos admiram-se do ouvir que no tempo dos Apóstolos alguém pudesse conhecer territórios da América. Sem fazer grandes demonstrações de que sim, recorro ao argumento singelo: atrever-se-iam os mui cultos e inteligentes jesuítas em afirmar tal, caso nesse tempo se achasse nisso uma impossibilidade? Se eles que eram cultos e experimentados, se estavam ali naquele tempo, se conheciam melhor que nós a civilização do seu tempo, quem somos nós para dizer que estes jesuítas acreditaram e transmitiram uma impossibilidade ou uma fantasia, tanto mais a respeito da evangelização Apostólica?!

Sobre estes assuntos já se disse bastante no blogue, mas não tudo, e queira Deus que mais venha a ser escrito.

Hoje comemora-se a reclamação pública da descoberta do "Brasil" com a chegada de Cabral.

PEDRO A. CABRAL - MONUMENTOS E IMAGENS





Trasladação dos Restos mortais de D. Pedro Alvares Pereira para o Brasil
Catedral do Rio de Janeiro

20/04/12

O BRASÃO PELO QUAL SE PODE ORAR XCVII


VIANA DO CASTELO - PORTUGAL

STONE STRUCTURS VILLAGE (Monsanto, Portugal)

RECOMENDAÇÕES DE UM ESTRANGEIRO PARA VISITAR LISBOA HOJE

OS BONS COSTUMES - CONTRIBUTO PARA O SEU ESTUDO (V)

(continuação da IV parte)

"Catalogo e Historia dos Bispados do Porto"
D. Rodrigo da Cunha - Bispo do Porto
PORTO
1623

"(...) Não quererem que seus filhos tivessem dentro da sua cidade quem os ensinasse (...) com as letras [e] os bons costumes, só por não se fizeram Religiosos, era invejar-lhe o maior bem que lhe podiam ver, e deserdá-los do mais rico património que lhes poderiam deixar. E se por não admitirem na sua cidade os alheios, lhes não parecia inconveniente negarem aquele bem aos próprios, meios havia para que só os da cidade estudassem com os Padres e se fechasse esta porta aos de fora, ainda que não era de homens républicos(*), como eles se mostravam .. (pág. 310)

"(...)Pouco tempo veio António Borges de Morais, depois de ser casado com Francisca de Morais, porque no fim de quatro anos acabou a vida: e ficando viúva sua mulher, saiu da Vila Franca e se veio recolher na vila de Ansiães, onde criou a seu filho Gonçalo de Moraes, com outros dois que lhe ficaram, em bons e santos costumes, nos quais começou logo a resplandecer tanto o menino, que servia de exemplo aos Irmãos, e de admiração a todos os que o conheciam: era muito grande a sua devoção, e em particular a tinha à Virgem Nossa Senhora (a quem continuadamente se encomendava nunca faltando nessa obrigação até à morte), rezando sempre o ofício da Virgem nossa Senhora em pé com muito grande devoção (algumas vezes de joelhos)". (pág. 349)


"Tratado das Significaçoens das Plantas, Flores, e Fructos que se Referem na Sagrada Escriptura"
Pe. Fr. Isidoro de Barneira
(Religioso da Sagrada Ordem de Cristo)
LISBOA
1622

