Peço desculpa aos leitores pela carência de artigos mais importantes nestes últimos dias. Em breve voltaremos à "normalidade".
Saiu hoje o brasão do Papa Francisco, brasão com particularidades que não serão explicadas pela Santa Sé.
Até ao momento, Bento XVI foi o primeiro e único Papa que havia substituído a tiara papal por uma mitra de três níveis no seu brasão. Contudo, a mitra de três níveis é própria apenas para o uso do Patriarca de Lisboa (não como mero símbolo de brasão).
O Cardeal Patriarca de Lisboa António Cerejeira |
Mitra dos Patriarcas de Lisboa |
Para além dos Patriarcas de Lisboa terem esta "mitra do Patriarca de Lisboa", "mitra tiara", ou "mitra patriarcal de Lisboa", o seu brasão têm tiara e é ladeado de uma palma e um ramo de carvalho (os três símbolos do Patriarcado de Lisboa:
Brasão de D. Tomás de Almeida, I Patriarca de Lisboa (séc. XVIII) |
Certo é que, desde Paulo VI, ainda nenhum Papa se submeteu ao uso da tiara. Bento XVI ainda foi encorajado com a oferta de uma tiara, oferta que muito dificilmente se repetirá no pontificado do Papa Francisco. É que depois do Concílio Vaticano II a linha de orientação é a de fragilizar certos pontos da doutrina fundamental da Igreja, neste caso o significado do Papado, e o Papado em si mesmo. Tende toda esta linha para uma certa democratização do poder, transformando uma monarquia "absoluta" numa monarquia parlamentar, ou até numa república.
O Papa Francisco nega-se até hoje a conotar-se como Papa, afirmando-se como mero Bispo de Roma, um "primus inter pares", portanto: isto dá ainda mais corpo às condenadas doutrinas que vão contra o sentido católico de "Papa", em outras palavras, uma anulação prática do Concílio Vaticano I (reforçada pela mediática e suposta "humildade" ao gosto do mundano.
Apresentação do brasão de Francisco |
Os leitores não tenham dúvidas: a corrente de pensamento do pós-concílio está a operar lentamente as suas ideologias a respeito do Papado já condenadas pela Igreja.
Basta de dizer por todos os lados que "é por humildade".
"1823. Se, pois, alguém disser que o Apóstolo S. Pedro não foi constituído por Jesus Cristo príncipe de todos os Apóstolos e chefe visível de toda a Igreja militante; ou disser que ele não recebeu directa e imediatamente do mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo o primado de verdadeira e própria jurisdição, mas apenas o primado de honra – seja excomungado." (Concílio Vaticano I)
"1823. Se, pois, alguém disser que o Apóstolo S. Pedro não foi constituído por Jesus Cristo príncipe de todos os Apóstolos e chefe visível de toda a Igreja militante; ou disser que ele não recebeu directa e imediatamente do mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo o primado de verdadeira e própria jurisdição, mas apenas o primado de honra – seja excomungado." (Concílio Vaticano I)
6 comentários:
acho sempre "curioso" quando se comenta coisas que o Papa diz, faz ou escolhe, com uma atitude sobranceira, pouco respeitosa e nada caridosa... é uma atitude errada. Devemos, enquanto católicos, obediência, respeito e a nossa fidelidade ao nosso Papa, seja ele quem fôr. Podemos e devemos fazer perguntas, racciocinar, desenvolver trocar opiniões etc. mas não assim. Assim é estar contra a Igreja.
João Monteiro,
Obrigado por comentar.
O artigo pode ser corrigido. Por isso, já que lança uma crítica ao artigo sem objectivar, tenha a bondade de apontar quais as afirmação(s) nele feita(s)que acha erradas.
Aguardo.
Volte sempre.
Boa tarde! Eu penso que o João Monteiro não quis dizer que as afirmações do texto estão erradas. Eu entendi que ele se refere a interpretação errônea posteriormente, pelos que já deturpam a Igreja, o Papado!Talvez ele queira dizer que estas coisas referentes a problemática que hoje a Igreja vem passando, deva ser comentado com cautela.
Muitos ficaram assustados com as referências, em seu primeiro discurso, a ele (e seu predecessor) como “bispo de Roma”, dando a impressão de abdicar da posição de “Sumo Pontífice”. No entanto, o fato das seguintes referências ao episcopado de Roma foi contrabalançado quando o Papa disse que a Igreja de Roma “preside sobre todas as igrejas na Caridade”.
