16/02/14

FUSÃO NUCLEAR - 10 COISAS QUE DEVEMOS SABER

Já dizia um professor meu, e com toda a razão, que o que é verdadeiramente bom é verdadeiramente católico. Criou-se uma mentalidade errada segundo a qual a "religião" seria algo a considerar no campo sobrenatural apenas, ou principalmente. Ora, a Religião implica justamente o reestabelecimento, ou ordenação, do plano natural com o sobrenatural. Deus é criador de toda a matéria e de todas as criaturas puramente espirituais (como os anjos). Assim, por artes do maligno, tem-se jogado a ciência contra a Religião, primeiramente pela tirania da ideologia positivista que declarou que só era "ciência" o que coubesse dentro da sua ideologia materialista e ateia.

Nós católicos, mais que ninguém, temos a verdadeira luza da ciência, e cabe-nos a preocupação de como ele se tem impedido pelo "positivismo" mutilante. Há falsa ciência em tanta coisa que hoje se aclama "científico", há verdadeiros dogmas do absurdo declarados como "científicos" apenas porque são "antirreligiosos". Um absurdo.

Hoje trago-vos um artigo partilhado por um familiar meu:


Dez coisas que deve saber sobre fusão nuclear
(fonte: Expresso - 16 de fev. 2014)


"1. As estrelas sempre foram fonte de inspiração para poetas e sonhadores. E também para os cientistas que trabalham em fusão nuclear. No interior de estrelas como o nosso Sol, a matéria está sujeita a condições extremas: a temperatura é de muitos milhões de graus e a pressão é um bilião de vezes maior que a da nossa atmosfera, graças à enorme força da gravidade. Núcleos de átomos de hidrogénio são obrigados a apertar-se uns contra os outros, de tal forma que ultrapassam a repulsão natural e se fundem, libertando energia que ilumina e aquece todo o sistema solar. Da próxima vez que estiver um dia ensolarado, lembre-se disto.

2. A matéria no interior do Sol não é sólida, nem líquida, nem gasosa. Merece estar num estado à parte, conhecido como "plasma". Se pensa que plasma é só um aparelho de tv de alta definição, não é bem isso: trata-se de um gás no qual, além dos átomos do costume, também pululam partículas como iões e electrões, com carga eléctrica. Longe de serem raros, vemos plasmas (naturais e artificiais) em todo o lado, desde coisas corriqueiras como as lâmpadas fluorescentes e os pixels dos écrans de plasma (está a ver?) até às espectaculares como as auroras boreais e os relâmpagos. Da próxima vez que estiver a trovejar, lembre-se disto.

3. Repetir o processo de fusão nuclear na Terra é uma tarefa bastante complicada. Há 80 anos, o físico Ernest Rutherford conseguiu pela primeira vez fundir dois núcleos de uma variante (os cientistas chamam-lhe "isótopo") do hidrogénio chamada deutério. Hoje em dia o "combustível" mais comum consiste numa mistura de dois isótopos, o deutério e o trítio. A receita é a mesma que o Sol usa: conseguir criar as condições para apertar os dois ingredientes durante o tempo necessário para que haja fusão.

4. Apesar dos nomes invulgares dos dois isótopos, eles existem em abundância. O deutério pode ser extraído da água dos oceanos, e o trítio pode ser produzido a partir do lítio, que por sua vez existe na forma de mineral em rochas. Bastam 150 kg de deutério e 2-3 toneladas de lítio (cabem ambos num modesto camião) para fornecer a energia eléctrica necessária para sustentar um milhão de pessoas durante um ano. Excelentes notícias, excepto para quem lucre do comércio de petróleo ou de carvão.

5. Há quem fique assustado ao ouvir a palavra "nuclear" junto a "fusão", e pense em acidentes, explosões, e materiais radioactivos a verter para o ambiente. Nada disso acontece na fusão nuclear. A dificuldade de criar a reacção garante que, em caso de perturbação, ela pára espontaneamente. E não há resíduos radioactivos de longa duração, como no caso dos reactores actuais baseados em fissão nuclear. E quanto a libertação de dióxido de carbono para a atmosfera? Só se for a do tubo de escape do camião de que falámos acima.

6. Durante as últimas décadas, uma das principais abordagens que os cientistas têm tentado para atingir e controlar a fusão é a chamada fusão por confinamento magnético. Consiste em usar campos magnéticos e eléctricos para aquecer e delimitar um plasma de hidrogénio. Um dos aparelhos mais populares para esta abordagem chama-se tokamak, termo que vem da expressão russa para designar uma "câmara toroidal com um campo magnético axial". Confuso? Pense na forma de um donut, dentro do qual circula o plasma, e é tudo o que precisa.

7. Outra abordagem que os cientistas têm experimentado é a fusão por confinamento inercial. Consiste em utilizar um grande número de feixes laser de alta energia para comprimir uma minúscula esfera, dentro da qual está o combustível de fusão. A gigantesca energia dos lasers é concentrada num intervalo de tempo muito curto - milésimos de milionésimos de segundo - e, claro, viaja à velocidade da luz. É utilizada para irradiar a esfera simultaneamente de todos os lados, o que a faz implodir sob a pressão luminosa, aumentando a densidade no seu interior até que se dá a fusão dos isótopos. Não deve ser nada agradável.

8. O tokamak mais potente da actualidade chama-se JET - Joint European Torus, fica no sul de Inglaterra, implantado no meio de uma bucólica paisagem, e é explorado por um grande número de parceiros europeus, entre os quais Portugal tem um papel distinguido. O JET detém o recorde actual de potência produzida por fusão: em 1997 gerou um pico de 16 megawatts - mais ou menos o necessário para alimentar um porta-aviões - se bem que apenas por breves segundos.

9. Está agora em construção o tokamak mais ambicioso de sempre: chama-se ITER , sigla de International Thermonuclear Energy Reactor, e fica no sul de França, implantado no meio de uma bucólica paisagem. O ITER prevê gerar 500 megawatts de potência. Dado o nível tecnológico e o grande investimento necessários (é um projecto científico internacional numa escala sem precedentes), há sete parceiros envolvidos: a União Europeia, os Estados Unidos, a Rússia, o Japão, a China, a Índia e a Coreia do Sul. Apesar de naturalmente menor, Portugal continua a ter um papel distinguido.

10. A maior experiência de fusão por confinamento inercial actualmente em funcionamento é o NIF - National Ignition Facility , e fica na Califórnia, implantado no meio de uma... bom, já percebeu a ideia. Com o tamanho de três campos de futebol, e um total de 192 feixes laser, é o maior "instrumento" óptico já construído. Foi de lá que cientistas americanos anunciaram esta semana ter conseguido obter um ganho de fusão nuclear: mais energia emitida que a utilizada para iniciar a reação. Um grande passo, mas ainda longe do objectivo de todos os que trabalham nesta área: a produção sustentada de energia utilizável, a partir da fusão do núcleo. Quando esse sonho for atingido, representará uma das maiores conquistas da humanidade. Da próxima vez que contemplar o céu estrelado, lembre-se disto."

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