"Consideração Segunda - A Doutrina por ser de tanto proveito há-de aprender, para depois de apreciada, se dar aos outros. In hoc gaudeo aliquid docere [...] doceam, dizia Seneca. Por isso folgo de aprender alguma coisa, para que depois a ensine, nem haverá alguma por grande que seja, que só para mim queria saber. E se me dessem saber (eu mais que todos) com a condição de que não poderia comunicar aos outros o que soubesse, não o aceitaria: porque Nullius boni sine socio incunda possessio est, nem há bem que se pode possuir com alegria não havendo companhia na possessão dele. Recolhi-me muito tempo (diz ele noutro lugar), não saía fora de casa e nela me escondia, era porque pudesse aproveitar a muitos. Nenhum dia deixei passar ciosamente, a maior parte da noite estudava sobre os livros adormecia, e tornava logo a despertar sobre eles. Descuidei-me de todas as coisas, e principalmente das minhas, porque trato de aproveitar aos vindouros, para eles escreveu coisas que aprendam, conselhos pelos quais se governem, e amestrações que tenham diante dos olhos, e nisto não faço tão pouco, pois mostro a outros o caminho que tarde e com trabalho conheci. Em outro lugar diz que nem somente aproveitam à república(**) os que têm nela ofícios públicos com governo e administração dela, mas os que ensinam bons costumes aos mancebos e lhes dão bons preceitos: os que declararam que coisa seja justiça, piedade, sabedoria, fortaleza, desprezo das coisas, e sobre tudo Quam gratuitum bonum sit bona conscientia, que bem tão engraçado seja a boa consciência. Não vence soldo em milícia o que só peleja em arraial, mas também o que no muro vigia ou fica guardando as portas da cidade; uns e outros merecem igual prémio. Não aproveita só ao bem comum o que manda e governa com justiça e armas, mas também os que dão boa doutrina e conselhos a outros porque  nisso fazem negócio público. (pág. 78)

"(...) Teme rico que os merecimentos de teus antepassados não achem confusão em ti e tu os afrontes com tuas dissoluções, e se lhes diga, porque geraram tal filho, ignomínia de sua geração. E porque elegeram tal herdeiro que lhes herdou a fazenda, e não os bons costumes. Mala nobilitas este que se per se superbiam apud Deum reddit Ignobilem: diz Sto. Agostinho." (pág. 345)


"Repertorio das Ordenaçoes do Reyno de Portugal"
Manuel Mendez de Castro
LISBOA
1608

"[O] Regedor fará guardar os bons costumes na dita casa, e procurará a honra, e mercê aos desembargadores e outros oficiais e a fazer guardar seus privilégios. 37 & 38. (pág. 134b)


(*) "républicos" não significa "republicanos", significa homens de vida pública por ofício.
(**) A palavra "república" deve ser entendida no seu sentido civilizacional católico, que respeita a sua origem e etimologia (rés/coisa + publica/pública), e que é aquilo que o bem público e a sua gestão.
(continuação, VI parte)

OS BONS COSTUMES - CONTRIBUTO PARA O SEU ESTUDO (IV)

(continuação da III parte)

Acabámos de ver como esta matéria sempre foram próprias da civilização católica, um fruto da Santa Religião, uma mostra de como Cristo Reinava na Sociedade e operava por ela até nos modos, e como o Rei e o Estado tinham por obrigação zelar pelos bons costumes. Evidentemente que, depois da Cristandade se retirar o conceito "bons costumes" manteve-se mais pela forma da palavra e bem menos pelo conteúdo dela. E é este um dos efeitos do modernismo, o de conservar as formas mas revolucionando-lhe o conceito.

Nada melhor que dar voz a quem pode testemunhar desde aqueles tempos:


Chronica dos Erémitas da Serra de Ossa...
Tomo II
Fr. Henrique de Sto. António
(Lente Jubilado na Sagrada Teologia, Qualificador do S. Ofício, Examinador das Ordens Militares, Sinodal do Patriarcado, Consultor da Bula da S. Cruzada, Cronista, (...) Geral da Ordem de S. Paulo primeiro Eremita, ..)
LISBOA
1752

"Vencidas pois com pressa, mas sem precipitação, as lendárias, e deicidas do Alpes, e passado o Ducado de Saboya, entrou Victoriano movido de impulso superior pela França, cujos moradores novamente o incitaram para o mais perfeito estudo das virtudes, por meio da pregação Apostólica de uns, das práticas espirituais de outros, e do singular exemplo, que em todo o género de bons costumes dava por estes séculos aos seus hospedes, e peregrinos aquela florentíssima Nação. (...), desassombrado dos combates e perigos em que na sua pátria se via, qual era o amor excessivo de seus pais, a estima dos criados, e a veneração dos Cidadãos, porque tudo isto eram cadeias que o poderiam suspender na estrada das virtudes, ou prender no caminho dos vícios: e sem embargo de lhe ser tão agradável como já acima dissemos, aquele Reino, não deixou de encontrar alguns filhos seus diferentes dos bons costumes dos mais, e por isso dignos de empregar nele os bons ofício da sua caridade." (pág. 251)

