É lastimável como hoje está tão difundida a mentira. A Wikipedia (Enciclopédia Global da Ignorância) diz que Fé é tudo menos aquilo que é e sempre foi. Os vários "autores" da dita intervêm colocando suas opiniões baseadas nas recolhas do pensar dominante (ou seja, não sabendo, sondam os usos maioritários na actualidade). Concluem assim que "Fé" tem vários conceitos, com a agravante de que a hierarquia da Santa Igreja acabou por abandonar em massa o conceito próprio da palavra católica bimilenar e a difundir um outro conceito do pensar dominante. Todas as referências feitas a "Fé", na dita Burropédia, são usos alargados da palavra que abafam e contradizem o sentido próprio.
Continuemos então, agora com o livro "Sermões das Festas dos Santos" de Francisco Fernandes Galvão, LISBOA (1613):
"Diz S. Agostinho; vemos em uma Cruz o ladrão que se salvou por sua Fé ..." (pág. 49)
"... porque a sorte caiu em S. Matias para ser lançado ao deserto da gentilidade pregar a Fé..." (pág. 49)
"Homem inimigo da verdade e contrário à Religião e santa Fé, porque não leu nele coisa que confortasse com sua danada intenção, e já temia a espada..." (pág. 74)
"Nem deixam de ornar a coroa deste Santo [S. Tiago] os que seus Discípulos trouxeram à Fé, e ainda hoje se convertem com a pregação do Evangelho. Os leões bravos da Hispanha não subjugados por ferro, renderam-se por sensatez à pregação do Evangelho, e aqueles que faziam abaixar a seu jugo as cabeças dos Reis, esses as abaixaram aos Discípulos do glorioso Santiago, e ainda hoje os novos povos que reduzem à Fé em suas conquistas, servem de ornar a sua coroa no Céu onde o nosso intercessor nos alcançara graça e glória." (pág 200)
Claro que o conceito de Fé é católico. Portugal não existe fora do catolicismo, caso contrário estaríamos perante uma contradição ou um assalto. A consulta aos livros e documentos do Estado, da várias ciências, das cartas pessoais, das heranças, de toda a sociedade mostram que o conceito de Fé sempre se manteve. Vamos então procurar a "Fé" na "Década Primeira da Ásia de João de Barros: dos Feitos que os Portugueses Fezerão no Descobrimento e Conquista dos Mares e Terras do Oriente", LISBOA (1628):
"Porque vindos a este Reino o moço mandou o Infante criar e doutrinar em letras para poder receber ordem sacerdotal, e tornar a esta parte a gregar o baptismo e Fé de Cristo, e antes de chegar a madura idade faleceu: e a irmã já pelos méritos de seu irmão teve criação e vida ais de livre que cativa." (pág. 9)
"Que aqueles moços por serem filhos dos principais do seu Reino lhe pedia que os mandasse baptizar e doutrinar em as coisas da Fé, para por eles poder ser multiplicada entre os seus naturais quanto embora tornassem:" (pág. 40)
Ainda no mesmo livro aparecem usos alargados da palavra "Fé". Já vimos o caso "das coisas da Fé", e agora aparece a "fé" para designar o "credo" quando se refere a outras religiões. Na verdade fora da Santa Igreja não há propriamente Fé, embora hajam crenças e credos.
Continuamos no livro e constatemos o uso do sentido próprio e o uso de sentidos alargados, como o primeiro que se segue:
"E como toda a gente desta Etiópia é mui dada a feitiços, e neles está toda a sua crença e fé, disseram a ElRei os ministros do demónio que teciam estas obras, que soubesse certo que seu filho D. Afonso do cabo do reino donde estava, que eram oitenta léguas, todas as noites, por artes que lhe os Cristãos ensinaram, vinha voando, e entrava com suas mulheres, aquelas que lhe a ele tolhiam, com as quais tinham ajuntamento e logo à mesma noite se tornava." (pág 52)
"O qual penitenciado foi entregue àquele honrado e católico barão dom Gonçalo, que muito ajudou a este Rei nas coisas da Fé e porque ao tempo que se baptizou este capitão tomou o nome dele D. Gonçalo, ele o fez capitão d'água parte das suas terras em o reconhecimento de suas rendas. (...) Ao qual nosso Senhor deu tanta vida naquele estado real que reinou cinquenta e tantos anos, e faleceu com idade de oitenta e cinco, e em todo o tempo depois que recebeu a Fé, teve o último dia de sua visa, mostrou não somente virtudes de Cristianíssimo principe, mas ainda exercitou ofício de Apóstolo" (pág 54)
Ainda no mesmo livro aparecem usos alargados da palavra "Fé". Já vimos o caso "das coisas da Fé", e agora aparece a "fé" para designar o "credo" quando se refere a outras religiões. Na verdade fora da Santa Igreja não há propriamente Fé, embora hajam crenças e credos.
