Sobre o Arcebispo de Évora D. Fr. Fortunato de S. Boaventura diz o liberal autor Inocêncio Francisco da Silva:
"D. Fr. Fortunato de S. Boaventura nasceu em Alcobaça à volta do ano de 1778 [seu pai era livreiro da vila]. Professou a Regra de S. Bernardo no Mosteiro de Alcobaça, em 25 de Agosto de 1795. Frequentou, na Universidade de Coimbra, a Faculdade de Teologia, nela se doutorou em 6 de Julho de 1810 [outros autores dizem 8 de Junho de 1811]. Foi professor [regente da cadeira] de História no Colégio das Artes. Em 27 de Agosto de 1831 foi nomeado reformador geral dos Estudos [cargo que até então tinha cabido a D. Francisco Alexandre Lobo, Bispo de Viseu]. Em 29 de Setembro deste mesmo ano, foi apresentado Arcebispo de Évora, e confirmado neste lugar pelo Papa Gregório XVI em 24 de Fevereiro de 1832, e sagrado em 3 de Junho deste mesmo ano [o próprio Rei o tinha nomeado, segundo fez saber, para dar a tão importante diocese um Bispo de grandes virtudes reconhecidas e pessoa digna de muita confiança]. Pouco tempo esteve em Évora. Triunfando a causa de D. Pedro, e "restabelecido" [aspas minhas] o governo constitucional, de cujas doutrinas foi sempre adverso, retirou-se [foi exilado] em 1834 para a Itália, vivendo os últimos anos em Roma, sem conforto e com pouquíssimos recursos económicos [como sempre o fez e faria qualquer bom monge]. Faleceu nesta cidade em Dezembro de 1844, e foi sepultado na igreja de S. Bernardo."
Para que não dê a falsa ideia de que D. Fr. Fortunato tivesse sido abandonado ou esquecido no final da vida, e que esse fosse o motivo da sua vida em pobreza, convirá lembrar que, segundo publicou em 1843 o "Il Mercurio di Roma" o nosso grande português morava no Convento de S. Anderea della Vall.
A biografia é breve porque não conseguiram apagá-la. Que vivas haveriam de querer dar os vencedores liberais a um Monge Arcebispo que durante as invasões francesas escreveu contra elas e contra o que elas representavam? (leia-se o opúsculo "Quando da Infame Conducta de Napoleão Bonaparte para com os Diferentes Soberanos da Europa, desde a sua intrusão no Governo Francês até Junho de 1808")
Em Maio de 1820 Fr. Fortunato foi nomeado correspondente da Academia Real das Ciências, e no ano seguinte nomeado sócio livre. O seu prestígio como historiador profundo e de rigor está também reconhecidos pela nomeação para Cronista da Ordem de S. Bernardo (cargo habitualmente desempenhado por monges que deixaram elevado nome na nossa história).
Em Maio de 1820 Fr. Fortunato foi nomeado correspondente da Academia Real das Ciências, e no ano seguinte nomeado sócio livre. O seu prestígio como historiador profundo e de rigor está também reconhecidos pela nomeação para Cronista da Ordem de S. Bernardo (cargo habitualmente desempenhado por monges que deixaram elevado nome na nossa história).
A grande parte dos sermões proferidos por D. Fr. Fortunato de S. Boaventura, os quais eram proferidos e publicados pela Imprensa da Universidade de Coimbra, foram depois na sua maioria queimados quando a mesma Imprensa foi ocupada pelos liberais (por via da Junta Liberal do Porto); acto do mais invertido critério de censura.
Parte superior da Capela mór da Sé de Évora |
D. Fr. Fortunato de S. Boaventura nunca deixou o Arcebispado de Évora, e sempre, como de direito, continuou a agir como Arcebispo de Évora no exílio. Antes da sua partida para Roma, as falseadas novas "autoridades eclesiásticas" sobrepostas por via do ilegítimo governo liberal usurpante violentaram-no a sair da Arquidiocese. Escreveu então duas pastorais aos seus diocesanos a dar conta das ocorrências; uma foi escrita em Pombal a 15 de Setembro de 1833, e a outra em Condeixa a 21 de Outubro seguinte.
Tudo isto é uma pequena mostra para que se entenda porque as biografias que os liberais compuseram são tão reduzidas e pouco claras quando dizem respeito aos seus adversários, e aumentam as páginas aos do maldito liberalismo (pois chegam a colocar diante do Povo estátuas erguidas aos criminosos com o metal roubado de outras tantas estátuas a homens que sempre defenderam o que Portugal sempre defendeu).
Também, para que não se pense que D. Fr. Fortunato de S. Boaventura foi um caso isolado (embora seja personagem peculiar), ou que tivesse uma causa e visão muito originais (coisa que os liberais sempre tentam fazer crer: assim pareceria que a causa não foi nacional, mas sim de um grupo minoritário de indivíduos), devo lembrar ao, no texto transcrito, o liberal Inocêncio Francisco da Silva trata por "retirou-se em 1834 para a Itália" o que na verdade foi exílio forçado. O próprio D. Pedro de Alcântara, em carta a Gregório XVI, em Outubro de 1831, insurge-se contra o reconhecimento dado por Sua Santidade ao Rei D. Miguel, e ameaça que não aceitaria nunca a nomeação dos novos Bispos por D. Miguel. Caso ele tirasse o Rei D. Miguel do Trono, dizia que expulsaria do Reino a tais Bispos como rebeldes e traidores. O que é certo é que, passados alguns meses, o Santo Padre confirma tais Bispos, entre eles D. Fr. Fortunato de S. Boaventura. Assim que D. Pedro usurpou o Trono cumpriu com a ameaça.
Também, para que não se pense que D. Fr. Fortunato de S. Boaventura foi um caso isolado (embora seja personagem peculiar), ou que tivesse uma causa e visão muito originais (coisa que os liberais sempre tentam fazer crer: assim pareceria que a causa não foi nacional, mas sim de um grupo minoritário de indivíduos), devo lembrar ao, no texto transcrito, o liberal Inocêncio Francisco da Silva trata por "retirou-se em 1834 para a Itália" o que na verdade foi exílio forçado. O próprio D. Pedro de Alcântara, em carta a Gregório XVI, em Outubro de 1831, insurge-se contra o reconhecimento dado por Sua Santidade ao Rei D. Miguel, e ameaça que não aceitaria nunca a nomeação dos novos Bispos por D. Miguel. Caso ele tirasse o Rei D. Miguel do Trono, dizia que expulsaria do Reino a tais Bispos como rebeldes e traidores. O que é certo é que, passados alguns meses, o Santo Padre confirma tais Bispos, entre eles D. Fr. Fortunato de S. Boaventura. Assim que D. Pedro usurpou o Trono cumpriu com a ameaça.
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