26/10/11

A FÉ - TAL COMO A COMPROVA A HISTÓRIA (I)

Há meses lancei um repto para um levantamento sobre os conceitos de Fé. O conceito de Fé, o próprio, ou seja, o conceito católico que foi usado correctamente durante dois milénios, e que é o próprio da Santa Igreja, é hoje estranho à ignorância predominante. Mais uma vez, e tenho batalhado em dizê-lo, os conceitos católicos estão as ser todos corrompidos em vez de simplesmente ficarem esquecidos (o que já seria mau).

Na tentativa de mostrar a alguns "católicos anti-católicos" (também chamados por alguns de "católicos modernistas") o que a Igreja entende por "Fé", o espanto foi tal que foi praticamente sugerido que tal conceito apresentado não poderia ser o da Igreja mas uma interpretação minha. Ora, se perante os catecismos do passado (os que foram promulgados com a mais alta autoridade expressa e com obrigatoriedade de serem acreditados) os "católicos modernistas" tentam ingenuamente contrapor o novo catecismo sugerido e promulgado sem carácter de obrigatoriedade, e como confundem de tal foram o conceito "Igreja" como se fora um associação democrática que deveria expressar o pensamento dos membros associados, nada melhor que aproveitar para contribuir já para o tal levantamento por mim proposto.

Recorro a vários livros insuspeitos, editados até ao final do séc. XVII, e retiro deles exemplos significativos que sobre o entendido por "Fé". Certamente que isto será suficiente para que os "católicos modernistas" que têm dito o contrário concluam que o conceito de "Fé" sempre foi o mesmo na Igreja, é o mesmo e não pode ser deturpado, e que deve ser usado por qualquer católico como próprio e no sentido correcto. Espero que isto ajude também a mostrar que os falsos conceitos de Fé são mais recentes e penetraram hoje a mentalidade dos católicos que já não têm sequer conhecimento dos conceitos próprios do catolicismo e que usam no seu dia a dia.

É uma revolução passiva e destrutiva, portanto, passiva e não pacífica, como é próprio destes tempos.

Vai-nos servir para primeiro livro o "Trofeo Evangélico: Exposto em Quinze Sermoens Históricos, Moraes & Panegyricos" de D. Diogo da Anunciação Justiniano (ed. LISBOA, 1685):

"Santa Therésa - A sua primeira acção foi deixar a sua pátria para morrer em África pela . Não lhe faltou a Teresa o martírio, porque na renuncia da sua pátria experimentou Teresa a morte" (pág. i)

"[Sermão do nascimento de D. João III de Portugal e etc...] Ultimamente remata-se o sucesso do nascimento do Baptista [S. João] com se fazer público a todos pela infalibilidade de uma profecia que, aos que viviam na cegueira das sombras do Gentilismo, haviam de alumiar os seus raios: Illuminare his, quis in tenebris, et in umbra mortis sedent: acabasse o acto do nascimento do nosso Rei com se faz público nas verdades da experiência, que aonde vivia a sombra da ignorância, chegariam a desfazer as trevas da sua cegueira as luzes da sua . (...) De sorte que, conforme a opinião destes grandes Padres, veio o Baptista ao mundo, e para isso nasceu na Judeia, para fundar um quase Tribunal da contra a Pérfida dos Judeus: pois para lhe manifestar que já Cristo era vindo, foi o fim para que nasceu o Percursor. Este foi também o fim para que nasceu o nosso Rei, pois ao fundar o Tribunal da contra a Perfídia dos Judeus, para lhe desfazer os seus erros foi o primeiro esmalte com que ilustrou a sua Coroa. E com tanta proporção que assim como no nascimento do Baptista houve profecia deste sucesso, assim no nascimento do nosso Rei houve uma como profecia desta acção. Por isso se acendeu o fogo no dia do seu Baptismo, porque se no Baptismo se acende a luz da , quis o Céu mostrar que naquele dia se acendia em Portugal o fogo para duas partes: no Baptismo para o Príncipe e no fogo, que se acendeu no Palácio, para todo o Reino. Se no nascimento do Baptista há uma profecia para mostrar que o nascimento do Baptismo é para acender o lume da no coração dos Judeus; nasça o nosso Rei com presságios de , que no coração dos Judeus que radicar, simbolizada no fogo que se acendeu. (...) Príncipe cujo desvelo é eregir de novo o Tribunal da , todos serão como ele para a Coroa, mas nenhum é como ele para a glória. (...) Uma das dignidade Arquipiscopal que logra, as outras nas de Bispos, que lhe destes. Lisboa, Évora e Coimbra levantarão estátua na posterioridade à vossa grandeza, pois para conservar pura a , em uma e outra fundastes a Inquisição."

"[Sermão do Baptismo do Percursor] Quis quis Joanne plus est, Deus est: pó de perecer às criaturas que hoje não têm lugar nas praias do Jordão nem nas águas do Baptismo, porque sem as notícias da , guiados pela evidência dos olhares, lhe há de parecer Deus menos e lhe há de parecer João mais (há lhe de aparecer João mais, porque hão de ver os seus olhos a João sobre a cabeça de Deus; há lhe de parecer Deus menos porque hão de ver a Deus aos pés de João...)."

"[Sermão do Monte do Amor Divino] É de que o Evangelista falou verdade."

"[Sermão dos Últimos Dias das Quarenta Horas] Pois para o terceiro dia das Quarenta Horas, diz Oseias, que reserva Deus os seus benefícios e para provar nossa tendo três dias a mesa posta para o convite, no terceiro empenha Deus a sua liberalidade...)

"[Sermão de Nossa Senhora do Vale] Ou não sei se a Senhora do Vale quer que lhe façamos aquela tribuna, para tentar a nossa . Porque, como diz Laureto, a tribuna significa a ornada com virtudes (...) Queira Deus que agora a virtude da nossa liberalidade queira concorrer para o ornato daquela Capela. Cada pedra daquela tribuna, há de ser uma pedra de toque dará a nossa ."

"[Sermão de São Roque"] É certo, e é de , que Deus formou a Eva de uma costa de Adão."

"[Sermão da Profissão de Sóror Maria Josefa da Assunção] E que género de morte é esta? Pode haver para um homem mais que uma só morte? A nos ensina que não (...) pois que segundo género de morte é logo este que Sobna há de sentir (...)"

( leia aqui a parte II)

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