12/09/20

DECLARAÇÃO ASCENDENS - O GRUPO "AÇÃO ORLEANISTA"

 


Faz mais de um ano, têm-nos chegado ao conhecimento inúmeros erros de gravidade vária e difundidos pelo grupo "Ação Orleanista" formado no Brasil.

Seria fastidioso enumerar tudo, erros que pela qualidade contrastam com algo a que se quisesse dar o distintivo de "tradicionalista", "católico" e "monárquico", como pretende. Desde o pressuposto modernista à desonestidade intelectual verificada, notámos também o demasiado interesse corporativo/político colocado sobre todos os intentos; ambição que também em Portugal lamentavelmente outros tentaram e já reprimimos.

À imagem de outros grupos modernistas-conservadores, que dependem do epíteto de "tradicionalista" para garante de certa fatia de "mercado" político, o grupo "Ação Orleanista" na pratica também recusa a tradição Lusa, mas baseia-se nas produções literárias da hispanidad militante, de certa forma acompanha a marcha da associação cultural "Causa Tradicionalista" (da qual já aqui tínhamos feito aviso).

Cabe ainda alertar para algo que sempre temos por cá testemunhado durante mais de uma década: o panorama tradicionalista está cada vez mais reduzido e delimitado por um crescente falso tradicionalismo bastante activista, que não é mais que corrupção dentro de portas. Aumentou a quantidade por venda da qualidade. Por todo o lado crescem estes grupos que desgastam o que custou tanto proteger aos tradicionalistas.

Cabe-nos avisar claramente:

- tal grupo não é nem sequer saberia ser anti-liberal, anti-maçónico ou anti-modernista, por mais água-benta que deite sobre si mesmo.

- dá credibilidade a fontes maçónicas e descarta as fontes contrárias insuspeitas.

- o grupo silencia indicações e correcções, em vez de considerá-las seriamente, ou corrigir-se, ou refutar.

- poderia ser captada boa gente para o verdadeiro tradicionalismo, mas então são captados ou ficam nos erros deste grupo. Para essas pessoas a nossa especial simpatia e desejo de melhor porto.

Muito pode ser dito, mas por agora é tudo.

Do responsável do blog ASCENDENS
Pedro Oliveira

12 comentários:

VERITATIS disse...

De ano para ano, vemos crescer o mal e o erro, travestido de bem e de verdade. É diabólico!

Essa associação já fez várias publicações onde injuria Portugal. Os erros são tantos que listá-los todos seria extensíssimo. Mas dou três exemplos:

1. Fizeram um texto asqueroso sobre a suposta «História da Maçonaria em Portugal» onde só usaram exclusivamente fontes maçónicas, republicanas e anticlericais, além de autores relativamente recentes. Nem uma única palavra de testemunhos da época católicos, tradicionalistas, anti-liberais e contra-revolucionários. Portanto, é uma história da maçonaria segundo a própria maçonaria.

2. A propósito da independência brasileira de 7 de Setembro, tiveram a desonestidade de dizer que a independência brasileira se fez contra a maçonaria e contra o liberalismo. Passo a citar: «A maçonaria teve sim papel na independência, mas como uma agressora do Brasil através de sua agenda liberal». Como se a doutrina do independentismo não fosse ela mesma liberalismo, como se as figuras maiores da independência brasileira não fossem todas elas liberais e maçónicas, e como se o primeiro acto de D. Pedro enquanto imperador não fosse a reabertura das lojas maçónicas que D. João VI tinha fechado.

3. Defendem uma monarquia liberal à qual chamam de «monarquia tradicional» e que opõem ao "absolutismo". Segundo a associação, «ela vigorou em Portugal desde sua concepção até ser substituída pelo absolutismo pombalista». Defendem uma «monarquia de regime misto, contrapõe o autoritarismo absolutista e o republicanismo parlamentar, o poder do Rei é limitado pelas Assembleias». Que tradicional! E a estas inovações monárquicas ainda dizem eles que é doutrina tomista.

anónimo disse...

Caro Reaccionário,

é como diz.

