05/02/11

JOÃO PAULO II E A HERESIA

Com as devidas reverências, limito-me a transcrever partes centrais dum sermão do Rev. Pe. Carlos Mestre, proferido neste mês de Janeiro ido, dia 23 (2011), na capelinha da FSSPX em Lisboa:

“… Maria censura seu irmão Moisés, por causa da mulher etíope com que tinha casado. Subitamente a cólera do Senhor manifestou-se contra ela, e Maria encontrou-se coberta de uma lepra branca como a neve. Deus pediu que fosse excluída do acampamento durante sete dias, depois dos quais recuperaria a saúde.

Nos capítulos 13 e 14 do Levítico mostra-nos toda a legislação mosaica sobre a lepra: os sinais que tornavam o leproso reconhecível e facilmente identificável, a purificação e o restabelecimento na sociedade, tudo isto, determinado pelos sacerdotes.

S. Tomás de Aquino compara a lepra com a heresia. Duas são as características da heresia, semelhante às da lepra:
- A heresia mistura o são com o enfermo, o verdadeiro com o falso. O leproso apresenta no seu corpo partes com aparência de perfeita saúde, enquanto outras partes caem corrompidas. O herege combina habilmente a verdade com a mentira para construir o erro.
- A heresia é contagiosa. A história apresenta exemplos lamentáveis que ganharam uma grande importância e extensão, como o arianismo ou a crise do protestantismo. A ração é relativamente fácil porque o herege propõe habitualmente um alívio ao entendimento humano tirando o mistério de um aspeito qualquer da religião, e um alívio também para vontade porque alarga o caminho que conduz ao Céu.

A heresia é uma lepra que o católico tem de evitar. Por isso não podemos aprovar de nenhuma maneira, nem a decisão de beatificar João Paulo II, nem a convocação que Bento XVI fez de renovar a reunião em Assis para o mês de Outubro.

Oxalá que João Paulo II esteja no Céu, longe de mim desejar a perdição eterna de alguém, mas não podemos mostrar como exemplo de virtudes alguém que não só não defendeu a Fé no exercício do seu Ministério Petrino, não só não guardou e protegeu os dogmas dos quais a Igreja tem o depósito, mas ainda foi ambíguo e mesmo equívoco na expressão de matéria de Fé, nas suas palavras e nos seus actos.

João Paulo II foi um homem do Concílio Vaticano II, como também Bento XVI, Os dois tiveram parte activa na sua elaboração, e os dois têm como missão a aplicação e colocação em obra de um Concílio que é a única referência intocável desta “Igreja Concíliar”. A verdade para eles é o Vaticano II. Mas o problema é que o Vaticano II supõe uma ruptura com a Igreja Católica.

Foi João Paulo II quem teve a brilhante ideia, em 1986, de reunir em Assis todas as religiões, não para rezar juntos, mas estar juntos para rezar. Esta primeira reunião foi seguida de muitas outras: Kyoto, Roma, Malta, Bruxelas, Milão… repetida todos os anos em cidades diferentes. Este ano será a terceira em Assis, pois a segunda foi em 2002.

Monsenhor Lefebvre escrevia “É o primeiro artículo do Credo e o primeiro mandamento do Decálogo que é esbofeteado por aquele que se senta na Sé de Pedro. O escândalo é incalculável nas almas dos católicos. A Igreja é abanada nos seus alicerces.”

