16/05/14

REPOSIÇÃO - VIDA DE S. TEOTÓNIO (II)

(continuação da I parte)

- Do capítulo XII da II parte, ponto 2, e "Aditamento" :

"2. Movidos com esta exortação, todos os religiosos permaneciam diante do Senhor, fazendo suas súplicas públicas, e particularmente. Mas o Prior depois de continuar as súplicas, e deprecações devotas a Deus, as quais seria mui dilatado respeito agora; com todo o coração mais fervorosamente orava, para que pela mizericórdia do Redentor merecessem ser consolados no livramento de velho, os que por seu cativeiro estavam tão tristes. E de um modo admirável, enquanto isto passou no Mosteiro, eis que sem ser esperado o velho se prezentou são ao dia décimo quinto de seu cativeiro, livre, e absoluto, com grande glória, sem detrimento, e diminuição das coisas que levava, com o mesmo número de soldos; entregues também com confiança na sua palavra doze cativos. Deixo de contar o modo porque Deus todo poderoso o livrou do cativeiro pela fraude salubérrima de certo pagão, por não estender a grandeza do livro, principalmente numa coisa que está divulgada na boca de todo o povo. Vedes pois de quanto merecimento foi este santo, quanto fosse o pio desvelo que tinha dos seus, e cuja oração foi tão poderosa diante do Senhor?

Aditamento

Ano de 1147, cercando a cidade de Lisboa o santo Rei [D. Afonso Henriques], fez voto de erigir dois templos, se alcançava victoria dos mouros, um a S. Vicente Mártir, outro com o título de S. Maria; para a erecção do primeiro mandava ir de S. Cruz ao santo velho Honório, ao qual sucedeu o que fica referido. Por sua demora entregou o fundador seu mosteiro aos Cónegos Regrantes Premonstratenses alemães; mas tendo sua diferença com eles, fez que S. Teotónio lhe enviasse outros de S. Cruz, dos quais foi em S. Vicente, Câmara Real, o primeiro Prior o Venerável D. Godinho. Em quanto à milagrosa liberdade que conseguiu o velho D. Honório, nos podíamos queixar do anónimo omitir as circunstâncias, que diz andavam na boca de todos; mas hoje se ignoram, constando só ser prodígio das orações de S. Teotónio, e o mais que referes o anónimo.

- Do capítulo XIII, chamado "Sua diserção em admitir, e tratar os religiosos", da II parte, o ponto 1 :

"1.  Tinha também este costume, de não admitir mas religiosos na Congregação, do que parecia justo, e que pudessem ser sustentados pelas rendas do Mosteiro. E aqueles que recebia cuidava em assistir com abundância com toda a consolação da alma, e corpo. Imitava o que faz o médico peritíssimo, que pondo grande diligência na cura, aplica a cada um dos enfermos o que lhe é mais conveniente, e isto com toda a diligência. Assim em corrigir os costumes ponderava muito, que segundo a quantidade das chagas, se dessem os lenitivos da cura; para nem dar a um o que fosse nocivo, nem negar a outro o que podia aproveitar: e era sempre benigno, e clemente com os humildes."

(a continuar)

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