20/03/14

1811 - AO CLERO PORTUGUÊS

(Pe. José Agostinho da Silva)

AO CLERO PORTUGUÊS
(1811)

Pe. José Agostinho de Macedo
"Assim como há vícios comuns a todos os séculos, da mesma maneira há remédio também comum, e aplicáveis aos mesmos vícios. Foi comum, por exemplo, o luxo a todos os tempos, os Mestres do Cristianismo invectivaram o luxo; e desde os discursos de S. João Crisóstomo ao Povo de Antioquia sobre este vício até agora, poucos são os Oradores Evangélicos, que tenham deixado de clamar contra esta peste da sociedade civil, e assim dos outros vícios dos homens. Mas quanto os séculos oferecem novos crimes, devemos buscar novos remédios. Os males que sentimos, as desgraças que suportamos, o transtorno universal de que somos testemunhas, nascem e procedem unicamente da exaltada malícia dos homens pelo espírito de um partido dominante. Esta preciso atacá-lo da cadeira da verdade com verdadeiro zelo Evangélico, e com um ardentíssimo amor da nossa Pátria, eis aqui o que eu fiz num dos Templos mais frequentados da Capital. Eu consagro pois este veementíssimo discurso ao Venerável Clero Português, atrevendo-me a fazer-lhe uma súplica, que talvez pareça estranha, e para alguns génios soberbos, e delicados, ofensiva; e vem a ser, que o preguem ao Povo, se se lhe oferecer ocasião. Noli esse humilis in sapientia tua, nos diz o Espírito Santo no Cap.13 do Ecles.. Mais de 24 anos de exercícios oratórios me dão algum conhecimento do valor do presente discurso, e quase me dão a autoridade de pedir ao venerável Clero, que o pregue, porque pode produzir vantagens para a Religião, e para o estado. Mas se vós, Veneráveis Irmãos em J.C., achardes outros caminhos, segui-os, deixai este discurso; mas combatei o vício, ainda que digais de mim o que disse Santo Agostinho de Cipriano: Magnus Cyprianus Orator, sed maior Petrus piscator, per quem credidit non solum Orator, sed et Imperator."

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