Faz mais de um ano, têm-nos chegado ao conhecimento inúmeros erros de gravidade vária e difundidos pelo grupo "Ação Orleanista" formado no Brasil.
Seria fastidioso enumerar tudo, erros que pela qualidade contrastam com algo a que se quisesse dar o distintivo de "tradicionalista", "católico" e "monárquico", como pretende. Desde o pressuposto modernista à desonestidade intelectual verificada, notámos também o demasiado interesse corporativo/político colocado sobre todos os intentos; ambição que também em Portugal lamentavelmente outros tentaram e já reprimimos.
À imagem de outros grupos modernistas-conservadores, que dependem do epíteto de "tradicionalista" para garante de certa fatia de "mercado" político, o grupo "Ação Orleanista" na pratica também recusa a tradição Lusa, mas baseia-se nas produções literárias da hispanidad militante, de certa forma acompanha a marcha da associação cultural "Causa Tradicionalista" (da qual já aqui tínhamos feito aviso).
Cabe ainda alertar para algo que sempre temos por cá testemunhado durante mais de uma década: o panorama tradicionalista está cada vez mais reduzido e delimitado por um crescente falso tradicionalismo bastante activista, que não é mais que corrupção dentro de portas. Aumentou a quantidade por venda da qualidade. Por todo o lado crescem estes grupos que desgastam o que custou tanto proteger aos tradicionalistas.
Cabe-nos avisar claramente:
- tal grupo não é nem sequer saberia ser anti-liberal, anti-maçónico ou anti-modernista, por mais água-benta que deite sobre si mesmo.
- dá credibilidade a fontes maçónicas e descarta as fontes contrárias insuspeitas.
- o grupo silencia indicações e correcções, em vez de considerá-las seriamente, ou corrigir-se, ou refutar.
- poderia ser captada
boa gente para o verdadeiro tradicionalismo, mas então são captados ou ficam nos erros deste grupo. Para essas pessoas a nossa especial simpatia e desejo
de melhor porto.
Muito pode ser dito, mas por agora é tudo.
Do responsável do blog ASCENDENS
Pedro Oliveira
12 comentários:
De ano para ano, vemos crescer o mal e o erro, travestido de bem e de verdade. É diabólico!
Essa associação já fez várias publicações onde injuria Portugal. Os erros são tantos que listá-los todos seria extensíssimo. Mas dou três exemplos:
1. Fizeram um texto asqueroso sobre a suposta «História da Maçonaria em Portugal» onde só usaram exclusivamente fontes maçónicas, republicanas e anticlericais, além de autores relativamente recentes. Nem uma única palavra de testemunhos da época católicos, tradicionalistas, anti-liberais e contra-revolucionários. Portanto, é uma história da maçonaria segundo a própria maçonaria.
2. A propósito da independência brasileira de 7 de Setembro, tiveram a desonestidade de dizer que a independência brasileira se fez contra a maçonaria e contra o liberalismo. Passo a citar: «A maçonaria teve sim papel na independência, mas como uma agressora do Brasil através de sua agenda liberal». Como se a doutrina do independentismo não fosse ela mesma liberalismo, como se as figuras maiores da independência brasileira não fossem todas elas liberais e maçónicas, e como se o primeiro acto de D. Pedro enquanto imperador não fosse a reabertura das lojas maçónicas que D. João VI tinha fechado.
3. Defendem uma monarquia liberal à qual chamam de «monarquia tradicional» e que opõem ao "absolutismo". Segundo a associação, «ela vigorou em Portugal desde sua concepção até ser substituída pelo absolutismo pombalista». Defendem uma «monarquia de regime misto, contrapõe o autoritarismo absolutista e o republicanismo parlamentar, o poder do Rei é limitado pelas Assembleias». Que tradicional! E a estas inovações monárquicas ainda dizem eles que é doutrina tomista.
Caro Reaccionário,
é como diz.
