“Filho do homem” ou “Filho de Deus”?
No Evangelho do 5º Domingo da Quaresma lemos que,
depois de ter recebido a mensagem das irmãs de Lázaro sobre a doença deste,
Jesus disse aos discípulos: “Esta enfermidade não causará a morte, mas tem por
finalidade a glória de Deus. Por ela será glorificado o Filho de Deus” (João
11, 4; cito segundo a versão on-line da Bíblia Ave Maria).
A última
frase chamou-me especialmente a atenção, porque tinha no ouvido a versão do
nosso Leccionário, que tem uma relevante diferença, no tocante às palavras em bold, como veremos a seguir.
A Neo-Vulgata confirma a primeira versão
que citei: “Infirmitas haec non est ad mortem sed pro gloria Dei, ut
glorificetur Filius Dei per eam ”.
Este texto em
nada difere do da Vulgata, nomeadamente nas palavras em apreço: “Infirmitas
haec non est ad mortem sed pro gloria Dei ut glorificetur Filius Dei per eam”.
No texto espanhol disponível no site Evangelho Quotidiano, lemos: “Esta
enfermedad no es mortal; es para gloria de Dios, para que el Hijo de Dios sea glorificado por
ella".
Na versão francesa: “Cette maladie ne conduit pas à la
mort, elle est pour la gloire de Dieu, afin que par elle le Fils de Dieu soit glorifié”.
E o mesmo em
todas as outras versões disponíveis.
Na própria versão portuguesa disponível no mesmo site lê-se: “Esta doença não é de morte, mas sim
para a glória de Deus, manifestando-se por ela a glória do Filho de Deus”.
Assim é,
igualmente, no texto grego: Αυτή
η αρρώστια δεν είναι για να φέρει το θάνατο, αλλά για να φανεί η δύναμη του Θεού, για να φανερωθεί μέσω αυτής η δόξα του Υιού του Θεού”.
Na Nova Bíblia dos Capuchinhos, lemos: “Esta
doença não é para a morte, mas sim para a glória de Deus, manifestando-se por
ela a glória do Filho de Deus”.
E na edição de 1969 do Leccionário, lia-se igualmente: “Essa doença não é de morte, é antes para a glória de Deus, para o Filho de Deus ser glorificado por ela".
E na edição de 1969 do Leccionário, lia-se igualmente: “Essa doença não é de morte, é antes para a glória de Deus, para o Filho de Deus ser glorificado por ela".
Por que será então que, no
actual Leccionário, no Evangeliário e até mesmo na versão on-line do Secretariado Nacional de Liturgia se lê esta tradução:
“Essa doença não é mortal, mas é para a glória de Deus, para que por ela seja
glorificado o Filho do homem”?
Por que é que,
na tradução oficial portuguesa, o “Filho de Deus” foi substituído por “Filho do
homem”? Simples distracção?
Confusão com outras passagens dos Evangelhos, de resto frequentes, em que Jesus
se apresenta como “Filho do homem”?
Mas não é o
que lemos em João 11, 4.
Aqui, Jesus
apresenta-se como “Filho de Deus”, em perfeita conformidade com a finalidade do
próprio Evangelho de São João: “Muitos outros milagres fez Jesus na presença dos
seus discípulos, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram
escritos para acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e para que,
acreditando, tenhais a vida em seu nome” (João 20, 30-31).
Seria bom,
por isso, que esta troca de “Filho de Deus” por “Filho do homem” fosse corrigida
logo que possível.
A começar
pela leitura que fizermos do Evangelho, já durante a Missa do 5º
Domingo da Quaresma." (por: José Manuel Santos Ferreira)
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