07/09/15

IMITAÇÃO DE CRISTO - Thomas de Kempis (CIII)

(continuação da CII parte)

A IMITAÇÃO DE CRISTO

Thomas de Kempis

IV Livro
O Augustíssimo Sacramento do Altar


Cap. XVIII
Não Se Deve Aprofundar Acerca do Mistério da Eucaristia, mas Sujeitar à Fé os Sentimentos e a razão

1. Cristo – Guarda-te do desejo curioso e inútil de sondar este profundíssimo mistério, se não queres submergir-te num abismo de dúvidas. Aquele que quiser sondar a majestade do Altíssimo será oprimido de sua glória.
Deus pode obrar mais do que o homem pode compreender. Porém, não se proíbe o devoto e humilde desejo de alcançar a verdade, àqueles que sempre estão prontos a ser instruídos e a seguir a doutrina dos santos padres.
2. Bem-aventurada a singeleza que deixa a vereda das questões difíceis para caminhar na estrada larga e segura dos mandamentos de Deus.
Se tu não compreendes o que está debaixo de ti, como compreenderás o que está acima da esfera de teu alcance?
3. Alguns padecem graves tentações sobre a fé neste sacramento; porém, isto não se deve amputar a eles, mas ao seu inimigo. Não te perturbes nem disputes com os teus pensamentos; não respondas às objecções que o demónio te sugere; mas crê firmemente na palavra de Deus, nos oráculos dos profetas e na autoridade dos santos e, assim, fugirá de ti o malvado inimigo.
É muitas vezes útil ao servo de Deus ser tentado desta sorte. O demónio não tenta assim os infiéis e os pecadores, porque já os possui com segurança; mas tenta e vexa de mil modos os que são fiéis a Deus e que O servem com devoção.
4. Não te detenhas, pois, nestas coisas, mas chega à santa mesa com uma fé firme e simples e uma piedade cheia de respeito.
Comete a Deus tudo o que não compreendes neste mistério e descansa no seio grandioso de Deus, que tudo pode.
Deus não engana a quem Nele confia, mas o homem engana-se a si mesmo, se confia em si.
Deus anda com os simples, manifesta-se aos humildes, dá inteligência aos pequenos, descobre o sentido às almas puras e oculta a Sua graça aos curiosos e soberanos.
A razão humana é fraca e pode emanar-se, mas não a fé verdadeira.
5. A razão e a luz natural devem seguir a fé, e não precedê-la nem diminui-la.
A fé e o amor mostrarão neste mistério a sua excelência e, para isso, agem de modo oculto e inefável.
Deus eterno, cujo poder não tem limites, opera maravilhas incompreensíveis no Céu e na Terra; e a grandeza das suas obras é impenetrável ao espírito do Homem. Se o Homem pudesse facilmente compreendê-las, pela luz da sua razão, elas não poderiam dizer-se maravilhosas inefáveis.

FIM DA OBRA

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