1. R: Só o facto de considerarem que os feitos maçónicos em Portugal são LEGÍTIMOS REPRESENTANTES do REINO DE PORTUGAL, e não ilegítimos contra o Reino de Portugal, coloca-os ao lado de quem também os queria legitimar, a saber: a MAÇONARIA e o LIBERALISMO. A "revolução do Porto", ou seja, aquela ilegítima e ofensiva contra Portugal, condenada pelo REI e condenada pelos tradicionais autores da época, é por eles vista como LEGÍTIMA. Ora, D. Pedro também tomou aquela revolução anti-portuguesa como LEGÌTIMA, porque os amigos que tinha a seu lado eram igualmente liberais e maçons. É claríssimo. Agora a cambada de tolos Orleanistas tomam o mesmo partido liberal-maçónico dizendo-se contra o liberalismo e a maçoaria. BURROS, porque já lhes foi explicado; BURROS DE MÁ FÉ porque depois da explicação NUNCA houve REFUTAÇÃO. Por isso, repetem a VONTADE e ERRO da mesma revolução do (NO) Porto e continuam a defender o engano de D. Pedro; sendo assim, são contra Portugal na sua legitimidade e tradição, contra D. Miguel seu legítimo Rei.
2. R: Mas não passaram da puberdade!!!? Essa gente Orleanista dá como ARGUMENTO que D. Pedro era contra a maçonaria porque EM CERTO MOMENTO dificultou a existência das lojas maçónicas! Arreee... é provado que D. Pedro entrou PRIMEIRO na maçonaria que o ajudou e que DEPOIS teve dificuldades ao ver que ela não o deixava operar como ele achava que tinha direito no Brasil! Daqui ele ter preferido manter e guardar o seu poder a ficar sem ele. É tão simples e já era sabido, mas os Orleanistas fingem que não sabem, porque como que ignorando não parece necessário terem de apresentar provas das tolices que divulgam.
3. R: Bem dito! Estão a tentar legitimar o que teve raiz liberal/maçónica. Tudo isso estava já refutado por autores do séc. XIX que registaram A DISPUTA e nos deram vários documentos do assunto. Agora os Orleanistas fazem tábua rasa de tudo, não refutam e repetem o que a ala liberal fez depois de perder a disputa intelectual: avançar com o erro. Quanto ao erro a respeito do conceito que usam de "absolutismo" é igualmente o LIBERA, o qual foi lamentavelmente repetido pela linha da militância hispanhola, hoje igualmente repetido pela associação Causa Tradicionalista, igualmente repetido pelo gão-mestre Eduardo Almeida! Quanto aos autores tradicionais lusos.... NADA.... ficam-se apenas pelo cocho Sardinha, o qual foi criado pela ala espanhola de então e que de tradicional luso não tinha nada quando chegou a Castela.
Até mais.
Pedro Oliveira (irritado)
Senhor Pedro Oliveira.
Concordo com a maior parte da crítica nos comentários que o mesmo Pedro Oliveira fez, juntamente com o tal Reaccionário.
A verdade é que o tal grupo conhecido como "Ação Orleanista" é composto por "recém-púberes" para uma finalidade estritamente nacionalista monárquica. Suas sanhas anti-portuguesas deixam isso bem claro. Tomar a Revolucão do Porto para acusar Portugal como país legitimamente maçônico é de grande desonestidade do sr Renan Carneiro e do sr Kauê Fagundes, os dois charlatões que comandam essa canalha de moleques/gajos.
Estabelecido este consenso, cabe agora apresentar-te o contraditório.
A Revolucão do Porto eclodiu e as Cortes Liberais ilegítimas foram convocadas. Dom João VI, antes de obedecer as cortes ilegítimas, deixou Pedro (infelizmente, era preferível que deixasse Miguel) como Príncipe Regente. Toda e qualquer ordem de Portugal sob o domínio das cortes liberais era ilegítima. Visto que Dom João levou o grosso do tesouro português de volta para Portugal, e sem chance alguma do Brasil, após isso, retormar a ordem em Portugal por meio das canhoneiras e dos fuzis; e repousando no Brasil, não no Portugal Revolucionário, o legado e a continuidade institucional do Reino Unido de Portugal, Brazil e Algarves, como poderia as opções não apontarem a independência do Brasil?
Até porque aqui no Brasil, essa história é contada como se tivéssemos entregado o legado do Império Português, junto com os territórios, para este novo Portugal Revolucionário, como condição para Portugal deixar-nos em paz.
Em conversa com outros portugueses, eles contam que a Revolução do Porto estava mais para um movimento secessionista contra a integridade do Reino Unido de Portugal, Brazil e Algarves, do que para uma reafirmação de poder da Antiga Metrópole.
Aqui se revela um problema de legitimidade e continuidade: Quem estava com a primazia no contexto?
O Portugal Revolucionário, que se revoltou contra a Coroa Unida; ou o Brasil, que optou pela independência tanto por aversão a Revolucão do Porto, quanto por oportunismo maçônico do sudeste?
