13/02/15

CONTRA-MINA Nº 8: Os Maçons Financeiros (I)

CONTRA-MINA
Periódico Moral, e Político,

por

Fr. Fortunato de S. Boaventura,
Monge de Alcobaça.

~~~~~~~
Nº 8
~~~~~~~

____________________________________________________________________________
O medonho Fantasma se esvaece,
O dia torna, e a sombra se dissipa;
Os Insectos feíssimos de chofre
Entram no poço do afumado Inferno:
Eternamente a tampa se aferrolha.
No meio do clarão vejo no Trono,
Cercado de esplendor, MIGUEL PRIMEIRO.
(Macedo, Viagem Estática ao Templo da Sabedoria, pág. 141)
_____________________________________________________________________________



Os Maçons Financeiros


Melhor se pusera a este nº o título de Maçons Salteadores, e salteadores sem vergonha, e sem remorsos. Nunca me sucede ler as sentidas queixas destes piedosos restauradores do Crédito público, sobre as depredações dos Áulicos, e excessivas profusões dos reis, que não me sinta provocado a endereçar-lhe, ou acomodar-lhes a própria invectiva, que os Seítas pregaram na bochecha de Alexandre Magno, quando este famosos conquistador lhes deitava em rosto o seu modo de vida, e as suas continuadas rapinas; pois vós tendes cara para doestar os que são melhores, e muito melhores do que vós, e não vos lembrais de que sois uns desaforados ladrões, que assim o provam documentos solenes, que precederam a vossa elevação, o que por certo não mereceis, e que só vos podia ser conferido pela Maçonaria, que fecha os olhos a tudo, que os bons chamam defeitos, ou vícios intoleráveis, ou, para melhor dizer, que os aplaude, e canoniza por virtudes? Apesar de todos esses cordiais, e incendidos amores pelo bem público, e desse empenho de restaurar o Crédito, e pôr em tal andamento as Finanças, que mui prestes se extinga a dívida pública; ousarei afirmar, que nunca os Pedreiros Livres chegarão a ser Administradores de um Erário qualquer, sem que o levem a pique, e subam de ponto os males, que diziam querer desterrar, ou emendar. Das maravilhas, que fizeram neste ramo de indústria os nossos degeneradores, já por outras vezes tenho falado; e cumpre agora mudar de rumo, sem todavia perder de vista os raros talentos financeiros, que abundam, e formigam na vasta Maçonaria Europeia... O dinheiro é a principal divindade dos Maçons, por isso que sabem perfeitamente o que já bons 400 anos, antes que Nosso Senhor Jesus Cristo viesse ao mundo, fazia por toda a parte a infame e danada sede de ouro, que foi a chave, com que Filipe de Macedónia abriu as portas da Grécia, e anulou todo o empenho das forças humanas, quando a principal destas era certamente a vigorosa eloquência de um Demosthenes.... Por causa do dinheiro se tem feito grandes Revoluções antigas, e por causa do dinheiro se fazem todas as Revoluções modernas.... Já disse, que o espantoso deficit das Finanças Gallicanas moveu os generosos restauradores da Monarquia Francesa à convocação dos Estados Gerais, que pintaram a um Rei amante do seu Povo, mas tímido e indeciso, com a única tábua de Salvamento para a Nau do Estado, e para se atalhar uma bancarrota geral, com todos os efeitos desastrosos, que a costumam acompanhar, e seguir.... Quando falta o dinheiro haja uma Revolução, e torne a haver outra quando há fartura de dinheiro... Bem se vê que no primeiro destes casos, o dinheiro é um pretexto, e no segundo a causa verdadeira. Ora, descortinemos para utilidade dos bons portugueses, o que nos depõe a História da Revolução Francesa, sobre estas habilidades Financeiras ou furtadeiras dos tais Maçons, ou Pedreiros Livres....

(continuação, II parte)

Sem comentários:

TEXTOS ANTERIORES