II
A FÉ
11. A FÉ PODE MUDAR?
Para os modernistas a Fé pode mudar, porque os dogmas são reduzidos a expressão dum sentimento de necessidade religiosa. Haveria então de ser adaptados e reformulados quando mudam os sentimentos e as necessidades religiosas.
Inversamente, se os dogmas exprimirem de maneira infalível as verdades da Fé, como a Igreja ensina, é evidente que não podem ser trocados, porque o que era verdade ontem, não pode ser falso hoje e é imutável. É por isso que S. Paulo escreve: "Se nós mesmos ou um anjo do céu vos anunciasse um outro Evangelho além daquele que nós vos anunciámos, seja anátema!" (Gal. 1, 8). "Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e nos séculos [sempre]" (Cristo heri, et hodie, ipse et in secula) (He. 13, 8).
a) Haveria assim um progresso da Fé?
- Um progresso da doutrina da Fé é possível unicamente no sentido em que as verdades de Fé sejam melhor entendidas e explicadas. Um tal desenvolvimento foi predito por Jesus Cristo à sua Igreja, quando disse: "O Advogado, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á tudo e lembrar-vos-a tudo o que eu vos disser" (João 14, 26)
b) O Espírito Santo não pode ensinar à Igreja novas verdades?
- A revelação está encerrada desde a morte dos apóstolos (22). Desde então, o Espírito Santo não ensina novas verdades, mas introduziu a Igreja, cada vez mais profundamente, nas verdades já reveladas por Jesus Cristo. Certas verdades reveladas que, até um certo momento, desempenharam um papel de segundo plano na Igreja, podem passar ao primeiro plano numa outra época. As controvérsias que opuseram a Igreja contra os heréticos obrigaram a mesma Igreja a expor de maneira sempre mais preciosa e mais clara até então implícitas - mas sem nunca nada acrescentar ao depósito revelado aos apóstolos.
c) Quais são as regras deste desenvolvimento da Fé?
- O desenvolvimento da Doutrina pode precisar o que foi ensinado anteriormente, sem a modificar e diminuir ou ainda contradizer. Não pode haver oposição uma vez que o dogma tenha sido definido, não pode tornar-se falso ou relativo mais tarde, ficar sem valor, ou tomar um outro sentido.
d) Quando define um novo dogma, a Igreja não descobre na Igreja novas verdades?
- Quando a Igreja define um dogma, não é por ter descoberto um nova verdade, mas para deixar explícita uma verdade sempre acreditada e que, por exemplo, começou a estar em perigo de mau entendimento geral (quase sempre por ameaça de falsas ideias e correntes filosóficas ou religiosas). É sempre "a mesma crença, o mesmo sentido e o mesmo pensamento"(23). O Concílio Vaticano I ensina claramente: "O Espírito Santo não foi prometido ao sucessor de Pedro para que faça conhecer na Revelação uma nova doutrina, mas para que, com a sua assistência, se conserve fielmente a Revelação transmitida pelos Apóstolos, isto é, o depósito da Fé"(24).
(22) Dentre as proposições modernistas condenadas em 1907 pelo Papa S. Pio X, figura o erro seguinte: "A Revolução que é o objecto da Fé católica, não foi encerrada com os Apóstolos".
(23) "In eodem scilicet dogmate, eodem sensu eadem sententia" Concílio Vaticano I, DS 3020. O Concílio cita aqui S. Vicente de Lerins, Commonitorium primum 23, nº3; PL 50, 668 A
(24) DS 3070
Inversamente, se os dogmas exprimirem de maneira infalível as verdades da Fé, como a Igreja ensina, é evidente que não podem ser trocados, porque o que era verdade ontem, não pode ser falso hoje e é imutável. É por isso que S. Paulo escreve: "Se nós mesmos ou um anjo do céu vos anunciasse um outro Evangelho além daquele que nós vos anunciámos, seja anátema!" (Gal. 1, 8). "Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e nos séculos [sempre]" (Cristo heri, et hodie, ipse et in secula) (He. 13, 8).
a) Haveria assim um progresso da Fé?
- Um progresso da doutrina da Fé é possível unicamente no sentido em que as verdades de Fé sejam melhor entendidas e explicadas. Um tal desenvolvimento foi predito por Jesus Cristo à sua Igreja, quando disse: "O Advogado, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á tudo e lembrar-vos-a tudo o que eu vos disser" (João 14, 26)
b) O Espírito Santo não pode ensinar à Igreja novas verdades?
- A revelação está encerrada desde a morte dos apóstolos (22). Desde então, o Espírito Santo não ensina novas verdades, mas introduziu a Igreja, cada vez mais profundamente, nas verdades já reveladas por Jesus Cristo. Certas verdades reveladas que, até um certo momento, desempenharam um papel de segundo plano na Igreja, podem passar ao primeiro plano numa outra época. As controvérsias que opuseram a Igreja contra os heréticos obrigaram a mesma Igreja a expor de maneira sempre mais preciosa e mais clara até então implícitas - mas sem nunca nada acrescentar ao depósito revelado aos apóstolos.
c) Quais são as regras deste desenvolvimento da Fé?
- O desenvolvimento da Doutrina pode precisar o que foi ensinado anteriormente, sem a modificar e diminuir ou ainda contradizer. Não pode haver oposição uma vez que o dogma tenha sido definido, não pode tornar-se falso ou relativo mais tarde, ficar sem valor, ou tomar um outro sentido.
d) Quando define um novo dogma, a Igreja não descobre na Igreja novas verdades?
- Quando a Igreja define um dogma, não é por ter descoberto um nova verdade, mas para deixar explícita uma verdade sempre acreditada e que, por exemplo, começou a estar em perigo de mau entendimento geral (quase sempre por ameaça de falsas ideias e correntes filosóficas ou religiosas). É sempre "a mesma crença, o mesmo sentido e o mesmo pensamento"(23). O Concílio Vaticano I ensina claramente: "O Espírito Santo não foi prometido ao sucessor de Pedro para que faça conhecer na Revelação uma nova doutrina, mas para que, com a sua assistência, se conserve fielmente a Revelação transmitida pelos Apóstolos, isto é, o depósito da Fé"(24).
(22) Dentre as proposições modernistas condenadas em 1907 pelo Papa S. Pio X, figura o erro seguinte: "A Revolução que é o objecto da Fé católica, não foi encerrada com os Apóstolos".
(23) "In eodem scilicet dogmate, eodem sensu eadem sententia" Concílio Vaticano I, DS 3020. O Concílio cita aqui S. Vicente de Lerins, Commonitorium primum 23, nº3; PL 50, 668 A
(24) DS 3070
4 comentários:
"Para os modernistas a Fé pode mudar, porque os dogmas são reduzidos a expressão dum sentimento de necessidade religiosa. Haveria então de ser adaptados e reformulados quando mudam os sentimentos e as necessidades religiosas."
estamos em sintonia!
Amen. Eu também.
Eu bem ponderei se deveria ou não retirar essa frase do artigo... E explico:
1 - Os modernistas pensam isso, alguns, e outros não o pensam, e outros pensam algo mais ou menos parecido. Um modernista não tem de pensar isso para ser modernista;
2 - Não me parece certo orientar o artigo do livro por "os modernistas isto ou aquilo" como se houvesse uma disputa entre dois adversários claramente definidos. O modernismo tem a faceta da indefinição.
Olga Teixeira,
Alegro-me que, pelo menos nisso, esteja de acordo com a Santa Madre Igreja! Continue a ler o blogue que lhe fará bem, certamente.
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