Numa era de EXTREMO egoísmo, autossuficiência, hedonismo e orgulho, Francisco parece ser o homem certo. Tomara que tenha nascido pra ser Papa.
"Depois do Concílio Vaticano II a linha de orientação é a de fragilizar certos pontos da doutrina fundamental da Igreja, neste caso o significado do Papado, e o Papado em si mesmo."
Há algum documento do CVII que atesta isso ? Ou algum outro documento da Santa Sé ?
A paz.
Maria Luísa De Sá
Anónimo,
Obrigado por comentar.
É difícil saber se o João Monteiro se refere ao artigo desta caixa de comentários ou está a falar no geral. Contudo o meu convite está feito e não há obrigação moral de aceitá-lo caso a opinião do "anónimo" seja acertada.
Não vejo problemas nisso.
Volte sempre.
Maria Luísa De Sá,
Obrigado por comentar.
Diz: "o Papa disse que a Igreja de Roma “preside sobre todas as igrejas na Caridade”"
Essa é a tese segundo a qual o poder do Papa advêm de ser Bispo de Roma. A novidade dessa afirmação é que o Papa vai mais longe dizendo que esse presidir consistiria na Caridade. Mas o Papado não advêm da "igreja de Roma" como fez crer o Papa Francisco, tese condenada com pena de excomunhão pelo Concílio Vaticano I.
Por outro lado TODOS os gestos de Francisco, até ao momento, são da linha condenada pelo Concílio Vaticano I e que, resumidamente, são uma linha que assenta nestes ideias:
- O poder do Papa advêm de ser Bispo de Roma;
- O Papa é um "primus inter pares".
Estas ideias heréticos (é a Igreja que as proíbe com excomunhão) têm orientado TODO o pontificado de Francisco, e tal pode observar em certos momentos e gestos como:
- Na entronização (mesmo contra o esforço de alguns Cardeais tentou cumprimentá-los no trono de igual para igual e em pé);
- À mesa, nas refeições, abandonou o lugar reservado ao Papa para se misturar indiferentemente com os Cardeais;
- Em visitas de Estado cumprimenta como se fosse um qualquer (o que ofende a Deus e aos católicos, pois o cargo que lhe foi conferido não é uma coisa de capricho pessoal mas sim um fardo ao qual tem de se submeter porque representa TODA a Igreja e não apenas uma diocese ou até todas as dioceses - é um escândalo);
- Impõe o seu gosto pessoal sobre a tradição papal;
- Foge com o anel papal a quem lho queira beijar (mesmo quando se trata de chefes de estado).
Enfim... se comporta a todo o momento como um bispo qualquer que tem uma diocese que está sobre as outras, e não como o vigário de Cristo na terra sobre o qual Cristo funda a Igreja e da as chaves do Céu.
Qual o motivo de isto tudo acontecer? Simples. Esta corrente (modernista progressista) tem o "ecumenismo" (entenda-se "ecumenismo" no sentido pós conciliar - é o sentido da união das igrejas protestantes começado no final do séc. XIX) como um dogma prioritário. Em nome deste falso ecumenismo eles chegam a ir contra a verdade ensinada pela Igreja (protegida com pena de excomunhão - Concílio Vaticano I) que nos diz que o Papado é de instituição divina sobre toda a Igreja e este poder foi dado por Cristo pessoalmente (portanto, antes de existir diocese de Roma e independentemente dela).
Até ao momento o Papa Francisco nem UMA vez foi contra aqueles dois pontos em que assenta a posição herética condenada pelo Concílio Vaticano I, e, antes pelo contrário, em todas as oportunidades a afirma em gestos. Não é imprudente nem injusto dizer que o Papa Francisco é um herege material (ou seja, um herege a quem nunca foi formalizada a heresia em que vive). Em último caso, segundo o que a Igreja ensina, o papa Francisco não tem Fé (porque vai contra alguns pontos da Fé).
Espero que a Luísa volte a esta caixa de comentários, porque quando duas opiniões não coincidem, explica S. Tomás: ou estão as duas erradas, ou está uma certa e outra errada, mas nunca estão as duas certas. E como não há catolicismo contra a verdade, eu espero que volte a este assunto até que as duas opiniões coincidam.
Volte sempre.
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