Ps: Lembrando que a província onde nasci era leal a Lisboa, pois era um Estado diferido do Estado do Brasil, o Estado do Maranhão e Grão-Pará, que se juntou a independência por causa de um blefe.
Me parece que a questão das acusações da Ação Orleanista - sobre a independência do Brasil e maçons em Portugal -, é que há nesse tema uma meia-verdade.
Pela Carta de 22 de setembro de 1822 (de Dom Pedro a Dom João VI) se denota que Dom Pedro I acreditava mesmo que liderava um contrarrevolução e que queria se opôr aos carbonários que reduziram o status político de Dom João VI. Insinua até que Dom João VI estaria melhor no Brasil, sendo honrado devidamente como rei absoluto que escravo das Côrtes liberais em Portugal que o fizeram jurar uma Constituição.
Há até outra carta (9 de janeiro de 1822) em que ele sugere a formação de um Império em que ele seria Rei do Brasil e vassalo do Imperador de Portugal, pedindo até a vinda de Dom Miguel ao Brasil para o ajudar a governar e ser seu sucessor como Rei do Brasil.
https://digital.bbm.usp.br/.../1/45000008316_Output.o.pdf
Agora, como eu disse, é uma meia-verdade, porque ele admitiu princípios liberais e transigiu com os revolucionários na ânsia de conservar a coroa e a dinastia, e uniu-se à uma facção gibelina da maçonaria - contra a facção carbonária e jacobina - na ilusão de poder controlá-la... No fim terminou usado por ela. O que mostra que nenhuma concessão à liberais é útil.
Ass. Luiz Mergulhão
Ao anónimo do dia 13, obrigado por comentar.
Toda a historiografia fora da visão Ontológica é necessariamente um erro perigoso, podemos dizer: erro liberal e pré-modernista; porque separa a ESSÊNCIA das suas manifestações e representações exteriores. Isso seria TALVEZ possível em casos de novos "países", mas nunca em Reinos Católicos "primitivos" (Portugal ocupa o 5º lugar na ordem de assento). Até hoje existe um único Portugal OCUPADO/AFRONTADO por uma república; a qual, por isso mesmo, não pode representar verdadeiramente coisa alguma em Portugal e de Portugal. Em suma, concordará, não existe Portugal Revolucionário, mas sim um anti-Portugal, à falta de melhor designação.
Posto isto, vou usar a designação para ajudar a reflexão; vamos sempre ter em conta a justa utilização das designações, elas que encerram por vezes o problema armadilhado.
Na minha opinião, a "revolução do Porto" (revolução no Porto) não interessa considerar fora da "história dos enganos". Sabemos que o plano da maçonaria era quase sempre a fragmentação do poder unificado (que eles designaram por "absoluto", como uma forma de caricaturar negativamente o certo e legítimo). Tudo foi uma marcha para a destruição da integridade do mundo, tal como sabemos. Entre isto, milhares de intenções e meias histórias existiram com boa ou má intenção dos protagonistas enrolados nelas.
Quanto às inteligências escorregadias de D. João VI, é difícil conceber com a desejada clareza o que seria realmente o "reino unido de Portugal, Brasil e Algarves". Contudo, atendendo a que D. João VI conservou bastante do pensamento tradicional nessas considerações, creio tratar-se talvez de REINO como domínio/acção própria de Rei e não TERRITÓRIO. Não se diz "reinos unidos" mas sim "reino unido de", o mesmo noutros casos estrangeiros. Na mentalidade pós antigo regime ficaria mais perceptível dizermos "reinado", embora não seja exactamente a mesma coisa; é para que se entenda agora. A redução dos reinos a "nações" é uma forma que a revolução napoleónica arranjou para reduzir REINOS a parcelas meramente geográficas; nós ainda andamos a discutir como se um Reino destes fosse um território! Ó dificuldade!!! Posto isto, fica notório que estava em causa o poder de um Rei relativamente ao que era seu, e não de territórios que pudessem ser "auto-autónomos".
Quanto ao que chamou "primazia de contexto": O Rei era D. João VI, o qual teve um Regente para o Brasil (D. Pedro).
"O Portugal Revolucionário, que se revoltou contra a Coroa Unida; ou o Brasil, que optou pela independência tanto por aversão a Revolução do Porto, quanto por oportunismo maçônico do sudeste?" ... palavreado bonito! Por aversão a "Portugal Revolucionário" cuspiram em Portugal? Na sua equação Portugal desaparece, apenas considera esse inexistente "Portugal Revolucionário"! Assim toda a conta dá certo!
