27/12/11

ANTIGUIDADE DA IGREJA PACENSE I

Sé de Beja
As origens desta Igreja, como, aliás, todas as da Lusitânia, mergulham muito fundo nas sombras do passado. A documentação até ao princípio do século VI é demasiado escassa e deficiente. É o período de piedosas tradições mais ou menos fidedignas, mais ou menos hipotéticas.

Irá a Igreja pacense enraizar na idade apostólica, como alguns pretendem? Seria seu primeiro evangelizador S. Tesifon, um dos Sete Varões Apostólicos que S. Pedro e S. Paulo teriam mandado à ibéria ainda na primeira metade do século I, como outros alvitram? Eis as densas brumas da história onde não é fácil penetrar por falta de terreno firme.

Uma coisa, porém, é certa. A Igreja da velha Pax Júlia (ou também Pax Augusta), é uma das mais antigas da Lusitânia meridional, conjuntamente com Évora e Ossónoba, no Algarve. Beja era colónia romana e um famoso “conventos” jurídico. O único ao sul do Tejo. Era uma cidade interior de onde irradiavam algumas vias romanas para outras importantes localidades, como Ébora, Salária (Alcácer do Sal); Serp (Serpa); Arucitana (Moura); Aroche (Espanha) e daqui para Hispalis (Sevilha). Por outro lado, era servida por um dos melhores portos do sul da Lusitânia (Mértola), grande via de penetração.

Tudo isto leva a crer que Beja fosse evangelizada bem cedo.

O Cónego dr. António Boavida, que fora vigário pro-capitular de Beja, entre os anos de 1781 a 1883, numa petição que dirigiu à Santa Sé a fim de que o bispado de Beja não fosse suprimido como exigiam vários políticos desse tempo, intoxicados de liberalismo, afirma: “O concílio de Eiberi (Granada) convocado em 304, depois da perseguição do imperador Diocleciano, mostra no cânon 58 que havia na Espanha a hierarquia episcopal, sendo já BEJA sede de uma diocese sufragânea de Mérida capital da Lusitância: - Emeritae subsint Pace (Beja) Olixbona, Ossónoba… (Cf. Boavida, Trab. Pastorais. Pag I).

Sendo autêntico este cânon, vê-se que a Sé pacense já existia nos princípios do IV século.

Contudo passa-se um grande intervalo entre este concílio e o ano de 531 em que aparece na Sé de Beja o ilustre bispo S. Apríngio, o primeiro pacense sobre o qual a crítica não põe dúvidas nem faz reticências (1). Miguel de Oliveira rejeita Domiciano como bispo pacense para o filiar em Augusta Suévia, na Germânia (343). Felix Caetano da Silva, historiador da cidade pacense, diz, a este respeito, falando do concílio sardense: “Determinou Ósio (Bispo de Córdova) levar em sua companhia outros prelados também de grande capacidade e zelo católico… para isso fez eleição de cinco Bispos, os quais foram Aniano, de Cástolon; Costa, de Saragoça; Pretextato, de Barcelona; Florentino de Mérida; e Domiciano, de Pax Júlia” (Cf. Arquivo de Beja: Vol. VI, fascíc. III e IV, pág. 300).

(do livro "D. Joasé do Patrocínio Dias, Bispo-Soldado")

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