27/06/11

O "ONDE" DOS SANTOS (IV)

De cinco títulos pelos quais (conforme o Direito, e viver salvo recebido) pode um Santo, ou varão ilustre em virtude, pertencer a algum reino ou cidade, etc. (IV)


"O segundo título, que faz ter uma pessoa, como por natural de algum reino, cidade ou vila, é a dignidade, ou Benefício Eclesiástico, ou ofício político, que nele teve. No político o determinara os romanos imperadores na d.L. Cives C. de incolis lib. 10 L. Senatores eod.tit.onde o provam os Doutores, do qual [?] ao presente não tratamos. No Eclesiástico o Direito Canónico cap. Cum nulus de temp. ordinat. Lib. 6. fazendo súbdito, e diocesano de um Bispado para poder (como natural) tomar Ordens o que nele tem algum benefício, ou Prebeda, o que á fortiori se deve entender do mesmo Bispos, pois é o Benefício, e dignidade maior de todas; assim o prova Barbosa alegado n.2. e 34. e por ser coisa tão geralmente recebida, as Igrejas admitem, e celebram como santos próprios a seus Prelados, e Dignidades, dado que sejam outros os lugares de seus nascimentos e trânsitos. Desta maneira a de Compostela, e Iria solenizam a S. Rozendo seu Bispo, que nasceu na Diocese do Porto, e faleceu no mosteiro de Cella-nova em Galiza; a de Braga  a S. Autberto por pátria francês, que passou desta vida na cidade de Cambrai em Flandres, porque foi seu Arcebispos; a de Toledo a S. Olímpio natural desta cidade de Lisboa, que faleceu em Tárcia, como foi Arcebispos, e outro sim a S. Giraldo francês que faleceu em Braga, respeitando ter sido seu Arcebispos. A isto se junta que aos dias de suas consagrações, chamam os santos Padres de seus nascimentos, e como tais se celebra na Igreja a de muitos, como consta dos Martirológios.

O terceiro é por habitação, morada, e domicílio, que constitui ao que o continua por dez anos (e ainda menos) com ânimo de perseverar nele, por natural da cidade, ou lugar, onde o teve conforme a L.2. das práticas p.4, tit.24. e a nossa Ordenação lib.2.tit.56.in principio, e sobre elas, os Doutore. Por esta razão nos parece o B. F. António de Segóvia, natural da dita cidade, porque foi muitos anos monge de Alcobaça, de onde passou aos Franciscanos, e faleceu em Aquitânia, e o B.F. Pedro de Alcântara, e F. Jerónimo Graciano, outro sim castelhano, carmelita descalço que de assento residiu entre nós e foi Provincial, o Padre André Ricardo de Hibérnia, que depois de ser frade Lóio muitos anos em Portugal, pregando em sua pátria, conseguiu coroa de martírio, e outros muitos, que por brevidade se apontam."

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