08/06/11

THÉROIGNE DE MÉRICOURT, a gaja DA REPÚBLICA

Quem é Théroigne de Méricourt? Não é uma senhora, é uma mulher francesa que acabou por personificar a fúria da revolução francesa. Nem o nome próprio é seu, o "de Méricourt" é somente o nome da aldeia onde nasceu. E da aldeia até Paris demorou um ano para se tornar tão conhecida. Não era propriamente uma desconhecida moçoila da aldeia, o velho marquês de Persan já a conhecia bem para lhe lhe dispensar uma casa bem localizada, perto do Palais Royal. O corte e costura não lhe bastavam e preferia os revoltosos debates apaixonados que foram tornando o Palais Royal em rival da Assembleia Nacional. 

Os historiadores republicanos (como Lamartine e Carlyle) colocaram-na como símbolo de uma "revolta popular", mas ela tinha afirmado nada ter a ver com isso e de não estar no assalto à Bastilha! Mas Lamartine insiste "ela desceu às ruas. Sua beleza foi como um estandarte para a multidão. Vestida com um traje de montador vermelho sangue, o sabre às costas, duas pistolas à cintura, e voava à frente da movimentação de gente. Esteve na vanguarda dos que forçaram a entrada das Tullerias e retiraram o canhão, e foi também a primeira no assalto que levou a escoltar as torres da Bastilha. Os vencedores concederam-lhe uma espada de honra." (assim escreve em História dos Girondinos)


Não, na verdade a participação desta mal comportada foi mais gradual e menos arrebatante. Era pessoa de pouca educação, como é costume nos arruaceiros, mas tinha recebido lições de canto. Foram mais os seus atributos físicos generosos mas sem refinamento, engenho e talento que a foram fazendo notar-se no meio da penumbra entre as artes e o "demi-monde". Morena e baixa, tinha vinte e oito anos e "um desses narizes retroussé que modificam o destino dos impérios". Não tinha um passado duvidoso, na medida em que ninguém tinha já dúvidas dele.

Era fascinada pela política e apenas em 1789 começou a ter alguma doutrinação nesse sentido com as sessões no Palais Royal. A esperança e o idealismo sopravam-lhe tanto como a violência incipiente. O ambiente das sessões comoviam-na e, claro, iludiam-na. Comovia-se com a aparência falta de egoísmo e parecer que não havia ali classes sociais diferentes (as pessoas misturavam-se e todos falavam com todos, ricos e pobres como iguais). Ao assistir às sessões da Assembleia Nacional em Versalhes aumenta-se-lhe a devoção pela democracia. Diz ela "Ao princípio entendi pouco as deliberações, mas gradualmente cheguei a ver a luz e no final compreendi que ali estava o Povo enfrentando cara a cara com o Privilégio. A minha simpatia pela sua causa aumentou à medida que me informei melhor que o direito e a justiça estavam do lado do povo.

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