20/10/11

IGNORÂNCIA RELIGIOSA e a TENTATIVA DE DESLOCAMENTO DO VOCABULÁRIO CATÓLICO

Sem vocabulário fixo o entendimento do passado é impossível e
o entendimento do presente é muito relativo (Babel)
As palavras têm um significado próprio, e significados alargados. Ouve-se hoje bastante a palavra "mártir" no seu sentido alargado, tanto que o seu sentido próprio é desconhecido pela maioria. 

O uso do sentido alargado, obviamente, supõe o sentido próprio. Hoje há cada vez mais pessoas que ignoram os sentidos próprios, ao mesmo tempo que usam os sentidos alargados como se fossem os próprios. Este fenómeno crescente e implica desastres enormes, sobretudo quando as palavras em causa são em grande parte de origem católica e que até fazem parte do vocabulário próprio da nossa Santa Religião.

O conhecimento do significado próprio de uma palavra possibilita um melhor e mais vasto uso da mesma, mesmo em situações alargadas. Assim, com a palavra "pedra" podemos dizer "o cérebro do João é uma pedra", ou com a palavra "flor" dizer "Maria é uma flor". Apenas porque todos conhecemos o significado próprio destas palavras podemos também entender esta aplicação alargada em múltiplos usos. Os poemas estão repletos deste recurso.

Podemos unicamente bem alargar os significados quando conhecemos o sentido próprio. No caso da palavra "mártir", por exemplo, verificamos um fenómeno preocupante, tal como tantas outras palavras fundamentais para o entendimento do catolicismo, o sentido alargado foi muito difundido por grupos avessos à Igreja e hoje, de modo geral toma-se o sentido alargado como se fosse o sentido próprio e quer fazer-se acreditar que o sentido próprio é apenas uma variante do sentido alargado. Portanto, neste caso, o mártir seria aquele que deu a vida por uma causa qualquer ou que sofreu por ela, e o Mártir S. Sebastião, por exemplo, seria assim chamado porque teria dado a vida pela Fé. Ora, o sentido próprio de "mártir" radica no facto de ganhar o céu por não abdicar da Fé sendo que para tal tivesse custado a vida. Um revolucionário que se atirou ao seus opositores para os combater fisicamente e acabou por ser morto não é um mártir, pelo contrário.

O mesmo podemos observar com conceitos tais como "liberdade", "Fé", "heresia", "santo", etc...

É um fenómeno que seria interessante para o estudo dos doutros católicos das línguas.

Sem comentários:

TEXTOS ANTERIORES