(continuação da I parte)
II
O Costume de Pecar Endurece o Coração
O Costume de Pecar Endurece o Coração
5. O hábito de pecar não só cega o espírito, mas também endurece o coração do pecador. O seu coração é duro como pedra (Job. 41, 15). Pelo costume do pecado, o coração torna-se duro como pedra e em vez de ser comovido pelas inspirações da graça, pelas pregações, pelo pensamento da justiça de Deus, as penas do Inferno, a paixão de Jesus Cristo, endurece-se ainda mais, tal como a bigorna debaixo dos golpes do martelo. Santo Agostinho escreve: "O coração deles torna-se duro contra a chuva de graça para que não dê frutos. Os avisos de Deus, os remorsos de consciência, o temor da justiça de Deus, são como uma chuva de graças, mas se o pecador habitual, em vez de tirar proveito destes benefícios gemendo sobre as suas iniquidades e buscando curar-se, persevera no pecado, o seu coração torna-se ainda mais duro; está aí o sinal certo da danação. Como diz São Tomás de Vilanova: "Endurecimento é sinal de danação." De facto, o espírito estando cego e o coração endurecido, o pecador viverá até ao fim na sua obstinação, segundo o terrível prognóstico do Espírito Santo: O coração duro será oprimido de males no fim da vida (Eclesiático 3, 27).
6. De que servem as confissões para um tal pecador, que logo depois recai nas mesmas faltas? Santo Agostinho diz: "Quando bates a culpa perante um confessor, e todavia não te emendas, e não evitas as ocasiões de pecado, então não desenraizar os teus vícios, mas tu os fortaleces e os tornas mais vicejantes, quer dizer, mergulhas-te na obstinação. Tal é a vida dos pecadores, passada e percorrer um círculo de iniquidades; se se afastam um pouco, é apenas para voltar na primeira ocasião. É para eles que São Bernardo prognostica uma danação certa: "Ai do homem que segue este círculo." (Serm. 12. super Salm.).
7. Mas não dirá um jovem "quero emendar-me mais tarde e entregar-me totalmente a Deus". Mas se o costume de pecar se apodera de vós, quando vos haveis de emendar? O Espírito Santo ensina que aquele que, sendo jovem, toma o costume do pecado, nunca vai deixá-lo, mesmo na sua velhice: "O jovem não se afastará do caminho da sua juventude, mesmo quando envelhecer." (Prov. 22, 6). Vimos pecadores de hábito cometer ainda as mesmas faltas ao aproximar da morte. O Padre Recupito narra que um homem condenado à morte, e caminhando para o suplício, reparou numa rapariga e, mesmo nesse momento, concebeu maus pensamentos. O Padre Gosolf relata igualmente que um blasfemador, condenado à forca, no momento em que foi retirada a escada e que sentiu a corda apertar o pescoço, proferiu uma horrível blasfémia entregando a sua alma.
8. Logo, "Ele tem misericórdia de quem quer e endurece a quem quer." (Rom. 9, 18). Deus usa de misericórdia até um certo ponto, e passado este ponto, endurece o coração do pecador. Como o endurece? Santo Agostinho explica-nos: [?] Não é que Deus endureça o pecador obstinado, mas em castigo do desprezo que exprimiu para com os benefícios de Deus, retira-lhe o auxílio da sua graça; e assim o coração do pecador fica duro e petrifica-se. Deus não endurece o coração comunicando a malícia e a obstinação, mas não comunicando a misericórdia. Quer dizer recusa-lhe a graça eficaz de se converter. Quando o sol se afasta da terra, a água gela e endurece-se.
9. O endurecimento do coração, que é a obstinação, não vem de repente, diz S. Bernardo, mas pouco a pouco, de sorte que afinal o coração torna-se duro que já não é sensível às ameaças e que as correcções endurecem-no ainda mais. Acontece aos pecadores de costume o que diz David: "Com a tua ameaça, ó Deus de Jacob, ficaram inertes carros e cavalos." (Salm. 75, 7). Os terremotos, trovões, as mortes repentinas não assustam um tal pecador: em vez de despertar-se, de abrir-lhe os olhos sobre o seu estado miserável, parece que aumenta o sono mortal em que fica mergulhado para a sua perda.
(continuação, III parte)
6. De que servem as confissões para um tal pecador, que logo depois recai nas mesmas faltas? Santo Agostinho diz: "Quando bates a culpa perante um confessor, e todavia não te emendas, e não evitas as ocasiões de pecado, então não desenraizar os teus vícios, mas tu os fortaleces e os tornas mais vicejantes, quer dizer, mergulhas-te na obstinação. Tal é a vida dos pecadores, passada e percorrer um círculo de iniquidades; se se afastam um pouco, é apenas para voltar na primeira ocasião. É para eles que São Bernardo prognostica uma danação certa: "Ai do homem que segue este círculo." (Serm. 12. super Salm.).
7. Mas não dirá um jovem "quero emendar-me mais tarde e entregar-me totalmente a Deus". Mas se o costume de pecar se apodera de vós, quando vos haveis de emendar? O Espírito Santo ensina que aquele que, sendo jovem, toma o costume do pecado, nunca vai deixá-lo, mesmo na sua velhice: "O jovem não se afastará do caminho da sua juventude, mesmo quando envelhecer." (Prov. 22, 6). Vimos pecadores de hábito cometer ainda as mesmas faltas ao aproximar da morte. O Padre Recupito narra que um homem condenado à morte, e caminhando para o suplício, reparou numa rapariga e, mesmo nesse momento, concebeu maus pensamentos. O Padre Gosolf relata igualmente que um blasfemador, condenado à forca, no momento em que foi retirada a escada e que sentiu a corda apertar o pescoço, proferiu uma horrível blasfémia entregando a sua alma.
8. Logo, "Ele tem misericórdia de quem quer e endurece a quem quer." (Rom. 9, 18). Deus usa de misericórdia até um certo ponto, e passado este ponto, endurece o coração do pecador. Como o endurece? Santo Agostinho explica-nos: [?] Não é que Deus endureça o pecador obstinado, mas em castigo do desprezo que exprimiu para com os benefícios de Deus, retira-lhe o auxílio da sua graça; e assim o coração do pecador fica duro e petrifica-se. Deus não endurece o coração comunicando a malícia e a obstinação, mas não comunicando a misericórdia. Quer dizer recusa-lhe a graça eficaz de se converter. Quando o sol se afasta da terra, a água gela e endurece-se.
9. O endurecimento do coração, que é a obstinação, não vem de repente, diz S. Bernardo, mas pouco a pouco, de sorte que afinal o coração torna-se duro que já não é sensível às ameaças e que as correcções endurecem-no ainda mais. Acontece aos pecadores de costume o que diz David: "Com a tua ameaça, ó Deus de Jacob, ficaram inertes carros e cavalos." (Salm. 75, 7). Os terremotos, trovões, as mortes repentinas não assustam um tal pecador: em vez de despertar-se, de abrir-lhe os olhos sobre o seu estado miserável, parece que aumenta o sono mortal em que fica mergulhado para a sua perda.
(continuação, III parte)
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