Na Idade Média, por ano, trabalhava-se
quase em metade dos dias. O restante “não trabalhar” é propósito de preceito, nada
assemelhado a um mero “tempo livre” e faz parte de um todo com um sentido muito
especial. Digo “é”, e não digo “era”, pelo vigor intemporal e imutável em que
se funda tal preceito, que é o da vontade
divina expressa no mandamento de “guardar
Domingos e Festas de guarda”.
Não é que o número de Festas de
guarda fosse maior. A honra dada a outras festividades do Calendário
Litúrgico era também muito grande, e assim se dispunha interiormente e
socialmente em dignificar tais dias.
O Calendário Litúrgico, portanto, marca o ritmo da sociedade cristã e, por isso, tem sido o centro da vida da Europa ao
longo dos séculos. Ainda se vê este ciclo na vida espiritual e social em raríssimos
lugares do planeta, sobretudo aqueles que escapam das cobiças do mundo ou que,
conscientemente, se protegem.
Temo por aqueles que se dignam opinar sobre a Europa ou sobre antigas Idades sem fazerem a mínima ideia de como estava organizada a vida interior e exterior dos nossos antepassados. Infelizmente as opiniões não saem hoje da sujeição a reduzidíssimas oportunidades a respeito destas matérias fundamentais que, curiosamente, são tão legítimas quanto desconhecidas.
Temo por aqueles que se dignam opinar sobre a Europa ou sobre antigas Idades sem fazerem a mínima ideia de como estava organizada a vida interior e exterior dos nossos antepassados. Infelizmente as opiniões não saem hoje da sujeição a reduzidíssimas oportunidades a respeito destas matérias fundamentais que, curiosamente, são tão legítimas quanto desconhecidas.
Há meio século que este
Calendário tem vindo a ser abafado com os instrumentos da própria Igreja, e
durante meio século têm-se estendido os efeitos correspondentes. Hoje querem
fazer valer um outro calendário litúrgico adaptado, ralinho, que foi esmagado pelo “calendário
económico” que está no centro da sociedade e, de certa forma condiciona até a
vida espiritual rebaixando-a. Em suma, o Calendário Litúrgico tradicional promove
e promoveu a ordem espiritual sobre a ordem natural enquanto o “calendário
económico” (assim lhe chamo eu) hoje promove o lucro de alguns sobre toda a
ordem social a respeito da vida natural e sobrenatural, e o calendário litúrgico adaptado (modernices...) fez o ponto intermédio. Alguns aplaudem assim o
eclipsar do grande Calendário Litúrgico na vida das sociedades e o progressivo enfermar
da Europa (que sempre se organizou a partir da ordem espiritual para a
material).
(terá continuação)
(terá continuação)
Sem comentários:
Enviar um comentário