Volte sempre.
Caro Luís Mergulhão, saudosos cumprimentos.
Dado que o link não abriu aqui, encontrei este https://bd.camara.leg.br/bd/handle/bdcamara/22381
Devo fazer saber que, desde o início ao fim do documento, encontrei em D. Pedro uma mentalidade estruturalmente liberal. Isso é significativo e parece-me como que forçar interpretações todas em proveito de um só caminho: independência.
Contudo, desconheço ou não recordo já a carta anterior, de D. João VI. Eu agradeço muito a quem me envie essa carta; fundamental para avaliar a resposta de D. Pedro.
O "fico" de 9 de Janeiro forçou certamente a resposta na carta de 22 de Setembro. Ou seja, a resposta de 22 é conduzida pela ideia expressa a 9; antes do "fico" havia toda uma interpretação pouco exacta que a distância possibilitou. Sabemos que D. Pedro bebia nas mesmas NOVAS IDEIAS de qualquer maçonaria.
Por favor, procuremos a carta de D. João VI; ela é chave no assunto. Concorda?
Volte sempre.
Se alguma coisa ficou por responder avisem, por favor.
Obrigado
Vejamos:
– D. Pedro era liberal e maçon.
– D. Pedro era súbdito do Rei D. João VI.
– D. João VI estava refém de liberais e maçons.
– D. Pedro queria libertar o Rei D. João VI dos liberais e maçons.
– Para libertar D. João VI (dizem uns) ou para repor a legitimidade (dizem outros), D. Pedro corta com o Rei e declara a independência do Brasil.
Que sentido tem isto? Parece-me que, por desvios nacionalistas, a opinião brasileira está a forçar os factos para justificar a rebeldia de D. Pedro. Seria mais lógico dizer que a Maçonaria actuava de ambos os lados do Atlântico e movia as peças dos dois lados. Sendo que pelo facto de D. João VI ter reconhecido as Côrtes e a Constituição, não torna lícita a rebeldia de D. Pedro, da mesma forma que não me seria lícito repudiar o meu Pai se ele se tornasse ateu. Mas se D. Pedro quisesse de facto libertar D. João VI, só tinha que se manter fiel ao Rei e fazer como D. Miguel na Vila-Francada e na Abrilada. No entanto, aquilo que me parece é que a Maçonaria deu um golpe de mestre: para destruir a unidade monárquica do Reino usou tanto do liberalismo declarado das Côrtes, como do liberalismo aparentemente contra-revolucionário de D. Pedro.
No fim foi isso, Reacionário. Ainda que das intenções só Deus julgue. O que transparece é que Dom Pedro foi exatamente como a personagem do filme "O Leopardo". Apoiou o lado da maçonaria que iria manter o seu 'status'.
Mas em verdade nada justifica qualquer revolução. Mesmo as boas intenções se havidas terminaram por servir aos interesses do inimigo.
Acredito que tudo tenha sido dito.
E espero que tenha sido claro que não quis justificar a revolução. Passei por aquela fase da juventude já tem tempo.
Por sorte, não precisei reinventar a roda. Encontrei um autor brasileiro antigo que defendeu com ideias bastante claras que o único que se há a aproveitar para uma monarquia no Brasil é a dinastia e seus brasões. Tudo o mais deve ser como em Portugal foi até o século XIX.
Caro ASCENDENS,
Procurei pelas cartas de D. João VI a D. Pedro, mas infelizmente parece que não se encontram. Pelo contrário, as cartas de D. Pedro a D. João VI encontram-se com bastante facilidade. Estranho... É pena que assim seja.
Cumprimentos.
Caro Reaccionário,
eu já suspeitava! No séc. XIX houve discussão entre liberais e legitimistas (estas designações foram usadas na época e os próprios não discordaram com elas - significativo). Os legitimistas defendiam D. Miguel pelo lado da legitimidade, os liberais defendiam D. Pedro. A discussão ficou registada, foi demorada, existe um livro do qual não lembro o título (seria de ver). A discussão ficou francamente ganha pelos "legitimistas", mas importava aos liberais manter o poder independentemente das razões (verdade).
Não me admira que documentação fundamental tenha desaparecido já nessa época.
Mas, quem sabe, ela exista ainda ... É de encontrá-la!
Cumprimentos
Enviar um comentário