05/05/24

RESGATE DOS ESCRAVOS - ANÁLISE I

ANALYSE
SOBRE A JUSTIÇA DO COMMERCIO
DO
RESGATE DOS ESCRAVOS
DA
COSTA DA ÁFRICA,

NOVAMENTE REVISTA, E ACRESCENTADA
POR SEU AUTHOR


D. JOSÉ JOAQUIM DA CUNHA
DE AZEREDO COUTINHO


BISPO DE ELVAS, EM OUTRO TEMPO BISPO DE PERNAMBUCO, ELEITO DE MIRANDA, E BRAGANÇA, DO CONSELHO DE SUA MAGESTADE.

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LISBOA
ANNO M.DCCC.VIII

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NA NOVA OFFICINA DE JOÃO RODRIGUES NEVES
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Por Ordem Superior

 


 

DEDICATÓRIA


A Vós, Felizes Brasileiros, meus Amigos, meus bons Concidadãos, e Patrícios; a Vós Honra da Pátria, Inimigos da baixa lisonja, e de vil intriga; a Vós Talentos de fogo, cujas cabeças o Sol coroa dos seus raios; a Vós, que um dia fareis brilhar as vossas luzes, sem que os vossos Campos sejam abrasados; a Vós todos dedico esta obra filha do meu trabalho, que só teve em vista o vosso bem; obra por cuja causa eu tenho sido insultado (* - Vid. a Nota da Prefação da Refutação do Doutor Dionísio Miguel Leitão), e perseguido pelos ocultos Inimigos da nossa Pátria, e pelos desumanos, e cruéis Agentes, ou Secretários dos bárbaros Brissot, e Robspierre, destes Monstros com figura humana, que estabeleceram em regra "pereçam antes as Colónias, do que um só princípio" (** - Vid. Memoire, et accusation contre M. Brissot de Warville Consors Fauteurs, et Adherens par M. Dubu de Longchamp, et les Trois Ages de Colon. par M. de Pradt tom. II. chap. 10); princípio destruidor da Ordem Social, e cujo ensaio foi o transtorno geral da sua Pátria, e a rica, e florescente Ilha de S. Domingos abrasada em chamas, nadando em sangue.

O objecto principal desta Análise é desmascarar os insidiosos princípios da Seita Filosófica; é apartar do vosso paraíso o pomo da infernal Serpente, soberba, e orgulhosa; é persuadir-vos a obediência das Leis, e ao Vosso Soberano pela necessidade da vossa mesma existência; é persuadir aos Senhores a tratar bem os seus escravos pelo seu mesmo interesse; é lembrar aos Pais de Famílias, e aos Chefes de qualquer Corporação, ou Sociedade a obrigação de premiar os Bons, e castigar os Maus, e a necessidade absoluta de guardar, e fazer justiça a cada um do Todo, de que Eles são Partes; justiça sempre conforme o maior bem, ou menor mal no estado das coisas; justiça sem a qual Eles mesmo não poderão existir. Se eu isto conseguir, eu morrerei contente no meio dos meus trabalhos; e de Vós só espero um saudoso "requiescat in pace".

O vosso maior Amigo, e Patrício

D. José Bispo de Elvas

( Continuação, II parte)

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