Porque somos católicos? Porque, pela graça de Deus queremos salvar a nossa alma e porque sabemos que só Nosso Senhor Jesus Cristo pode faze-lo. Porque estamos convencidos que só Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida. Porque só Ele morreu por nossos pecados, ou como diz São Paulo “Só Ele, quando estávamos mortos pelos nossos delitos, vivificou-nos como Ele, perdoando-nos todos os nossos pecados, cancelando a acta escrita contra nós, cujas prescrições nos condenavam, aboliu-a inteiramente, cravando-a na Cruz.” (Col 2, 13-15). E na mesma epístola aos Colossenses descreve Jesus Cristo “Ele é a imagem de Deus invisível, o Primogénito de toda a criação, porque n’Ele foram criadas todas as coisas, nos Céus e na Terra, as visíveis e as invisíveis… Todo foi criado por Ele e para Ele, Ele existe antes de todas as coisas e todas têm n’Ele a sua subsistência. Ele é o Princípio, o Primogénito dos mortos… Porque agradou a Deus que residisse n’Ele toda a plenitude, e por Ele foram reconciliadas consigo todas as coisas, pacificando pelo Sangue da sua Cruz, tanto as da terra como as dos Céus. E a vós que também outrora éreis estranhos e inimigos pelos vossos pensamentos e más obras, reconciliou-vos agora pela morte de seu Filho, no seu corpo carnal, para vos apresentar santos, imaculados e irrepreensíveis perante Ele, se permanecerdes fundados e firmes na Fé, e inabaláveis na esperança do Evangelho que ouvistes, que foi anunciado a toda a criatura que há debaixo do Céu.” (Col 1, 21-23)”

“A “Fé” de Bento XVI não é a nossa (Fé). (…) É um escândalo que o Vigário de Cristo diga publicamente que Aquele a quem representa não é necessário (…).”

“A (FSSP) Fraternidade Sacerdotal de São Pedro considera que não podermos julgar o Papa, que nós devemos calar diante deste escândalo, diz que a (FSSPX) Fraternidade Sacerdotal São Pio X é infectada pelo vírus que pretende combater: julgar o ensinamento e os actos do Sumo Pontífice. Mas isto é um dever, é a nossa obrigação como católico, e mesmo se não temos a intenção de romper com o Sucessor de Pedro, não podemos ficar como se nada se passasse. É a honra de Deus, de Nosso Senhor, da própria Igreja Católica o que está em jogo.” (…)

“Peçamos pelo Papa, para que também ele se converta pela Igreja (…), e façamos reparação por essas injúrias que atraem os castigos e as maldições de Deus.

Nossa Senhora aceitaria ver seu Filho ao mesmo nível que um Buda, um Maomé, um Lutero…? Nossa Senhora veria com bons olhos que os homens possam apartar-se de Jesus Cristo como se seu Filho fora mera questão de opinião? É claro que não. Que Ela, Mãe do único Deus que pode justificar-nos rogue também por todos nós, para Deus nos conserve a Fé” (…)

4 comentários:

Anónimo disse...

João paulo II foi um Papa de amor mas há questoes que precisão de ser revistas...

anónimo disse...

O que significa "um Papa de amor"? Visto que não há Amor fora da Verdade (assim ensina a Igreja)não entendo o que queres dizer. Podes explicar-te?

As acções de João Paulo II contra a Deus, contra a Santa Doutrina, contra a Igreja, não são coisas que possam ser revistas, elas são factos inegáveis e indeléveis. Ele era Papa sim mas herege e foi o que mais arduamente trabalhou para espalhar a heresia como se fosse a Doutrina da Igreja. Queres que te mostre ?!

Dá lá exemplo dessas coisas que tu dizes que "precisão de ser revistas"?

anónimo disse...

Entende que quando digo "acções de João Paulo II contra Deus", não refiro que sejam intencionalmente contra, mas são sim objectivamente contra.

anónimo disse...

Olga...
E agora? Hoje é dia 1 de Maio, houve uma "cerimónia de beatificação" de João Paulo II, e as questões que dizes que tinha de ser resolvidas não foram resolvidas! E agora?!

Será que se trata de uma falsa beatificação? Será que se trata de uma outra Igreja com os seus privados santos e beatos?

Uma coisa é certa, João Paulo II não é beato porque isso seria contra o que Deus nos ensinou, contra a Igreja, e contra a Santa Doutrina. Resta saber de que igreja é esse beato.

TEXTOS ANTERIORES