"... e para que esta sorte notória a todos (...), e estando numa praça pública, pegou no seu bordão e ordenando da parte do Senhor que dele nascesse uma árvore florida para demonstração da inocente vida e integridade dos bons costumes que resplandeciam na santa Princesa." (pag. 419)

"... Apenas nele se acenderam as primeiras luzes da razão, começou a parecer nos costumes Varão, sendo na idade menino, porque era obediente aos preceitos dos pais, inclinado às virtudes, inimigo dos vícios, e ainda de qualquer lícito divertimento pueril de sorte, que na flor dos anos era já assombro para os bons, e confusão para os maus. Foi seu Mestre um Varão dotado de muitas letras, e virtudes." (pág. 486)

"22. Neste sobredito ano de 715 do Senhor, o mais infausto para Hespanha [entenda-se "Península Ibérica"], sucedeu o muito feliz transito de um seu glorioso aluno. Chamava-se este Fruto, e foi verdadeiramente da bênção divina, e ainda mais o veio a ser das enchentes copiosas da graça, que das limitadas produções da natureza. Era a sua pátria a Cidade de Segóvia, onde na flor dos seus anos respirava, como a rosa, fragrâncias dos bons costumes entre os espinhos dos vícios; e como luz despedia maior resplendor das virtudes entre as trevas das maiores abominações quem que por este tão calamitoso século estava submergida aquela ilustre, e Católica povoação, e todas as mais da Hepanha [não confundir com "Espanha"]. (pág. 720)


"Jornada de África"
Jerónimo Mendoça
(Com licença da Santa Inquisição)
LISBOA
1607

"(...) E no que diz Jerónimo Franqui sobre Deus castigar este Reino, e este Rei [D. Sebastião] pelas muitas delícias e soberba em que os Portugueses então viviam, certo que me parece que com bem de arrogância, ou por melhor dizer blasfémia quis ele julgar dos juízos divinos, como se fossem coisas de que homens pudessem dar testemunho (qual soberbo Elifas Themanites nas misérias de Job) e mais quando neste tempo viviam as gentes em Portugal com tanta moderação assim nos gastos como nos costumes que as senhoras muito principais, e a mesma Rainha andavam em andilhas e os senhores e príncipes nem usavam coches com [sem os quais] que hoje não podemos passar as ruas, nem havia telas, nem brocados, nem outras invenções para as mulheres, que tudo alagaram depois como dilúvio na geral perdição." (pág. 7)


"Sermões do P. António Vieira, da Companhia de Jesu, Prégador de Sua Alteza"
I Parte
LISBOA
1679

"(...) Do Patriarca Pai de tantos Patriarcas S. Bento, estando o Monte Casino por todo o mundo, tomou S. Inácio as escolas e a criação dos moços. Para quê? Para que na prensa das letras se lhes imprimam os bons costumes, e estudando as humanas aprendam a ser homens. O Senhor Arcebispo último de Lisboa, tão grande Português como Prelado, e tão grande Prelado como doutor, dizia que todos os homens grandes, que teve Portugal no século passado, saíram do Pátio de S. Antão..." (pág. 428)

(continuação, V parte)

18/04/12

SIM SIM, PAGA PAGA

CARTA DE D. FELLAY AO CARDEAL HOYOS (15 de Dezembro de 2008)



FRATERNITÉ SACERDOTALE
SAINT PIE X


+ Menzingen, 15 de Dezembro de 2008

S. Ex. Mons. Bernard Fellay
Superior Geral
A Sua Eminência Reverendíssima
Card. Dário Castrillón Hoyos


Eminência Reverendíssima.

(...)

Desde o mês de Junho, no qual confesso ter ficado surpreendido pela sua intimação, resolvi então dar algum tempo à reflexão para não permanecer numa via que parecia sem saída. Como lhe contava então durante a reunião de 4 de Junho, parece que o status quaestionis não está bem colocado. Queria aproveitar esta carta para precisar a nossa posição e assim evitar mal-entendidos ou ambiguidades que poderiam prejudicar a boa relação que temos tido até agora.