1. R: Só o facto de considerarem que os feitos maçónicos em Portugal são LEGÍTIMOS REPRESENTANTES do REINO DE PORTUGAL, e não ilegítimos contra o Reino de Portugal, coloca-os ao lado de quem também os queria legitimar, a saber: a MAÇONARIA e o LIBERALISMO. A "revolução do Porto", ou seja, aquela ilegítima e ofensiva contra Portugal, condenada pelo REI e condenada pelos tradicionais autores da época, é por eles vista como LEGÍTIMA. Ora, D. Pedro também tomou aquela revolução anti-portuguesa como LEGÌTIMA, porque os amigos que tinha a seu lado eram igualmente liberais e maçons. É claríssimo. Agora a cambada de tolos Orleanistas tomam o mesmo partido liberal-maçónico dizendo-se contra o liberalismo e a maçoaria. BURROS, porque já lhes foi explicado; BURROS DE MÁ FÉ porque depois da explicação NUNCA houve REFUTAÇÃO. Por isso, repetem a VONTADE e ERRO da mesma revolução do (NO) Porto e continuam a defender o engano de D. Pedro; sendo assim, são contra Portugal na sua legitimidade e tradição, contra D. Miguel seu legítimo Rei.

2. R: Mas não passaram da puberdade!!!? Essa gente Orleanista dá como ARGUMENTO que D. Pedro era contra a maçonaria porque EM CERTO MOMENTO dificultou a existência das lojas maçónicas! Arreee... é provado que D. Pedro entrou PRIMEIRO na maçonaria que o ajudou e que DEPOIS teve dificuldades ao ver que ela não o deixava operar como ele achava que tinha direito no Brasil! Daqui ele ter preferido manter e guardar o seu poder a ficar sem ele. É tão simples e já era sabido, mas os Orleanistas fingem que não sabem, porque como que ignorando não parece necessário terem de apresentar provas das tolices que divulgam.

3. R: Bem dito! Estão a tentar legitimar o que teve raiz liberal/maçónica. Tudo isso estava já refutado por autores do séc. XIX que registaram A DISPUTA e nos deram vários documentos do assunto. Agora os Orleanistas fazem tábua rasa de tudo, não refutam e repetem o que a ala liberal fez depois de perder a disputa intelectual: avançar com o erro. Quanto ao erro a respeito do conceito que usam de "absolutismo" é igualmente o LIBERA, o qual foi lamentavelmente repetido pela linha da militância hispanhola, hoje igualmente repetido pela associação Causa Tradicionalista, igualmente repetido pelo gão-mestre Eduardo Almeida! Quanto aos autores tradicionais lusos.... NADA.... ficam-se apenas pelo cocho Sardinha, o qual foi criado pela ala espanhola de então e que de tradicional luso não tinha nada quando chegou a Castela.

Até mais.

Pedro Oliveira (irritado)

Anónimo disse...

Senhor Pedro Oliveira.

Concordo com a maior parte da crítica nos comentários que o mesmo Pedro Oliveira fez, juntamente com o tal Reaccionário.

A verdade é que o tal grupo conhecido como "Ação Orleanista" é composto por "recém-púberes" para uma finalidade estritamente nacionalista monárquica. Suas sanhas anti-portuguesas deixam isso bem claro. Tomar a Revolucão do Porto para acusar Portugal como país legitimamente maçônico é de grande desonestidade do sr Renan Carneiro e do sr Kauê Fagundes, os dois charlatões que comandam essa canalha de moleques/gajos.

Estabelecido este consenso, cabe agora apresentar-te o contraditório.

A Revolucão do Porto eclodiu e as Cortes Liberais ilegítimas foram convocadas. Dom João VI, antes de obedecer as cortes ilegítimas, deixou Pedro (infelizmente, era preferível que deixasse Miguel) como Príncipe Regente. Toda e qualquer ordem de Portugal sob o domínio das cortes liberais era ilegítima. Visto que Dom João levou o grosso do tesouro português de volta para Portugal, e sem chance alguma do Brasil, após isso, retormar a ordem em Portugal por meio das canhoneiras e dos fuzis; e repousando no Brasil, não no Portugal Revolucionário, o legado e a continuidade institucional do Reino Unido de Portugal, Brazil e Algarves, como poderia as opções não apontarem a independência do Brasil?

Até porque aqui no Brasil, essa história é contada como se tivéssemos entregado o legado do Império Português, junto com os territórios, para este novo Portugal Revolucionário, como condição para Portugal deixar-nos em paz.

Em conversa com outros portugueses, eles contam que a Revolução do Porto estava mais para um movimento secessionista contra a integridade do Reino Unido de Portugal, Brazil e Algarves, do que para uma reafirmação de poder da Antiga Metrópole.

Aqui se revela um problema de legitimidade e continuidade: Quem estava com a primazia no contexto?

O Portugal Revolucionário, que se revoltou contra a Coroa Unida; ou o Brasil, que optou pela independência tanto por aversão a Revolucão do Porto, quanto por oportunismo maçônico do sudeste?

