Falar das Jornadas Mundiais da Juventude 2011 em Madrid daria "pano para mangas".
Sem pudor, recorri à Agência Ecclesia e destaco o seguinte: "Falando em português, o Papa admitiu que os católicos se podem sentir em “contra-corrente no meio duma sociedade onde impera a cultura relativista que renuncia a buscar e a possuir a verdade”".
Palavras muito oportunas, se retirarmos a parte escrita pela Agência Ecclesia "...admitiu que os católicos podem SENTIR em ...". Os católicos normalmente não sentem que a sociedade é uma contra-corrente. Esta nota do "sentir" é por si relativista e anula a frase transcrita do Papa que seguiu. Pois aquela da Ecclesia submete a frase do Papa ao mero sentir (subjectivo) retirando a frase o seu valor realista. Parece também que se trata de uma autorização dada: os católicos podem sentir que estão numa contra corrente (no problema). .............. Caro leitor, volte a ler atentamente a frase em causa caso não tenha entendido o problema.
Numa sociedade onde impera a cultura relativista o católico tem de ser realmente uma contra-corrente, ou de outra forma, o catolicismo e a sociedade actual são contra-correntes uma da outra. O mesmo é admitir que a cultura católica, a civilização católica, não é compactível com a cultura do relativismo e que é uma civilização do esforço por construir segundo a verdade e se submeter à verdade. Também daria "pano para mangas" desenvolver este último aspecto, o da civilização da verdade contra a civilização das maiorias (democracia).
Contudo, também o Papa acabou por contradizer as suas belas palavras com palavras opostas:
“crer significa entrar numa relação pessoal com Jesus e viver a amizade com Ele em comunhão com os demais, na comunidade da Igreja” - Segundo o que a Igreja nos ensinou sempre, "crer" não significa isto, significa assentimento, adesão convicta, etc. Com outra noção muito alargada de "crer", ou deturpada, não será possível rezar o CREDO com o mesmo entendimento que sempre teve e foi entendido! As palavras devem conservar o seu sentido próprio para que o entendimento de conjunto seja possível. Estes pequenos "bloqueios" têm-se vindo a somar nas últimas décadas impossibilitam a inteligência de receber, sustentar, ou entender a verdade. Se o Papa introduz uma outra noção de "crer" contra o que sempre nos foi ensinado pela Igreja ao longo de gerações, é José Ratzinger que o assina e não o Papado (pois vai contra o Papado). Ainda que seja uma assunto filosófico, não é possível tratar o teológico quando os conceitos são RELATIVIZADOS pela base. O que adiantaria um juízo certo se as premissas não equivalerem à realidade? (e entra nisto o problema do racionalismo no modernismo). E, como já tive oportunidade de explicar em outras ocasiões, a "partícula mínima" do modernismo é: manter as palavras e ir-lhes mudando o significado. Estamos perante sinais de modernismo que parecia estar a ser combatido com aquela primeira frase do Papa neste artigo. O relativismo é um COMPONENTE do modernismo. E, para explicar isto, retomo a "partícula mínima" em que o valor de uma palavra é sempre relativo se temos em conta que nela não muda a forma mas varia o conteúdo. Por outro lado há nisto um desdobramento em subjectivismo (a variabilidade dos conteúdos) e formalismo (a conservação da aparência). A inclinação à verdade, a civilização da verdade, o catolicismo não é compactível com a mentira sabendo que a mentira, para existir, tem que ter um suporte de verdade. A crença modernista pensa segundo esta equação e não consegue abdicar dela nem consegue assentir as verdades reveladas que acaba por submeter ao "valor" constantemente relativo e subjectivo.
