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Ilha Terceira - Açores - Portugal |
"Li com reverência, e a atenção de quem sempre aprende com os seus
escritos, o perfil pouco laudatório do "pequeno" grande Alexandre
Herculano. Entre várias cogitações, a propósito dos “Bravos do Mindelo”,
ocorreu-me esta leitura que a seguir transcrevo:“D. Pedro e a sua
expedição desembarcaram na Praia dos Ladrões, cerca do Mindelo, a 8 de
Julho. As forças liberais – que foram chamadas os “7 500 Bravos do
Mindelo!” – eram constituídas por 2 300 franceses, 2 130 ingleses, 900
belgas, 500 polacos, 400 irlandeses e 370 escoceses; portugueses eram
apenas 900; quanto à esquadra, comandavam-na e tripulavam-na ingleses.
Lê-se nas Memórias do Conde de Lavradio, D. Francisco de Almeida
Portugal (Imprensa da Universidade de Coimbra 1933, vol II) coevo dos
acontecimentos, que quase todos os mercenários estrangeiros “saíram das
classes menos estimáveis da sociedade, isto é, dentre os homens que, por
sua imoralidade e vícios, estão dispostos a cometer toda a espécie de
crimes”, sendo “muitos dos soldados ratoneiros e homens saídos das
prisões, e os oficiais, com poucas excepções, são uma corja de
beberrões” (pp. 337-387).” (Portugalidade – biografia duma Nação –
Domingos Mascarenhas). Como se vê os “Bravos do Mindelo”, saídos daqui
do Relvão em Ponta Delgada , mais não eram do que um corpo
expedicionário misto de soldados da fortuna, gente de baixa extracção
social e alguns revolucionários disfuncionalmente românticos.
Nas poucas horas vagas que tenho dedico-me também a ler sobre a nossa
História e depois de um “mergulho” estival sobre a época de oitocentos
registei, sem espanto, que subitamente a minha ilha que era Miguelista
recebeu em prostração servil D.Pedro ! Como sabe este acidentalmente
teve de aportar a Ponta Delgada depois do barco onde seguia ter sido
desviado do rumo à Terceira por razões climatéricas. Muito antes da
República já tínhamos entre nós o costume dos “adesivos” e num ápice
fervorosas famílias Miguelistas viraram a casaca e deram Real estada a
D. Pedro. Muito interessante de se lerem são os relatos de época de
piqueniques, burricadas e bailes da sociedade ! Confesso que li o que
pude sobre o assunto e no final acabei com uma simpatia emocional e
racional pela causa Miguelista!
Um outro facto histórico que me importava também pesquisar foi o
desembarque aqui em São Miguel de um contingente liberal que na célebre
Batalha da Ladeira da Velha deu um derradeiro golpe nas aspirações das
forças Miguelistas na Ilha de São Miguel. Fui ao local do desembarque na
Freguesia da Achadinda onde, em 1 de Agosto de 1831, desembarcaram
tropas vindas da ilha Terceira para manietar o último reduto do
Miguelismo nos Açores : a ilha de São Miguel. Tenho pena de não ter
feito um levantamento fotográfico pois o local é de acesso absolutamente
alucinante. Uma praia mínima de calhau periclitante, uma ravina
escarpada e sujeita e fácil emboscada, e um relevo daí em diante sempre
acidentado. Espantou-me que no dia seguinte tais tropas já estivessem a
confrontar-se na Ladeira da Velha, a uns bons quilómetros, e também num
local de topografia bastante acidentada e irregular. Enfim, curiosidades
menores mas ainda assim interessantes.
No meio destas leituras fiquei também com uma convicção reforçada
sobre a dúbia nobreza de carácter de heróis da revolução como Saldanha e
outros. Porém, uma figura gostaria de conhecer melhor : Vila Flor ou
Duque da Terceira. Se tiver bibliografia sobre esse Senhor que agora
repousa indiferente à revisitação da História no pedestal do Cais do
Sodré ficaria-lhe muito agradecido.
Com os meus melhores cumprimentos e Saudações Açorianas,
João Nuno Almeida e Sousa"
(Fonte: Combustões) - NOTA: o blogue ASCENDENS não se identifica com o COMBUSTÕES, nem com um LEGITIMISMO, ou MIGUELISMO apartado do TRADICIONALISMO ou, enfim, CATOLICISMO.
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