Ps: Lembrando que a província onde nasci era leal a Lisboa, pois era um Estado diferido do Estado do Brasil, o Estado do Maranhão e Grão-Pará, que se juntou a independência por causa de um blefe.

Luiz Mergulhão disse...

Me parece que a questão das acusações da Ação Orleanista - sobre a independência do Brasil e maçons em Portugal -, é que há nesse tema uma meia-verdade.

Pela Carta de 22 de setembro de 1822 (de Dom Pedro a Dom João VI) se denota que Dom Pedro I acreditava mesmo que liderava um contrarrevolução e que queria se opôr aos carbonários que reduziram o status político de Dom João VI. Insinua até que Dom João VI estaria melhor no Brasil, sendo honrado devidamente como rei absoluto que escravo das Côrtes liberais em Portugal que o fizeram jurar uma Constituição.
Há até outra carta (9 de janeiro de 1822) em que ele sugere a formação de um Império em que ele seria Rei do Brasil e vassalo do Imperador de Portugal, pedindo até a vinda de Dom Miguel ao Brasil para o ajudar a governar e ser seu sucessor como Rei do Brasil.

https://digital.bbm.usp.br/.../1/45000008316_Output.o.pdf

Agora, como eu disse, é uma meia-verdade, porque ele admitiu princípios liberais e transigiu com os revolucionários na ânsia de conservar a coroa e a dinastia, e uniu-se à uma facção gibelina da maçonaria - contra a facção carbonária e jacobina - na ilusão de poder controlá-la... No fim terminou usado por ela. O que mostra que nenhuma concessão à liberais é útil.

Ass. Luiz Mergulhão

anónimo disse...

Ao anónimo do dia 13, obrigado por comentar.

Toda a historiografia fora da visão Ontológica é necessariamente um erro perigoso, podemos dizer: erro liberal e pré-modernista; porque separa a ESSÊNCIA das suas manifestações e representações exteriores. Isso seria TALVEZ possível em casos de novos "países", mas nunca em Reinos Católicos "primitivos" (Portugal ocupa o 5º lugar na ordem de assento). Até hoje existe um único Portugal OCUPADO/AFRONTADO por uma república; a qual, por isso mesmo, não pode representar verdadeiramente coisa alguma em Portugal e de Portugal. Em suma, concordará, não existe Portugal Revolucionário, mas sim um anti-Portugal, à falta de melhor designação.

Posto isto, vou usar a designação para ajudar a reflexão; vamos sempre ter em conta a justa utilização das designações, elas que encerram por vezes o problema armadilhado.

Na minha opinião, a "revolução do Porto" (revolução no Porto) não interessa considerar fora da "história dos enganos". Sabemos que o plano da maçonaria era quase sempre a fragmentação do poder unificado (que eles designaram por "absoluto", como uma forma de caricaturar negativamente o certo e legítimo). Tudo foi uma marcha para a destruição da integridade do mundo, tal como sabemos. Entre isto, milhares de intenções e meias histórias existiram com boa ou má intenção dos protagonistas enrolados nelas.

Quanto às inteligências escorregadias de D. João VI, é difícil conceber com a desejada clareza o que seria realmente o "reino unido de Portugal, Brasil e Algarves". Contudo, atendendo a que D. João VI conservou bastante do pensamento tradicional nessas considerações, creio tratar-se talvez de REINO como domínio/acção própria de Rei e não TERRITÓRIO. Não se diz "reinos unidos" mas sim "reino unido de", o mesmo noutros casos estrangeiros. Na mentalidade pós antigo regime ficaria mais perceptível dizermos "reinado", embora não seja exactamente a mesma coisa; é para que se entenda agora. A redução dos reinos a "nações" é uma forma que a revolução napoleónica arranjou para reduzir REINOS a parcelas meramente geográficas; nós ainda andamos a discutir como se um Reino destes fosse um território! Ó dificuldade!!! Posto isto, fica notório que estava em causa o poder de um Rei relativamente ao que era seu, e não de territórios que pudessem ser "auto-autónomos".

Quanto ao que chamou "primazia de contexto": O Rei era D. João VI, o qual teve um Regente para o Brasil (D. Pedro).

"O Portugal Revolucionário, que se revoltou contra a Coroa Unida; ou o Brasil, que optou pela independência tanto por aversão a Revolução do Porto, quanto por oportunismo maçônico do sudeste?" ... palavreado bonito! Por aversão a "Portugal Revolucionário" cuspiram em Portugal? Na sua equação Portugal desaparece, apenas considera esse inexistente "Portugal Revolucionário"! Assim toda a conta dá certo!