Por isso, creio necessário sublinhar um ponto importante que poderia ajudar-nos a resolver em parte tais mal-entendidos: trata-se do tema da confiança. Desde o ano 2000, tinha-lhe indicado que um dos obstáculos, naturalmente não algo fundamental, mas contudo, muito importante para poder avançar, era o problema da confiança.

Para restabelecer a confiança depois de tantas humilhações e anatemas como sofremos a vários níveis por parte das autoridades eclesiásticas, pedimos dois sinais tangíveis: a liberdade da missa para todos os sacerdotes e que fosse retirado o decreto da excomunhão. Prometíamos então aplicar todas as nossas forças para estabelecer discussões doutrinais, esperando melhorar assim as nossas relações com a Santa Sé e chegar finalmente o desenlace favorável nossa questão.

Comoveu-nos muito o gesto do Santo Padre que, mediante o seu Motu Proprio, quis ele responder claramente ao primeiro [pedido] que esperávamos, e queremos reiterar o nosso agradecimento por esse acto generoso, do qual esperamos frutos ainda maiores, incluso se o entusiasmo escasso com que o receberam os Bispos nos impede entender todo o alcance do gesto do Santo Padre.

Continuamos também aferrados à vontade de permanecer católicos e de colocar todas as nossas forças ao serviço da igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é a Igreja Católica Romana. Aceitamos filialmente o seu ensinamento. Cremos firmemente no Primado de Pedro e nas suas prerrogativas, e este é o motivo pelo qual a situação actual nos faz sofrer tanto. Estamos dispostos a escrever com o nosso sangue o Credo e a assinar o juramento anti-modernista e a profissão de Fé de Pio IV, e aceitamos e fazemos nossos todos os concílio até ao Vaticano I. Mas sobre o Concílio Vaticano II não podemos senão emitir reservas, pois este Concílio quis ser "diferente dos restantes" (cf. discurso dos Papas João XXIII e Paulo VI). Quis ser pastora e não quis definir nada, senão ser muito mais modesto. Então porque é que equiparado a todos os outros? Não rejeitamos o Concílio em bloco. Aceitamos dele o que repete constantemente o Magistério da Igreja, mas rejeitamos-lhe as novidades - e principalmente certo espírito - contrários ao Magistério da igreja. Nos acusarão que tal coisa seria estarmos a colocar-nos mais alto que o próprio Papa, mas não tal é verdade, pois com ele seguimos o que disse o Concílio Vaticano I sobre a fundação do Papa. Enquanto ao que opomos ao Concílio Vaticano II, não se trata de uma doutrina própria da Fraternidade S. Pio X, mas sim dos próprios textos do Magistério da Igreja de sempre. Se isto é então inaceitável, que nos mostrem onde não estaríamos a ser fiéis na Fé católica, e onde estão então os nossos erros e as heresias professadas.

Saiba, Eminência, que encontrar-se em tal situação é motivo de grandes sofrimentos. A origem da crise não somos nós, nem tampouco os nós a provocámos. Os nossos sacerdotes trabalham pelo mundo unicamente para a salvação das almas e pelo bem da Igreja católica, e muitas vezes em circunstâncias difíceis. Contudo, os frutos do seu apostolado pode ser visto em todas as partes: conversões sérias, vocações, famílias numerosas, etc.

Outros muitos sacerdotes e jovens estariam dispostos a seguir este caminho, pois encontram neste apostolado um grande consolo e, sobre tudo, a realização de uma verdadeira vida sacerdotal. Ademais, seria de grande benefício para as almas e para a Igreja. A actual situação dificilmente lhes permite realizar o seu apostolado nas suas linha mais tradicional, pois imediatamente o próprio superior lhes coloca entraves, e as consequências acabam por ser dramáticas para a vida sacerdotal, e o futuro da vocação.

