14/12/12

OS ERROS DE LUTÉRO E O ESPÍRITO DO MUNDO ACTUAL (IX)

(continuação da VIII parte)

OS ERROS DE LUTERO E O ESPÍRITO DO MUNDO ACTUAL
Pe. Franz Schmidberger


IV – “SOLO DEUS”

O católico sustem que a salvação é comunicada por meio das causas segundas, ou seja, pela Igreja e seu ministério especial, e particularmente pela Bem-aventurada Virgem Maria. Os protestantes, pelo contraio, pretendem que a salvação é dada directamente por Deus; em consequência, os sacramentos não são para eles os canais da graça, mas sim expressões da comunidade, símbolos de iniciação.

Para responder a este grave erro, é necessário dizer em primeiro lugar que o próprio Deus quis e estabeleceu o governo do mundo por meio de causas segundas, isto tanto na ordem natural como na sobrenatural. Na ordem da Fé e da graça vê-se imediatamente no mistério da Encarnação e no seu prolongamento que é a Igreja, com a sua hierarquia, seu sacrifício e vida sacramental. Não se pode separar Deus-Cristo-Igreja. “Assim como o Pai me enviou, assim Eu vos envio a vós.” (J. 20.21), disse o Senhor aos Apóstolos, ou seja com a mesma missão, a mesma autoridade e a mesma eficácia.

Em consequência, se Cristo chamou-se a Si o único caminho para o Pai, a Igreja é a única via para a salvação eterna. Aos seus Apóstolos o Senhor confiou o tesouro da Fé, o “depositum fidei”, e o seu tesouro da graça, “depositum gratiae”; os sacramentos são como o prolongamento da humanidade de Jesus Cristo, da mesma maneira que através da humanidade Cristo manifesta o seu Ser divino.

Em segundo lugar, o Senhor encomendou de formas diversas e de maneira expressa aos apóstolos o continuar a sua missão: “Fazei isto em minha memória.” (Luc. 22.14). “Ide pois, ensinai a todas as nações, baptizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mat 28.19). “Os pecados serão perdoados a quem os perdoeis, e serão retidos a quem os retiverdes” (J. 20.30). “Eu estarei sempre convosco até ao fim do mundo” (Mt. 28.20). Em S. Tiago, encontramos já a administração do sacramento da extrema unção (T. 5.14-15).

De tal maneira, a Igreja é verdadeiramente o caminho do homem para Deus, porque Cristo é o único mediador entre o céus e a terra, entre Deus e os homens. É o Caminho, a Verdade e a Vida. Deus no seu mistério insondável insondável quis fazer participar o homem na obra da salvação pelo sacerdócio real, hierárquico, pela intercessão dos seus santos, pelo trabalho dos cristãos e pela comunhão dos santos.

Este erro de Lutero é destruído por uma passagem do Actos dos Apóstolos: S. Paulo, no caminho de Damasco, cego pela luz directa de Deus, não recebeu a vista sem a oração e imposição de mãos de Ananias, ou seja, por mediação humana.

(continuação, X parte)

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