26/03/11

"PROMETEO" - Amostra - Conclusão V


Capit. 2
O HOMEM NOVO
E. Conclusão


"O humanismo moderno – não o integral, por favor! – senão a dignidade dum homem cujo valor supremo é a liberdade, cuja inteligência está liberta da tirania da realidade pelo relativismo subjectivista, cuja moral está regida pela lei suprema de sua própria consciência. É um homem que não reconhece nada que esteja por cima de sua própria natureza, que se tornou ateu, já que não seja por ter renunciado – como reconhecia Paulo VI – à transcendência das coisas supremas.

Prometeo, ou seja, o Concílio, sai ao encontro e lhe propõe um “humanismo novo”, no qual não só não perderá nenhuma das suas custosas conquistas, senão que verá enriquecido com o fogo divino: a herança da Igreja. Que se recorde que Dela tomou as suas riquezas e que advirta que só a Ela lhas conserva:

- Na liberdade está certamente – concede o Concílio – a dignidade suprema do homem, mas por ela transcendemos a condição de puras criaturas e nos elevamos à condição de imagem do Criador. A liberdade é participação da natureza divina. Veja-se como a liberdade aparece mais bela considerada na sua transcendência.


- É certo – concede o Concílio – que as nossas fórmulas conceptuais dependem da subjectividade de cada um e não estão assim submetidas à “tirania” de um único sistema doutrinal, mas a inteligência pode transcender o puramente fenoménico e ter a experiência da Verdade no mistério de Deus. E que o homem não tema, porquê no mistério de Deus não achará outra coisa que a revelação o do seu próprio mistério: assim como Deus se vê a si mesmo no homem, feito à sua imagem, o homem vê-se a si em Deus.

- A consciência – concede o Concílio – é certamente a lei suprema da moralidade, mas como as humanas tendências do coração são lei natural, participação da lei eterna do Criador, todo o homem de boa vontade cumpre espontaneamente com a vontade de Deus. Não temamos, então, que a vontade de Deus é que sejamos livres de fazer o que bem nos parecer.

- Acontece que – concede por último o Concílio – mais de um teólogo apresentou a graça divina como um fogo que consome ao homem como incenso para glória de Deus, mas na realidade a graça, participação da natureza divina, não é outra coisa que a plenitude da liberdade dos filhos de Deus. Mas a experiência mostra que o hábito do pecado reduz a liberdade (um só pecadinho é pouca coisa), pois o que fuma já não pode deixar de fumar. Ora bem, a graça de Deus ajuda-nos a libertar-nos destas estruturas escravizantes do pecado.

Razão tinha Paulo VI para declarar que entre o humanismo ateu e o humanismo novo do Concílio não havia nenhum conflito. A única diferença está em que o primeiro anda órfão e o segundo tem Deus e à Igreja a seu serviço."


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