06/05/12

OUTRO ERRO QUE A HISPANIDADE TEM DE CORRIGIR

Mais uma vez, os erros que os adeptos da hispanidade veiculam fazem-se presente. Eles não param, e por isso cabe perguntar se a hispanidade na sua "militância" não se tornou um mal que mais aprisiona a verdade.

Não foi com surpresa, agora mesmo dei com uma dessas falsidades veiculadas pelos tais adeptos.  Um blogue da “tradição católica” acaba de publicar um texto do Pe. Jorge Maria Salvaire problemático. É pena, pois tratar-se de um texto que por outra parte tem valor, contudo não recomendável sem o alertar necessário (pelo menos, cortar-lhe o erro).

Eis a falsidade no meio da verdade:

“No reinado de Filipe IV, quando o reino de Portugal estava pacificamente sujeito à coroa de Castela, que por este motivo os portugueses e castelhanos comercializavam entre si livremente como vassalos de um mesmo Soberano..”

É verdade que portugueses e castelhanos eram “vassalos de um mesmo Soberano”, contudo é falso que “o reino de Portugal estava (…) sujeito à coroa de Castela".

São duas coisas distintas que a muitos dá manter confundidas: estar sob o mesmo Rei não é igual a estar sobre um dos reinos do mesmo Rei.

Espero que os adeptos da militante hispanidade leiam este artigo, e possam tranquilizar ânimos para assentirem à verdade histórica: Filipe II foi aceite como Reis de Portugal depois de uma crise dinástica originada pela morte prematura do jovem Rei de Portugal D. Sebastião, a quem sucedeu o Cardeal Rei D. Henrique, que não deixou descendentes. D. Filipe I de Portugal, e II da Espanha (e não de Castela como tinha dito o Pe. Jorge Maria Salvaire - a não ser que admita que Espanha é o Reino de Castela alargado… ) foi aceite pelas Côrtes portuguesas como Rei. Estas Côrtes continuaram independentemente da Espanha, Portugal manteve a autonomia e a independência, partilhando de um mesmo Rei (conferir as Côrte de Tomar 1581). Tal condição garantiu a Dinastia Filipina por três reinados.

Neste assunto, não falo da ilegitimidade da Dinastia Filipina, para não alargar desnecessariamente.

Também não houve nesse tempo uma passividade entre portugueses e espanhóis (ou castelhanos…) sendo que, pelo contrário, em Lisboa, passe o exemplo, um grupo de castelhanos foi brutalmente assassinado por lisboetas depois de uma pequeníssima discórdia (insignificante). Os ânimos populares estavam mais acesos que uma parte da Nobreza rendida, comprada, ou vigiada.

Evidentemente que uma Coroa para dois grandes “impérios” mostrou-se insuficiente. No meio da carestia governativa, gradualmente a Dinastia Filipina acabou por arrastar-se por dificuldades e pelos interesses da nobreza de Espanha em detrimento de Portugal. O somatório de negativos efeitos tornou-se inegável para aquela parte da Nobreza portuguesa que tinha inicialmente permitido tal dinastia; não só o caminho ficou totalmente desimpedido, como havia grande disposição geral em  afastar de vez o ilegítimo rei com a devolução do Trono a um legítimo; com a iniciativa dos 40 maiores fidalgos do Reino foi possível operar essa devolução ao legítimo sucessor: D. João, Duque de Bragança, futuro D. João IV de Portugal.

D. João IV, o Restaurador da legitimidade
Senhores adeptos da hispanidade, tenham a força e humildade de não mais alastrarem tais erros indelicados e pouco caridosos.

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