24/02/12

O ACIDENTE DE D. MIGUEL I - OS "MALHADOS"

Quem são os "malhados"?

Em Portugal dos tempos de D. Miguel I, os maçons e liberias, portanto, os inimigos ficaram conhecidos por "malhados".

Já aqui ficou registada tal palavra com o artigo anterior, quando o povo cantava:

Rei chegou Rei chegou
Em Belém
Desembarcou
Na barraca
Não entrou
Aos realistas Abraçou
Aos "malhados"
Não falou.

Em determinado dia, D. Miguel I saiu de passeio em direcção ao mar, e fez questão dele mesmo dirigir o coche que o havia de levar. Perto da Quinta do Caruncho os cavalos, que eram malhados, tiveram alguma irritação e precipitaram-se em acidente junto a um alto precipício. D. Miguel foi projectado e atropelado ficando-lhe quebrada uma perna por uma das rodas. Sabendo de tal notícia o povo acabou por culpar os cavalos malhados, e começou a chamar "malhados" aos liberais e maçons, que eram inimigos de D. Miguel e de Portugal. Logo depois do terrível acidente, havendo por ali perto uma casa de gente do campo, D. Miguel foi rapidamente levado a ela para se recompor um pouco e esperar melhores socorros. Ficou estendido num canapé, apoiando a perna numa cadeira, e aceitou tomar um chá. Poucos dias depois D. Miguel enviou a essa casa no campo um serviço de chá magnífico, um canapé e uma cadeira de construção muito boa e de valor (tudo o que foi usado daquela casa para o serviço do Rei foi oferecido replicado em muitíssimo maior valor). Em 1945 há registo dessa mesma casa, que nela continuava a viver a mesma família que guardava com muita estima conservados todos os presentes do Rei, no mesmo sítio, e guardando pormenores da visita que tinham resistido aos tempos naquela pequena tradição oral familiar.

O povo escolheu então o nome de "malhados" para as cavalgaduras dos liberais. Assim seja...


"S. M. O SENHOR D. MIGUEL I.º

acompanhado de suas Augustas Irmãs, dando graças à Senhora da Conceição da Rocha pela feliz melhora da sua perna. A respeitável presença do nosso Inclito Monarca, o brilhante concurso de muitos, e distintas personagens desta Corte que ali se achava [...] este Solene e Religioso Acto que foi praticado na Basílica de Sta. Maria no dia 29 de Janeiro de 1829."

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