Eminência, não queremos ser pessimistas, pois temos a esperança, mas há que ser realistas e tal supõe que ainda não vimos todas as consequências da crise posterior ao Concílio [Vaticano II]. Dentro de poucos anos, a situação será ainda mais dramática, A falta de sacerdotes - coisa que vossa Eminência não ignora -, levará regiões inteiras à descristianização. Também por esse motivo queremos prosseguir pelo caminho começado com [vossa Eminência] no ano de 2000.

Dizia-mos-lhe antes que temos um problema de confiança e que para superá-lo, pedíamos dois gestos, dos quais um já foi concedido.

Mediante esta carta voltamos a pedir formalmente e em nome dos outros três Bispos consagrados para o serviço à Fraternidade S. Pio X, o segundo gesto, ou seja, que seja retirado o decreto de excomunhão.

As circunstâncias particulares complexas que circundaram as consagrações episcopais de 1988 podem fazer interpretar tal acto num sentido contrário àquele pelo qual elas foram levadas a cabo. Nunca se tratou de estabelecer uma hierarquia, senão simplesmente de uma "operação de sobrevivência", segundo os termos do consgrante principal, Mons. Marcel Lefebvre. Isso explica o motivo, apesar das aparências contrárias, as consagrações não constituem um acto de rebelião contra o Sumo Pontífice ou contra a Santa Sé.

Estamos intimamente persuadidos de que esta segunda acção romana contribuiria muito para melhorar tanto o clima geral da Santa Igreja como o clima de confiança necessário para seguir em frente, pois, como lhe expomos na nota anexa, apesar do gesto do Santo Padre realizado explicitamente para neutralizar o perigo da separação e divisão na Igreja, alguns acontecimentos presentes que nos concernem (...) agitam com força essa atmosfera de confiança.

Temos a impressão de que tal desconfiança é mutua. por exemplo, quando se espera que temos a intenção de pressionar a Roma com a nossa cruzada do Rosário, sendo que, pelo contrário, dá-nos a ocasião de colocar aos nosso fiéis a preocupação de toda a igreja e mostrar a todos tanto a nossa adesão a Roma como ao Vigário de Cristo, na pessoa do papa Bento XVI.

De nossa parte, queremos intensificar os contactos com Roma para evitar na medida do possível os mal-entendidos. Para facilitar os contactos, pensamos também estabelecer, quando possível, um lugar de alojamento na Cidade Santa.

Já próximos da festa de Natal, creia, Eminência Reverendíssima, que é do nosso mais querido desejo ver a nossa Santa igreja "formosa, sem ruga nem mancha" segundo a vontade do divino Esposo, que vem ao mundo propter nos homines et propter nostram salutem. O nosso desejo mais querido e o motivo pelo qual entregámos a nossa vida, é que a Santa Igreja, nossa Mãe, cumpra sempre com más eficácia, segundo o plano divino, a sua missão salvadora.

Com os nossos melhores desejos para uma Santa Festa de Natal.

+ Bernard Fellay


(Documento anexo: Nota sobre alguns pontos sensíveis que prejudicam as boas relações entre a Santa Sé e a Fraternidade S. Pio X.)

17/04/12

ILUSÃO QUE OS ADICTOS QUERIAM MANTER...

QUEM SABE ?


Alguém sabe dizer porque motivo o escudo de Portugal está nos tectos da Catedral de Canterbury e ao centro?

16/04/12

“AMIGOS” DOS ANIMAIS RECUSAM 500KG DE RAÇÃO DOADA PELA PRÓTOIRO


"Enquanto em Lisboa se gastavam milhares de euros a marchar e a gritar pelos “Direitos dos Animais”, a União Zooófila recusava uma doação de 500kg de ração por ser proveniente de aficionados [amigos da tauromaquia].

Já se sabia que a causa Animal em Portugal era um negócio mas, ontem, Sábado dia 14 de Abril de 2012, essa realidade ficou ainda mais patente.

