Como já vem sendo costume, apresento mais um livro a postar por partes (apenas algumas). Seu autor é o Rev. Pe. Jesus Mestre Roc (da F.S.S.P.X.) e intitula-se "Laudate Dominum - Saltério Romano" (Latim-Espanhol). Segue a versão textual da Vulgata e é conforme o Breviário (1962). Foi publicado recentemente (2009) e eu atrevi-me a traduzir ao português-internacional:
Introdução
A nossa intenção é que estas páginas possam contribuir para um melhor conhecimento do Saltério. Este livro Sagrado, infelizmente, costuma ser hoje bastante desconhecido pelos fiéis. Não obstante, durante toda a Tradição da Igreja, foi um livro muito amado pelos Santos, que nele encontraram suas delícias. Dizia S. Atanásio: “O livro dos Salmos, é como um jardim que contem o fruto dos restantes Livros Sagrados”(1). E S. Agostinho explicava que constitui uma oração divina, tão divina como o Pai-nosso: “Para que Deus fosse bem louvado pelo homem, Deus louvou a Si mesmo [inspirando os Salmos]; e tendo-Se dignado louvar-Se, agora o homem encontra como louva-Lo”(2).
Os Salmos são cânticos e orações inspiradas por Deus, há aproximadamente 3000 anos ao santo Profeta David, para ser rezados e cantados entre o Tabernáculo do Templo do Antigo Testamento. Contudo, a Igreja, conforme o convite do Apóstolos, os mantem plenamente seus. É Deus que inspirou a David é o mesmo que encarnou para vir redimir-nos.
O Saltério, livro de Cristo:
Nosso Senhor, pois, divino autor dos Salmos, conhecia com sua ciência eterna tal Livro. E mais, comprazeu-Se em reza-lo durante sua vida morta, como revelou a Santa Brígida. Nele quis fixar uma espécie de resumo de toda a sua futura missão.
Na sua eterna presença, Nosso Senhor abarca todos os séculos, e com sua sabedoria infinita dispõe as coisas com medida e equilíbrio perfeitos. Desse modo quis que os sucessos principais que assinalaram a história do Antigo Testamento e os sacrifícios com que estabeleceu a antiga religião fossem figuras, ainda que imperfeitas, e símbolos ténues das grandiosas realidades que deveriam ocorrer quando Ele aparecesse na Terra. O Salvador recordou aos seus discípulos que os Salmos, como profecias, continham muitos oráculos referentes à sua missão e que todos iriam realizar-se (3): “Tudo o que está escrito sobre Mim… nos Salmos”(4). E S. Paulo adverte-nos: “Todas estas coisas lhes apareciam figurativamente”(5)… “sombra das coisas que haviam de vir”(6).
A Tradição recolheu preciosos testemunhos sobre isto em particular. Assim, S. Agostinho dizia que as Sagradas Escrituras cão simplesmente água enquanto Cristo no-las mude em vinho delicioso embebendo-as com sua realidade, de modo que ao explicar as profecias e os Salmos renovou, por assim dizer, o milagre das bodas de Caná.
S. Hilário de Poitiers explica de modo semelhante: “Não se pode discutir as coisas ditas nos Salmos, há que entende-los segundo o Evangelho, de modo a que… há que referenciar tudo ao conhecimento da chegada de Nosso Senhor Jesus Cristo, e à glória e virtude de sua encarnação, sua paixão, seu reino e sua ressurreição… Todas estas coisas estão veladas sob alegorias e figuras… Os que negam a Cristo… estão a tirar a chave da ciência [que os Evangelhos contêm]”(7).
A Igreja reconheceu sempre nos Salmos um anúncio antecipado de Cristo. Com os tempos messiânicos, os Salmos começaram a revestir seu pleno e eterno significado, debaixo das sombras do mistério mais ou menos enigmático da figura e da profecia para entrar na viva luz da verdade. S- Pio X proclamava com emoção que é impossível não ficar “inflamado de amor perante o pensamento que, sob a letra dos Salmos, se deixa adivinhar a própria imagem de Cristo, habilmente esboçada”(8).
(1) Carta a Marcelino.
(2) Narrações, Sal. 137,3.
(3) Luc. 24.
(4) Mat. 24,44.
(5) Col. 2,17.
(6) Heb. 9,2.
(7) S. Hilário, Instructio psalmorum, 5.
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