"Em polaco, o Papa deixou votos de que os jovens ajudem a Europa “a encontrar de novo as suas raízes cristãs”" - Soa muito bem... Mas é inverosímil, porque equivale a mandar jovens de olhos vendados ajudar no caminho ao cego sem permitir que tirem a venda. A Europa não pode ser entendida por cabeças condicionadas ao modernismo (para isso o inimigo já o faz), seria como deitar água num copo e esperar que ela tomasse a forma de um outro copo diferente. Estamos cheios de europeus que não entendem a Europa porque a pensam de outra forma. A esmagadora maioria dos católicos não abandona os erros modernistas , nem imaginam o que isso seja e nos últimos tempos tem-se deturpado o sentido de "modernismo" fazendo acreditar que ele é um fenómeno social de superficialidade. No fundo os modernistas, como são maioritários, acabam por divulgar um conceito falso de "modernismo" o qual incentivam a combater. Ficando assim neutralizado o uso da palavra "modernismo" sempre que venha à conversa e, não tarda, a que comesse a ser introduzido em suportes mais "sérios" e finalmente académicos até. Mas como vão os jovens falar da Europa se eles dão o bem pelo mal e o mal pelo bem, e ignoram o catolicismo e professam o protestantismo e são hospedeiros do modernismo?! Se o Vaticano hoje não lhe ensina a Doutrina nem o que é a Europa como deveria dizer-se aos jovens para estarem quietos em vez de dizerem asneiras. Como não esperar um resultado catastrófico?! Enviam-se soldados quando pensam que o inimigo é na verdade o amigo e o amigo é na verdade o inimigo?! Enviam-se soldados catequizados de forma a não saberem a cor da bandeira de Nosso Senhor e pensando que a bandeira do inimigo é tão má que a parte má da sua bandeira?! Não viu o Papa que o sal não salga mais e que os jovens estão a pregar com esforço os mesmos erros que outros inimigos da Igreja já tinham pregado com esforço?!
Os Bispos de Portugal fizeram uma catequese aos jovens agora pela JMJ 2011. Ora, sabemos bem que a catequese hoje vai sendo gradualmente aumentada em anos, mas já nem todos dão conta dos erros doutrinais e de pensamento que os senhores Bispos proclamam aos Domingos. Colocam o Concilio Vaticano II como referência DOUTRINAL e, em caso de incompatibilidade, preferem a indicação PASTORAL à obrigação DOUTRINAL. O Concílio Vaticano II é tomado como o ponto zero (antes e depois).
As minhas pequenas sondagens a jovens católicos entre os 15 e os 19 diz-me que:
- Não conseguem suportar a Doutrina católica por incompactibilidade com o sistema de crenças que têm e que é mais ou menos comum entre todos os jovens independentemente do credo que professam numa Igreja ou seita ou corrente espiritualista etc...;
- Não sabem o que é a Missa e confundem-na com a versão protestante;
- Negam totalmente ou parcialmente a presença real de Nosso Senhor (Hóstia consagrada);
- Não sabem o que é a Igreja;
- Não sabem o que é o Papa e não acreditam no dogma da infalibilidade;
- Não acreditam que as aparições de Fátima existiram realmente ou confundem-nas como fenómenos psicológicos ou extraterrestres;
- Não sabem o que é a Fé e dizem que a verdade absoluta é uma impossibilidade;
- Estão geral estão impregnados de subjectivismo e sentimentalismo excluindo à religião o realismo que sempre a marcou;
- São modernistas mais convictos que seus pais;
- Em geral não têm má vontade e mostram-se receptivos a tudo inclusivamente à Doutrina que não lhes foi ensinada;
- Ao contrário do que até há poucos anos era normal, têm mais vícios que os adultos.
O Papa Bento XVI quer enviar estes jovens quando os Bispos não estão dispostos a abraçar a Igreja sem rodeios e condições tal como Ela sempre se disse ser? Quem formou os jovens, não foram os Bispos?! É esta "Nova Igreja" a "Igreja do Concílio" tão ambicionada pelos modernistas e gradualmente desenhada por todo o século XX, e que se catapultou finalmente pela brecha a pretexto do Concílio Vaticano II.
Meu Deus...
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