Volte sempre.

anónimo disse...

Caro Luís Mergulhão, saudosos cumprimentos.

Dado que o link não abriu aqui, encontrei este https://bd.camara.leg.br/bd/handle/bdcamara/22381

Devo fazer saber que, desde o início ao fim do documento, encontrei em D. Pedro uma mentalidade estruturalmente liberal. Isso é significativo e parece-me como que forçar interpretações todas em proveito de um só caminho: independência.

Contudo, desconheço ou não recordo já a carta anterior, de D. João VI. Eu agradeço muito a quem me envie essa carta; fundamental para avaliar a resposta de D. Pedro.

O "fico" de 9 de Janeiro forçou certamente a resposta na carta de 22 de Setembro. Ou seja, a resposta de 22 é conduzida pela ideia expressa a 9; antes do "fico" havia toda uma interpretação pouco exacta que a distância possibilitou. Sabemos que D. Pedro bebia nas mesmas NOVAS IDEIAS de qualquer maçonaria.

Por favor, procuremos a carta de D. João VI; ela é chave no assunto. Concorda?

Volte sempre.

anónimo disse...

Se alguma coisa ficou por responder avisem, por favor.
Obrigado

VERITATIS disse...

Vejamos:
– D. Pedro era liberal e maçon.
– D. Pedro era súbdito do Rei D. João VI.
– D. João VI estava refém de liberais e maçons.
– D. Pedro queria libertar o Rei D. João VI dos liberais e maçons.
– Para libertar D. João VI (dizem uns) ou para repor a legitimidade (dizem outros), D. Pedro corta com o Rei e declara a independência do Brasil.

Que sentido tem isto? Parece-me que, por desvios nacionalistas, a opinião brasileira está a forçar os factos para justificar a rebeldia de D. Pedro. Seria mais lógico dizer que a Maçonaria actuava de ambos os lados do Atlântico e movia as peças dos dois lados. Sendo que pelo facto de D. João VI ter reconhecido as Côrtes e a Constituição, não torna lícita a rebeldia de D. Pedro, da mesma forma que não me seria lícito repudiar o meu Pai se ele se tornasse ateu. Mas se D. Pedro quisesse de facto libertar D. João VI, só tinha que se manter fiel ao Rei e fazer como D. Miguel na Vila-Francada e na Abrilada. No entanto, aquilo que me parece é que a Maçonaria deu um golpe de mestre: para destruir a unidade monárquica do Reino usou tanto do liberalismo declarado das Côrtes, como do liberalismo aparentemente contra-revolucionário de D. Pedro.

Luiz Mergulhão disse...

No fim foi isso, Reacionário. Ainda que das intenções só Deus julgue. O que transparece é que Dom Pedro foi exatamente como a personagem do filme "O Leopardo". Apoiou o lado da maçonaria que iria manter o seu 'status'.

Mas em verdade nada justifica qualquer revolução. Mesmo as boas intenções se havidas terminaram por servir aos interesses do inimigo.

Luiz Mergulhão disse...

Acredito que tudo tenha sido dito.
E espero que tenha sido claro que não quis justificar a revolução. Passei por aquela fase da juventude já tem tempo.

Por sorte, não precisei reinventar a roda. Encontrei um autor brasileiro antigo que defendeu com ideias bastante claras que o único que se há a aproveitar para uma monarquia no Brasil é a dinastia e seus brasões. Tudo o mais deve ser como em Portugal foi até o século XIX.

VERITATIS disse...

Caro ASCENDENS,

Procurei pelas cartas de D. João VI a D. Pedro, mas infelizmente parece que não se encontram. Pelo contrário, as cartas de D. Pedro a D. João VI encontram-se com bastante facilidade. Estranho... É pena que assim seja.

Cumprimentos.

anónimo disse...

Caro Reaccionário,

eu já suspeitava! No séc. XIX houve discussão entre liberais e legitimistas (estas designações foram usadas na época e os próprios não discordaram com elas - significativo). Os legitimistas defendiam D. Miguel pelo lado da legitimidade, os liberais defendiam D. Pedro. A discussão ficou registada, foi demorada, existe um livro do qual não lembro o título (seria de ver). A discussão ficou francamente ganha pelos "legitimistas", mas importava aos liberais manter o poder independentemente das razões (verdade).

Não me admira que documentação fundamental tenha desaparecido já nessa época.

Mas, quem sabe, ela exista ainda ... É de encontrá-la!

Cumprimentos

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