João Lourenço Rebelo (1610-1665):
"João Lourenço Rebelo (1610-1665) tornar-se-á o expoente máximo da produção musical saída da Capela Ducal de Vila Viçosa. Ingressou na Capela em 1624, como menino de coro, e concluídos os estudos foi imediatamente nomeado seu Mestre, vindo a ser professor de música do filho do duque, D. João. Tomando contacto, mesmo sem sair de Portugal, com técnicas e estilos de composição que floresciam noutros países, João Lourenço Rebelo valoriza o contributo de grandes coros (à maneira veneziana) e retira ao órgão a exclusividade do acompanhamento musical, inserindo neste a presença de instrumentos de sopro.
Ao próprio rei (e, como se disse, ex-discípulo) era até do ponto de vista político conveniente ter na corte um compositor que transmitisse uma imagem moderna da música produzida e apresentada na capela do seu palácio, sendo curioso verificar que D. João IV levou a sua admiração e apoio ao ponto de redigir, em 1649, um tratado a que deu o nome de Defesa da música moderna contra a opinião errada do bispo Cyrilo Franco (opinião essa expressa um século antes...) e onde manifestava a intenção de patrocinar a impressão tipográfica da obra sacra de Lourenço Rebelo.
O compositor não parecia, todavia, compreender a importância que tal facto teria e levou anos a organizar todas as suas partituras, para que pudessem ser imprimidas. Dois dias antes de morrer, em Novembro de 1656, o rei deixa-lhe em testamento a negociação de um contrato para que parte da sua obra (em especial a adaptação a música de salmos) seja dada à estampa na Itália, o que virá a acontecer. Pese a profunda admiração do rei, a escolha do país terá também sido motivada por motivos políticos: tratar-se-ia de uma forma de pressão sobre o papado no sentido de que Portugal pudesse enfim ver reconhecida a sua independência pela Santa Sé, após o período de domínio filipino." (CENTRO DE LÍNGUA PORTUGUESA / INSTITUTO CAMÕES)
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