Continuamos no livro e constatemos o uso do sentido próprio e o uso de sentidos alargados, como o primeiro que se segue:
"E como toda a gente desta Etiópia é mui dada a feitiços, e neles está toda a sua crença e fé, disseram a ElRei os ministros do demónio que teciam estas obras, que soubesse certo que seu filho D. Afonso do cabo do reino donde estava, que eram oitenta léguas, todas as noites, por artes que lhe os Cristãos ensinaram, vinha voando, e entrava com suas mulheres, aquelas que lhe a ele tolhiam, com as quais tinham ajuntamento e logo à mesma noite se tornava." (pág 52)
"O qual penitenciado foi entregue àquele honrado e católico barão dom Gonçalo, que muito ajudou a este Rei nas coisas da Fé e porque ao tempo que se baptizou este capitão tomou o nome dele D. Gonçalo, ele o fez capitão d'água parte das suas terras em o reconhecimento de suas rendas. (...) Ao qual nosso Senhor deu tanta vida naquele estado real que reinou cinquenta e tantos anos, e faleceu com idade de oitenta e cinco, e em todo o tempo depois que recebeu a Fé, teve o último dia de sua visa, mostrou não somente virtudes de Cristianíssimo principe, mas ainda exercitou ofício de Apóstolo" (pág 54)
"Aquela Fé e verdade guardando nós ao que elRei D. João fez em todo o discurso de sua vida acerca deste descobrimento, posto que particularmente atrás fica escrito (...)" (pág. 59-60)
"E nestas mil e seiscentos léguas que mandou descobrir, achando-se muitos Reis e Príncipes do género gentio, nenhuma coisa que deles somente doutriná-los em a Fé de Cristo Jesus Redentor do mundo, senhor do Céu e da terra que ele confessava e adorava por seu Deus, por louvor e serviço do qual ele tomava esta empresa de novos descobrimentos da terra." (pág. 78)
"E a gente Portuguesa católica por Fé e verdadeira adoração do culto que se deve a Deus, (...)" (pág 81)
"E própria e principalmente a gente Portuguesa se pode gloriar da causa de suas conquistas por são contra infiéis: no adjúrio das quais tem tal capitão geral em os ajuda com legiões celestes na exaltação da Fé como muitas vezes no meio das azes para terror dos inimigos por eles mesmos foi visto." (pág 158)
"E eu devo lhe alguma Fé, porque um escravo Cristão que comprei para interpretação destas coisas sabia também ler e escrever nossa linguagem e era grande contador de algarismos." (pág. 180)
"ElRei D. manuel como tinha sabido os grandes trabalhos que Triunfara Rei de Cochim passara na guerra que lhe o Mamorij de Calecut fez, por lhe gratificar os méritos de quanta Fé mostrou no processo daquela guerra acerca da guarda da vida dos nossos." (pág. 173)
"E própria e principalmente a gente Portuguesa se pode gloriar da causa de suas conquistas por são contra infiéis: no adjúrio das quais tem tal capitão geral em os ajuda com legiões celestes na exaltação da Fé como muitas vezes no meio das azes para terror dos inimigos por eles mesmos foi visto." (pág 158)
"E eu devo lhe alguma Fé, porque um escravo Cristão que comprei para interpretação destas coisas sabia também ler e escrever nossa linguagem e era grande contador de algarismos." (pág. 180)
"ElRei D. manuel como tinha sabido os grandes trabalhos que Triunfara Rei de Cochim passara na guerra que lhe o Mamorij de Calecut fez, por lhe gratificar os méritos de quanta Fé mostrou no processo daquela guerra acerca da guarda da vida dos nossos." (pág. 173)
(há de continuar, se Deus quiser)
Sem comentários:
Enviar um comentário