16/09/11

CAPELA DE S. JOÃO BAPTISTA da IGREJA DE S. ROQUE em LISBOA (IV)

D. João V
D. João V tinha em tempos prometido aos Jesuítas recuperar a capela que estava dedicada ao Espírito Santo, na igreja de S. Roque. Ora, há opiniões fundadas que sustentam que esta era já dedicada também a S. João Baptista. Nisto há dúvidas. Pela "Chronica da Companhia de Jesus" sabemos que na ordem de construção da actual capela lemos "... para se ornar uma capella dedicada ao Espírito Santo e a S. João Baptista, que está na egreja de S. Roque que ...". Isto não prova que a capela estava já dedicada também a S. João Baptista, pois é próprio que as notas de encomenda refiram a quem se vai de dedicar a obra e não a quem estava dedicada a capela original onde a obra vai ser montada. Da minha parte, à falta de provas, não arisco a mais que isto esperando notícias.

D. João V muito promoveu e estimou os Jesuítas. Seu filho D. José não lhes teve a estima suficiente para impedir as diabólicas iniciativas do Ministro Sebastião de Carvalho e Melo, o poderoso Marquês de Pombal (o poder residia-lhe na arte de influenciar e nas fortes ligações discretas que tinha pela Europa).

D. José
Em 1742 já há indício de que o Rei tinha em mente este projecto. Desde cedo, tinha excluído para para a obra os arquitectos residentes em Portugal (portugueses e estrangeiros). Mas qual o motivo? O Rei simplesmente procurou os melhores dos melhores em toda a Europa, ou houve outra intenção acrescida?

Quis o Rei que a capela fosse construída em Roma, aproveitando assim o efeito benéfico que ela poderia causar a Portugal. A obra haveria de ser desmontada e trazida para Portugal. Encarregou D. Manuel Pereira de Sampaio, que já era encarregado dos negócios do Rei em Roma, como intermediário. D. João V garantia assim o seu braço em Roma, para o magnífico empreendimento.

Luigi Vanvitelli
Muitos trabalhos teve D. Manuel Pereira de Sampaio logo de início (26 de outubro de 1742). O Rei exigia que os planos dos artistas passassem primeiro pela apreciação da Corte portuguesa. Muitos foram modificados para que o resultado correspondesse ás exigências. Nestes primeiros planos gerais o artista Johann Friedrich Ludwig destacou-se (mal podia imaginar que, anos mais tarde, haveria de alcançar nacionalidade portuguesa).

O trabalho que tocou a D. Manuel Pereira de Sampaio foi bem pesado, mas a largueza dada pelo Rei permitia-lhe muito, inclusivamente pagar-se muitíssimo bem. Era realmente difícil em Portugal calcular o peso da estafa de D. Manuel Pereira em conjugando as exigências da Coroa com os génios diversos dos muitos artistas.

Caso único o da escolha de dois arquitectos para o desenho da capela: Nivola Salvi, autor da fontana di Trevi, e Luigi Vanvitelli, arquitecto do Papa Bento XII. Se a obra era pequena em espaço, era enorme no católico esmero.

Um dos locais da construção da capela
Vicolo della Penna, Plaza del Popolo, Roma



Vários espaços foram alugados em Roma para a feitura da capela.

Veja a anterior parte I
... parte II
... parte III
Continuação na parte V

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