Com efeito, a PRÓTOIRO quis demonstrar que a defesa dos animais se deve é fazer no dia-a-dia, gastando os recursos naquilo que é realmente [nisto é] importante: os animais. Para isso, deslocou-se à União Zoófila para doar 500kg de ração. Esta instituição foi escolhida por ter feito um apelo massivo às contribuições, alegando que os milhares de animais que estão a seu cargo corriam o risco de ficarem sem alimento. Eis o relato do sucedido:

Por começar às 17 horas a Marcha pelos Animais, no site da União Zoófila dizia-se que não se aceitariam donativos após essa hora… Os voluntários da União Zoófila tinham de ir à Marcha. Ora, uma vez que a PRÓTOIRO não conseguiria descarregar os 500kg de ração na União antes das 17h, e uma vez que esta Instituição não tem contacto telefónico, pediu a um amigo para aí se deslocar e avisar que alguém queria efectuar um donativo de ração, mas que só podia depois das 17h e se, portanto, seria possível atrasar o fecho das instalações por meia hora. Evidentemente que, nesta ocasião, não foi dito que a doação provinha da PRÓTOIRO.

Ainda assim, foi respondido que não poderia ser. Que tinham de ir para a Marcha… Aí o nosso amigo insistiu tendo perguntado se era mais importante receber 500kg de ração ou chegar a horas à Marcha… Convencidos, alguns dos voluntários aguardaram.

Quando a PRÓTOIRO, representada por dois membros, chegou às instalações da União Zoófila e se identificou, os responsáveis da União desde logo disseram que não aceitariam a ração. Não aceitariam porque, primeiro, não gostavam de touradas e porque, segundo, esta era uma manobra de propaganda. Acrescentaram que se a doação proviesse de fonte anónima, a teriam aceite.

Os representantes da PRÓTOIRO ficaram perplexos. Na verdade, não estavam em causa 5kg, mas sim 500kg (meia tonelada!), que dariam para alimentar os animais acolhidos pela União Zoófila por 15 dias!! Ainda tentaram explicar às representantes da União Zoófila que o facto de aceitarem a ração não era sinónimo de serem a favor das touradas. Tentaram explicar que não é só a ração vinda de pessoas anti-touradas que mata a fome dos animais. Tentaram explicar que o importante eram os animais e que, para esses, era indiferente se a comida era dada por taurinos, anti-taurinos, carnívoros ou vegetarianos… Mas as responsáveis da União Zoófila foram irredutíveis.

Que lição devemos retirar deste dia?

Na verdade, é cada vez mais evidente que a causa animal em Portugal é um negócio, alimentado por pessoas bem intencionadas mas que não sabem que estão a ser enganadas.

Na verdade, para estas grandes instituições de defesa dos animais, os animais não interessam nada. Interessa muito mais a ideologia daqueles que as dirigem e que delas vivem.


Na verdade, é muito mais importante gastar milhares de euros em cartazes, em publicidade, em autocarros ou em velinhas do que em ração para animais. Porque isso é que permite aos dirigentes dessas instituições aparecem na televisão, quais pop-stars, e trabalharem o culto da sua própria personalidade, que tanto apreciam.

Ao final do dia, nada mudou para os animais. Mas esses dirigentes apareceram na TV e as instituições que dirigem apareceram na TV e, como apareceram na TV, pode ser que mais uns donativos entrem na conta.

E, quanto à PRÓTOIRO, felizmente encontrou verdadeiros amigos dos animais. Dirigiu-se a uma associação, pequena, que não só não tinha fechado por causa da Marcha, como ainda estava aberta às 21h de um Sábado e com 5 voluntários ainda a prestar cuidados aos animais. Obviamente que a PRÓTOIRO se identificou, mas a responsável pela associação, com grande simpatia e frontalidade disse que, apesar de ser totalmente contra as touradas, a sua sensibilidade não ia impedir os animais de comer.

Em conclusão: as associações de defesa dos animais que aparecem na TV são um negócio que alimenta os seus dirigentes. Os verdadeiros amigos dos animais, entre os quais se contam os milhões de aficionados, preferem ajudar no dia-a-dia do que trabalhar para os holofotes e para encher a carteira à custa da boa vontade de muitos.

E são esses muitos que devem pensar que, se realmente querem ajudar os animais, se calhar é hora de ponderar a instituição através da qual o vão fazer. Porque a mesma que implora e mendiga por dinheiro para ajudar os animais é a mesma que recusa meia tonelada de alimentação para lhes dar."

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