18/09/12

PIADA CLÁSSICA E BEM CONTADA - ALDEIA DA RAIA

Padeira de Aljubarrota
Refaço uma piada que me foi enviada pelo amigo "Funguito":

Numa pequena povoação portuguesa, mesmo junto à fronteira com Espanha, a igreja fica cheia para a missa das 10 h: portugueses, espanhóis, o presidente da junta, e toda a restante fauna.

O padre começa o sermão: - Irmãos... estamos hoje aqui reunidos para falar dos Fariseus... Aquele povo desgraçado, maldito, como estes espanhóis que estão aqui...

Oh! Foi o maior tumulto na igreja. Os espanhóis ofenderam o padre, os portugueses defenderam o padre e mandaram-se aos espanhóis, houve bulha no adro. Enfim... um arraial à antiga!

O presidente da junta, indignado, foi falar com o padre à sacristia:

- Sr. Padre, há que ir devagar! Os espanhóis vêm para este lado da fronteira, gastam nas lojas e restaurantes, trazem euros para Portugal. Não podemos andar com provocações, senão vão todos embora da terra.
Durante a semana a conversa entre todos era a mesma: o padre e o sermão do domingopassado. Aquele zum-zum todo até começou a interessar uma ou outra pessao que nem sempre ia à missa. "O que dirá no próximo sermão!'" - diziam!


Finalmente, chega o Domingo. O presidente da junta vai à sacristia e fala com o padre:
- Sr. Padre, está lembrado da nossa conversa. Por favor, hoje vai correr tudo bem... certamente!

Vem a Missa, e o padre chega ao sermão:
- Irmãos... Estamos aqui reunidos para lembrar uma pessoa de quem as Escrituras falam: Maria Madalena, aquela mulher prostituta que tentou Jesus, ... ... ... como essas espanholas que aqui andam.

Caldeirada: pancadaria na igreja, velas partidas, chapadas sonoras, voo da caixa das esmolas, socos com direito a alguns internamentos no hospital mais próximo, que por acaso ficava na Espanha.

O presidente da junta foi novamente ter com o padre: - Senhor Padre, eu não lhe disse para ir com mais calma!? Isto foi uma sangria de repercussão internacional! Se o senhor não amansar, obriga-me a escrever ao Senhor Bispo! É que não tenho opções...!

Naquela semana, as conversas sobre o sucedido abundavam, parecia não haver outros assuntos. Nem mesmo os da aldeia vizinha queriam perder ali a Missa no Domingo seguinte, nem que a vaca tossisse. Na povoação espanhola o tema era o mesmo, ... só que em castelhano.

Na manhã de domingo, havia tendas de venda de recordações e outras tendas prórpias dos acontecimentos populosos. O presidente da junta, contente com o movimento, mas preocupado com a segurança daquela multidão, entra na sacristia com o graduado da GNR (Guarda Nacional Republicana) advertindo:- Senhor Padre, vossa reverência não pode provocar mais os espanhóis, senão as autoridades terão de prendê-lo para evitar tumultos! Parece que já nem as vigílias de oração pela paz na paróquia têm efeito. Isto é um escândalo que nos envergonha.

A igreja estava abarrotada. Quase não se conseguia respirar de tanta gente. O organista partilhava o banco com espanhóis e portugueses, o sacristão segurava a porta exterior da sacristia, lá fora ouvia-se um helicóptero da TV, os acólitos foram reduzidos a um (e esse quase só pode ajudar à missa com um braço), no átrio da igreja um trafulha tentava vender lugares reservados nos bancos da frente. Finalmente começa o sermão:

- Irmãos... Estamos aqui reunidos hoje, para falar de um momento importantíssimo da vida de Cristo: a Santa Ceia.

(O presidente da junta respirou aliviado. os curiosos encolheram os ombros como quem diz "hoje não há circo".)

- Jesus, naquele momento, disse aos Apóstolos: "esta noite, um de vocês me trairá". Então João pergunta: "Mestre, sou eu?" E Jesus responde: "Não, João, não serás tu". Pedro pergunta: "Mestre, sou eu?" E Cristo responde: "Não, Pedro, não serás tu". Então Judas pergunta: "Mestre, soy yo?"...

PUMBAAAAAA...
PANCADARIA GERAL…

2 comentários:

Anónimo disse...

Fazia tempo que não lia uma boa piada!:)

anónimo disse...

Anónimo,

Obrigado por comentar.

Ainda bem que gostou. Eu vou agora mesmo melhorar o texto.

Volte sempre.

TEXTOS ANTERIORES