17/04/14

SONETO V


Acho que este soneto pode ainda, talvez, um dia ter um final feliz:

SONETO V

Quando cair, que seja lentamente,
Como o Infante herói de Alfarrobeira.
Não preciso sequer de uma bandeira,
Basta a vossa lembrança tão somente.

Aqui ou onde seja (é indiferente,
Agora toda a terra é estrangeira)
Que finde a minha vida passageira,
Meu pensamento é da minha gente:

Aquela que morreu de armas na mão.
Aquela, regressada ao pátrio chão,
Cuspida pela elite da escumalha.

Os hoje abandonados à má-sorte.
Os que ganharam a paz fria da morte,
Perdendo tudo numa só batalha.

(Gil Dias, em "Leva de Abril")

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