07/10/12

ISABEL "A CATÓLICA" - ARGUMENTO DOS JUDEUS

D. Afonso Henriques
Os que se dizem "defensores da Espanha", relativamente a Isabel "a Católica" por vezes usam um argumento totalitário no que respeita à fundação legítima do Reino de Portugal. Dizem alguns deles, não me assegurei que o opinam todos, que o Reino de Portugal teria constituido um roubo de D. Afonso Heriques aos domínios "espanhóis", e que, por outros quaisquer motivos, tinha a Igreja acabado por ceder e legitimar tal feito. Valha-nos Deus...

Os mesmos aguerridos dizem que Isabel "a Católica" é, incontestavelmente, uma mulher santa, e que outra coisa não se poderia dizer, porque a Santa Igreja a fez Venerável...

Ora, esquecem que tão proclamada foi aquela sua Senhora como, muito antes, foi proclamado Venerável o nosso Fundador do Reino, el-Rei D. Afonso Henriques! Valha-lhes Deus...

Nestes últimos anos tenho escutado um argumento pelo qual se pretende justificar que a Santa Igreja, durante séculos, nunca tivesse elevado Isabel "a Católica" à dignidade dos altares. Dizem eles que tal se deveu e deve ao ódio que os judeus ganharam à expulsão na "Espanha". Curiosamente, nunca ouvi àqueles dizer que o mesmo tivesse passado com nosso D. Afonso Henriques, relativamente à Reconquista, e consequente expulsão do domínio muçulmano (nem os portugueses algum dia se serviram de tal desculpa). Contudo, são os mesmos "espanhóis" que, no séc. XVIII se interpuseram para que D. Afonso Henriques não tivesse passado de Venerável. Isto não é bonito...

É bonito notar que D. Afonso Henriques foi fundador do Reino de Portugal e que Isabel "a Católica" foi fundadora daquilo ao qual chamou de "Espanha". E se entre estes dois há séculos de separação, também é verdade que, durante todos os séculos posteriores a Isabel "a Católica" a Igreja nunca temeu ameaças judaicas (apenas agora Roma as teme,e antes nem parece terem existido). Por isto, o argumento "judaico" não serve.

Um Venerável, não é um Santo. Ao Venerável reconhecem-se virtudes heróicas, mas não o suficiente para fazê-lo modelo proponível à Igreja Militante. Podemos então achar sem erro que um Venerável, enquanto católico, cometeu erros significativos. É também aqui que há que situar as acções de Isabel "a Católica", em vez de julgá-la Santa e, com isso, tentar imacular todos os seus feitos agradáveis aos tais aguerridos adeptos.

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