22/05/14

"PORTUGAL EM ROMA" - AS AFRONTAS LIBERAIS E A NOMEAÇÃO POSTERIOR DE BSIPOS (I)

"Gregório XVI, depois de ter desaprovado com uma nota ao Corpo Diplomático contra a expulsão do Núncio, na alocução de 30 de Setembro de 1833 reprovou altamente todos os atentados cometidos contra a liberdade eclesiástica, os cânones e direitos da Igreja pelo poder laico em Portugal, confirmou tudo que expusera na Constituição "Sollicitudo", isto é, que tratando com D. Miguel I apenas se inspirara em cumprir os deveres do apostólico ministério, declarou írritos e nulos todos os actos em matéria religiosa, emanados dos governantes da coisa pública em Portugal e fez votos para que Deus lhes inspirasse melhores conselhos.

Como não menor energia e firmeza protestou, cheio de dor, o Pontífice na alocução de 1 de Janeiro de 1834, quando, por novos actos e decretos do "governo" de D. Maria II, lesivos dos direitos da Igreja pela expulsão do Auditor da Nunciatura Mons. Curoli, que em Lisboa havia ficado, ameaçou de fazer uso severo da autoridade eclesiástica.

D. Miguel I, depois da "capitulação de Évoramonte" segundo a declaração forçada de 29 de Maio de 1834, embarcou em Silves a 1 de Junho e chegou a Génova no dia 21.

No Consistório de 1 de Fevereiro de 1836 o Papa voltou a lastimar a penosa situação da Igreja em Portugal, onde a continuação das injúrias ao poder eclesiástico "era coisa acerbíssima e indigna de uma nação que tinha as soberanas responsabilidades de título de "Fidelíssimo"".

Não obstante a rotura de relações entre o "governo" de Portugal e a Santa Sé, ficou em Roma como Encarregado de Negócios o Cav. João Pedro Miguéis de Carvalho e Brito, antigo secretário da Embaixada portuguesa.

Um grande vendaval passara pelo país e pela vida religiosa da Nação. As dioceses estavam sem pastor. Só em 1832, por morte de D. Carlos de S. José de Azevedo, foi eleito Bispo da Guarda D. Joaquim José Pacheco; em 1833 é apresentado para Bispo do Porto D. Fr. Manuel de S. Inês, agostinho calçado e vigário capitular do mesmo bispado; e em 1836 D. Luís Tristão Vaz Teixeira, egresso graciano de Portugal, é apresentado bispo de Meliapor. Em 1840, com a nomeação do Visconde da Carreira, Luís António de Abreu, para Ministro junto do Santo Padre, Gregório XVI, os assuntos religiosos de Portugal tomaram melhor feição. Concertou-se que a "rainha" não se oporia aos bispos nomeados por D. Miguel I e revogaria a proibição de recorrer a Roma para as dispensas. O Visconde da Carreira demorou-se pouco tempo em Roma; e em outubro apresentou credenciais como Enviado Extraordinário e Ministro Plenipotenciário João Pedro Miguéis de Carvalho, que passou a residir no palácio Potenziani em frente da Igreja dos Lucchesi.

Assim foi que em 1840 (a 28 de Fevereiro) foi sempre sentado para Bispo de Cochim D. Joaquim de Santa Rita Botelho, egresso franciscano do Estado da Índia; a 27 de Novembro foi apresentado Bispo de Cabo-Verde D. Henrique Moniz, Vigário Capitular do mesmo bispado; na mesma data foi apresentado Bispo de Angola D. Leonardo José Vilela, também Vigário Capitular; e a 8 de Março de 1841 foi apresentado Arcebispo Primaz do Oriente D. Rocha Mir Furtado, egresso dos Jerónimos de Portugal.

E já agora que entramos na secção das nomeações episcopais para Portugal e seus domínios,diga-se que em 1841 foi apresentado para Bispo de Aveiro D. António de S. Elísio da Fonseca; para Arcebispo de Braga D. Pedro Paulo de Figueiredo da Cunha e Melo, lente de prima da Faculdade de Direito de Coimbra, subdiácono da diocese de Lamego; à morte de D. Miguel da Madre de Deus; para Lamego Dr. Fr. José da Ascenção, morrendo antes de tomar posse.

Em 1842 foi nomeado Bispo de Cochim o Pe. Joaquim de Santa Rita Botelho; para Bispo de Pequim foi eleito o Pe. João da França de Castro; e foi apresentado Prelado de Moçambique Fr. João das Dores, carmelita descalço.

Em 1843 o número de bispos nomeados foi maior."

(continuação, II parte)

Sem comentários:

TEXTOS ANTERIORES