10/11/12

OS ERROS DE LUTÉRO E O ESPÍRITO DO MUNDO ACTUAL (VI)

(continuação da V parte)


OS ERROS DE LUTERO E O ESPÍRITO DO MUNDO ACTUAL
Pe. Franz Schmidberger

A negação da liberdade conduz Lutero necessariamente a declarar vã e ainda temerária toda a iniciativa humana sobrenatural ou toda a acção da Igreja, isto com todas as consequência que dai derivam: a ideia de um sacrifício propiciatório contradiz directamente as instituições de Cristo, uma "satisfação vicaria" da Igreja e dos seus membros convertem-se num desprezo dos méritos de Cristo e ao fim de contas uma blasfémia contra Deus. As ideias de penitência, mortificação, renascimento e sacrifício perdem todo o sentido e não são admitidas a não ser eventualmente como sinais longínquos da fé.

Enfim, para Lutero a fé não é mais que uma participação no conhecimento de Deus e a aceitação da sua revelação, é mais uma espécie de confiança cega e irracional nos méritos de Cristo.

Da negação da libertação do homem se dão duas consequências fundamentais: por um lado,toda a ordem moral é derrubada; e por outro não pode haver criaturas transformadas pela graça de Deus, como sejam os santos.

Vejamos alguns exemplos de alterações na moral.

Na vida quotidiana, a moral conjugal protestante difere notoriamente da católica; para que se veja tal bastará considerar o número de nascimentos nas regiões católicas e comparar com o número de filhos nas regiões protestantes.

Na vida pessoal, a concepção protestante modifica profundamente a mentalidade. As estatísticas mostram por exemplo, que um sacerdote católico morre dez anos mais jovem que um pastor protestante. Há várias razões: o sacerdote católico oferece-se cada dia no santo Sacrifício da missa como vítima expiatória com Cristo e dá a vida pelas suas ovelhas; deve levantar-se cedo para rezar o seu breviário, escutar confissões; deve administrar inclusivamente durante a noite a extrema unção aos doentes; morre com o coração quebrado pelo amor de Deus e das almas.

O pastor protestante vive em modos diferentes: é presidente da comunidade, prepara durante a semana o seu sermão e o canto comunitário, organiza a paróquia e celebra de tanto em tanto tempo a ceia com a comunidade; não tem o sacrifício a celebrar, confissões a fazer, viático que levar, extrema para administrar; chega ao domingo à igreja, que é mais uma sala de reuniões (não a casa de Deus vivo), para que, logo que realizada a cerimónia, encerrar até ao domingo seguinte.

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