14/05/14

DEPOIS DA MORTE - VENERÁVEL ALEXANDRINA

DEPOIS DA MORTE

Voara para o Céus a alma da Alexandrina.

Na manhã de 14, estava o cadáver, no caixão por dentro todo alvíssimo também. Ainda de manhã começou a romagem - Romagem de 21 horas consecutivas, ininterruptas, até à hora do funeral, na manhã do dia 15, de pessoas vindas de muitas terras vizinhas, e do Porto, Braga e Guimarães. Eram pessoas de todas as categorias sociais: lentes de medicina, médicos, advogados, comerciantes, industriais, capitalistas, artistas, e a enorme massa do povo modesto e humilde.


O seu funeral foi diferente de todos os outros. Alguém escreveu: "Um enterro talvez nunca visto em Portugal". Não se ouvia rezar por alma dela. Ouvia-se, sim, pedir-lhe a ela que lá do Céu rezasse por todos. Não era um funeral: era uma consagração, um triunfo.

Quando a sua urna foi aberta na igreja paroquial, enquanto quarenta sacerdotes diocesanos e religiosos que espontaneamente compareceram, cantavam o Ofício e se celebrava a Missa de corpo presente, o povo comprimia-se à sua volta. Todos queriam tocar-lhe, com rosários e flores, todos queriam beijar-lhe os pés e as mãos, aquelas mãos que, embora imobilizadas pela doença durante tantos anos, foram uma coluna levantada para o Céu, com a potência das suas preces e das suas dores, atraindo misericórdias e graças, Tão grande é o poder do sofrimento! E toda esta oração e todo este sofrimento perfumados por um ardentíssimo amor da Deus!

Aquela urna alvejava de seda finíssima. Em volta, figuras de anjos. Perto, erguiam-se as imagens da Imaculada Conceição e de Santa Maria Goretti. Os "ramalhetes" oferecidos eram todos de flores brancas. Tudo isto constituía uma moldura digna e bem simbólica de glória reservada à vida e à alma da Alexandrina.

Foi preciso abrir alas na igreja, de modo que uns dessem a vez aos outros e todos pudessem passar a vê-la mais uma vez, admirar aquela tranquilidade e douçura de rosto que lhe tinham contemplado em vida, sempre resignada e caridosa, ao receber e ouvir tantas pessoas e tantos pedidos, que certamente a deviam fatigar em extremo.

E lá foi depois a sepultura entre rosas brancas. Dizia um comerciante do Porto nessa tarde: "Hoje no Porto não há rosas brancas. Foram todas para Balasar". Mas de Balasar e da Vítima de Balasar virá o alto ideal duma brancura angélica, que há-de transformar muitas almas em lírios e açucenas...

Lá ficou sepultada em campa rasa, humilde, como humílima fora sempre a Alexandrina. Fizeram-lhe a vontade: deixaram-na voltada para o Sacrário da sua igreja, donde ela recebera sempre a força e a luz para poder subir com amor, sem nunca fraquejar, até ao alto do Calvário, onde então se lhe abriram, de par em par, as portas da glória e da felicidade eterna.

Daquela campa a mudaram depois para uma capela-jazigo, onde todos os dias, especialmente no dia 13 de cada mês, se ouvem preces, e as pessoas que visitam esse túmulo sentem na alma aquele reconforto e graça espiritual, que sentiam todos os que a visitavam no leito de seu martírio, como se o Senhor quisesse manifestar e premiar assim o heroísmo e o amor seráfico daquela virgem. Bem-aventurados os que vivem amando ao Senhor, e por Ele sofrem e morrem!

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