01/03/12

COMENTÁRIO DO "O ABSOLUTISMO É..."

D. João V

Com todo o sentido de oportunidade o leitor JSampaio comentou o artigo "O Absolutismo é..." mostrando a dificuldade do tema tratado. A resposta dada, porque me aprece proveitosa a muitos, deixo-a agora em forma de artigo:

"JSampaio,

Obrigado por comentar o artigo.


A. Nunca ouviu dizer tais coisas seguramente por dois motivos:

1 - História Escrita Pelos "Vencedores": Depois da invasão desolante (vitória demoníaca [do liberalismo]) os absolutistas (portanto, os miguelistas) [em Portugal] não escreveram ao público a respeito do assunto. Viram o Rei D. Miguel I no exílio, o Rei legítimo, e esperava-se a reposição da normalidade [reposição dos  legítimos no trono] por meios sensatos. O tempo foi passando.Viram assustados a destruição gradual de Portugal e foram ficando reduzidos a um grupo cada vez menor assistindo com muita dor à tendência mundial de liberalizar, corromper descatolizar-se e, enfim até "modernistar-se". [Evidentemente que ente os miguelistas sempre houve apoiantes em falso como o caso do Conde de Abrantes]. O material conhecido pelo público é feito por liberais ou pessoas que, vindas do mesmo ambiente liberal/republicano, acabaram um dia por reconhecer o mal em não dar razão aos miguelistas (aderiram mais pela questão da legitimidade ou até por justo repúdio ao liberalismo e depois à maçonaria). Os escritos miguelistas de conhecimento público e da época (portanto, muito poucos) são os que já não eram privados naquela época.

2 - O Reconhecimento de que a Crise Global É Ideológica-Doutrinal: Há documentos históricos, fundamentais desta época, que nunca foram do conhecimento público e que são guardados pela nobreza (há documentos e certo tipo de material que esteve secretamente guardado, e nem todo apareceu ainda). Há miguelistas que sobrevivem, e há miguelistas que se fizeram depois (aderiram), outros houve que, por se "modernistarem", foram deixando de ver a situação e começaram a deslocar-se ideologicamente para o outro lado. Os liberais não tiveram qualquer tipo de resistência posteriormente e não houve necessidade de escreverem mais do que tinham feito (foi simples). Ao mesmo tempo, pela mão da monarquia liberal, a Nobreza era cada vez mais reprimida (e até falsificada, duplicada) face ao avanço da revolução constante que foi levando à República pela mão da maçonaria. Só quem não conhecesse este terrível e progressivo rebaixamento desolante, sem retorno, poderia aventurar-se em escrever uma obra absolutista, tanto mais que se foram somando catástrofes constantes e cada vez mais graves até a revolução chegar ao âmago do próprio catolicismo. O mundo deixou de ser católico como [propriamente] monárquico.


B. Diz-me que o absolutismo foi uma moda. Ainda há pouco tempo ouvi dizer que o "absolutismo" era um abuso que consiste na centralização do poder no Rei ao ponto de dispensar as Cortes. Se é realmente assim, então o absolutismo não é um sistema estabelecido (não existe como sistema), por dois motivos:

1 - Se o sistema monárquico sobre qual o Rei abusou era católico, então o absolutismo seria um regime católico sobre o qual o Rei abusou! [O] absolutismo teria então de ser entendido como uma irregularidade ilegítima [mas] querida pelo Rei. Em suma, o absolutismo seria uma irregularidade cometida contra o próprio sistema, e não um sistema;

2 - O Rei é diante de Deus responsável pelo Reino. Logo, a função do Rei católico sempre foi central. Ora esta nota é própria das sagrações dos reis católicos, e agir em contrário seria sim uma irregularidade, uma irresponsabilidade. O "centralismo" [com referência ao Rei e não o "centralismo geográfico" ] é uma adjectivação pesada, como será se a aplicarmos a um pai de família católica por [assumir a] mais alta responsabilidade pela sua família, mas muito mais pesado é o uso de "absolutismo" para dizer o mesmo mas com [maior] intenção de denegrir. A monarquia católica sempre teve como FUNDAMENTO o "Rei-pai". A monarquia, em si mesma, é hierárquica, e depende de um Monarca que rege a ordem social submetendo-se a única vontade que é a de Deus. Se isto é [então] "absolutismo" é absolutista toda a monarquia tradicional católica.

Afinal, resta mesmo que o tal "absolutismo" seja nada mais nada menos que uma tentativa de ataque à monarquia tradicional (católica, obrigatoriamente) pela questão da tal "centralidade" [não geográfica], pois as ideias democratistas já se iam insurgindo.

Consegue identificar que Rei em Portugal fundou um regime absoluto?... provavelmente não... Pois o "absolutismo" aparece [não como regime de leis próprias mas] como "adjectivação" tardia, e esta sim que foi moda! Quanto aos absolutistas, ele apenas são assim chamados por se oporem aos regimes não tradicionais que surgiram (o liberalismo). Trata-se de uma forma de identificação num contexto determinado, tal como hoje os católicos [recorrem a] ser chamados "tradicionalistas" para se distinguirem dos "católicos liberais", a maioria que se dizem apenas "católicos"!

etc...

28/2/12 17:24

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