Circula a republicação de 1982 da obra "Vida do Admiravel Padre S. Theotonio...." (Coimbra, 1764) à qual faltam alguma páginas. Por honra a S. Teotónio, irei aqui publicar essas páginas em falta (que copiarei do original de 1764).
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| S. Teotónio, primeiro Santo do Reino de Portugal |
- Do capítulo XI da II parte, ponto 3, 4, e "Aditamento" :
"3. Semelhante pena foi a que afligiu no mosteiro a um leigo professo, pois via sempre, e sem intermissão a sombra de um etíope muito negro, que estendendo o arco, com muita força lhe atirava setas: ele com vozes descompostas, mostrava com o dedo seu inimigo, que via na parede em frente, posto que os religiosos o não podiam ver. O miserável era mais atormentado pelo pavor que pela enfermidade. Mas todas as vezes que o santo o vinha ver, logo o diabo abaixava o arco e se escondia, sem atrever-se a despedir as setas na sua prezença. Conhecido isto o Varão de Deus, penetrou muito bem a causa pela qual o leigo padecia tão horríveis penas; e lhe disse: Confessa, miserável, confessa a ruína do adultério em que caíste. A qual coisa logo se fez evidente e manifesta, como o Prior a tinha dito.
4. No Mosteiro estava um Irmão muito devoto, ao qual o inimigo do género humano costumava vexar logo desde o princípio de sua conversão. Sucedeu certo dia, que estando sentado o Vigilante Pai fora do coro, mas na Igreja, por causa da sua debilidade, foi vexado pelo comum inimigo o dito religioso ai perto; nem antes disto o havia visto padecer o Santo. Logo fielmente lhe pegou na mão direita, e disse cominando ao mau espírito: Sabe espírito imundo: em nome de JESUS Cristo, e em virtude do Espírito Santo te mando, que não conturbes mais ao Servo de Deus. Com toda a pressa pois saindo o antigo inimigo, desde aquela hora não se atreveu mais a tentar ao Servo de Deus. Muitas vezes vimos alguns Irmãos doentes, serem restituidos à saúde, orando, e ajoelhando por eles S. Teotónio.
Aditamento
Penetrava S. Teotónio os segredos das consciências; e sabia quanto se deve abominar o pecado, em cuja pena talvez é entregue o corpo à vexação do inimigo: e queira Deus, que seja para que o espírito seja salvo no dia do Senhor. Acode a remediar os enfermos, mas antes da saúde corporal, lhes procura a espiritual, para que feita a confissão das culpas, e perfeito o benefício na alma, e no corpo."
(continuação da II parte)
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