24/02/12

OS MALHADOS CHANTAGEARAM D. MIGUEL I


"Em consequência dos acontecimentos que Me obrigaram a sair de Portugal e abandonar temporariamente o exercício do Meu poder; a honra da Minha Pessoa, o interesse dos meus Vassallos e finalmente todos os motivos de justiça e de decoro exigem que Eu proteste, como por este faço, à face da Europa, a respeito dos sobreditos acontecimentos e contra quaesquer innovações que o governo que ora existe em Lisboa possa ter introduzido, ou para o futuro procurar introduzir contrarias às Leis fundamentais do Reino.

Desta exposição pode-se concluir que o Meu assentimento a todas as condições que Me foram impostas pelas forças preponderantes, confiadas nos generais dos dois governos de presente existentes em Madrid e Lisboa, de acordo com duas grandes Potencias, foi da Minha parte um mero acto provisorio, com as vistas de salvar os Meus Vassalos de Portugal das desgraças que a justa resistencia que poderia ter feito, lhes não teria poupado, havendo sido surpreendido por um inesperado e indesculpavel ataque de uma Potencia amiga e aliada.

Por todos estes motivos tinha Eu firmemente resolvido, apenas tivesse liberdade de o praticar, como cumpria à Minha honra e dever, fazer constar a todas as Potencias da Europa a injustiça da agressão contra Meus direitos e contra a Minha Pessoa; e protestar e declarar, como por este protesto e declaro, agora que me acho livre de coação, contra a capitulação de 26 de maio passado, que Me foi imposta pelo governo ora existente em Lisboa; auto que fui obrigado a assinar, a fim de evitar maiores desgraças e poupar o sangue de Meus Fieis Vassalos.

Em consequência do que deve considerar se a dita capitulação como nulla e de nenhum valor.


Génova, 20 de Junho de 1834"

Dom Miguel 

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