21/07/11

DISCRETAS IDEOLOGIAS QUE NOS MOLDARAM



A série "Dartacão e os Três Moscãoteiros" foi das mais apreciadas pelas crianças portuguesas nos anos 80. A música do genérico era cantada por todos. O sucesso foi total. Nesta série os vilões era o Cardeal Recilião e seus homens. Esta música tem dois aspectos curiosos que reforçam o "ataque anticlerical":

1 - Ao 50 segundo (do vídeo) diz a letra "perseguem os bandidos", e eis que é colocada a figura do Cardeal Rechilião em plano de aproximação;
2 - Musicalmente, neste momento, a música modela-se ao "relativo menor" (técnica de composição musical) e tal indica que há intenção de ajustar o sentido da música à letra (e vice-versa), sendo que a palavra "bandidos" (quando aparece o Cardeal) se destaca pela altura da nota relativamente às restantes (momento forte da melodia).

Não admira que cresçam as ignorantes opiniões segundo as quais os pais deveriam deixar aos filhos a escolha das próprias ideologias ou credos como se vivêssemos numa "neutralidade de crenças". Observo que esses pais são fortemente marcados por um sistema de crenças (hoje dominante) e que eliminam toda a crença ou sistema de crenças que não sejam as suas. Outra característica interessante é que estes mesmos desprezam tudo o que lhes pareça ser crença (quase uma fobia) sem admitirem que as suas próprias crenças sejam realmente crenças.

Ideologicamente, todos somos preparados hoje contra a civilização cristã. Os revolucionários de ontem são os que hoje governam e justificam seus crimes por um "contar da história" que coloque os bons como maus e a eles como bons.

7 comentários:

Helder Dias disse...

Isto é completamente absurdo...
A história é do Dumas...
E o Cardeal, que foi uma pessoa real, era de facto uma pessoa má...

Seria como dizer que os padres pedófilos são santos e que é tudo uma conspiração para minar a autoridade da Igreja...

anónimo disse...

NEOelder,

Diz que "isto é completamente absurdo", mas seria melhor dizer a que se refere concretamente.

É uma adaptação a partir de Dumas sim...

"Seria como dizer que os padres ...." Suponho que está a ilustrar o tal "completo absurdo".

Se mostrar em que consiste o tal "completo absurdo" pode ser que alguém possa discordar ou concordar consigo!

Volte sempre.

Helder Dias disse...

Como é óbvio escrevia sobre o artigo em questão que apresenta esta série infantil como parte de uma ideologia que nos pretende moldar.
Para resultar tão bem tinha de existir uma evidente dicotomia entre o bem e o mal. Sendo neste caso, o cardeal Rechelieu o mau da fita.

Acredito que existam programas para moldar os pensamentos das pessoas. Disso não tenho dúvidas mas dizer que uma história do Dumas que integra características de uma pessoa real faz parte de uma conspiração ideológica que nos pretende moldar, considero completamente absurdo.
E acho muito bem que se mostre quão vis podem ser algumas pessoas mesmo que sejam membros da Igreja.

O Cardeal Rechelieu foi de facto uma pessoa má e não podia ser representado como uma pessoa boa. É nesta linha que uso o paralelo com os padres que cometem actos de pedofilia.

Helder Dias disse...

*Richelieu... enganei-me!

anónimo disse...

NEOelder,

Claro que o "isto" se refere ao artigo em geral ou a alguma(s) afirmação(ões) nele contido. Óbvio, tal não estava em causa, mas antes quais seriam as afirmações que levariam a pensar na existência de tal "absurdo"?

Supor uma neutralidade de crença ou de ideologia, tema também abordado no artigo, faz supor que quais quer desenhos animados são "neutros" a nível de crença e de ideologia. Neste aspecto (o de haver realmente uma neutralidade) quem não concorda com o artigo pode sempre comentar o motivo da não concordância, mas até agora ninguém demonstrou ou tentou demonstrar que essa "neutralidade" existe!

O artigo aborda directamente esse produto televisivo concreto (o que ele é, o que está implícito, o SER) e NÃO a INTENÇÃO (não é essa o objecto do artigo). São também abordados EFEITOS concretos de produtos como estes. Como somos católicos sabemos que a intenção não determina que uma obra seja boa ou má em si, por isso o que é abordado neste artigo são os malefícios implícitos e não o role de possíveis intenções, ao contrário do que o NEOelder leu no artigo:

"Mas dizer que uma história do Dumas que integra características de uma pessoa real faz parte de uma conspiração ideológica que nos pretende moldar, considero completamente absurdo"

Falso... está a atribuir ao artigo o que ele não diz."Conspiração ideológica"? Quem afinal inventou esse completo absurdo foi o NEOelder, e quem atribui tal invenção ao artigo foi também o NEOelder.

Claro que a crença no "ideologicamente neutro" infelizmente obriga o hospedeiro a concluir, sempre que leia um letreiro "contem crenças, contem elementos ideológico", que há ali uma intenção organizada (uma "conspiração ideológica")... Um outro aspecto é a crença muito difundida de que a verdade seria relativa e não absoluta, o que impede analisar as coisas quanto tal colocando-as apenas em valor relativo às intenções, por exemplo. Este é o panorama das "coisas vazias" ou "neutras", um neo-niilismo, um relativismo absoluto.

É óbvio, é lógico e acabo de confirmar isso mesmo. O crente naquela "neutralidade" acaba por filosofar SEGUNDO ELA e não contra ela, pois está cativo dela e ela antecede o ordenamento das suas ideias. O NEOelder partiu do artigo e com as lentes do seu sistema de crenças acabou por "ler" o que nem está lá e contra o que lá está. O que não pode negar:

1 - A personagem escolhida para vilão é um Cardeal;
2 - Ao Cardeal e seus homens chamam-se-lhes de "bandidos";
3 - Dartacão é o herói (o bom da fita a que a criança se vai começando a identificar) e que luta contra os maus da fita;
4 - A música do genérico reforça a dicotomia em que o Cardeal e seus homens são os "bandidos" contra quem se tem de lutar.

Isto é inegável, o artigo é claro e não fala de conspirações. Refere, isso sim, crenças e ideologias. A influência deste tipo de coisas nas crianças MODELA sempre, quer se queira ou não.

Por isso recomendo que leia o texto atentamente aproveitando os elementos que nele são dados (e especialmente o grande elemento de que não há neutralidades de crença).

anónimo disse...

ERRATA: onde se lê "...faz supor que quais quer desenhos animados são "neutros" a nível de crença e de ideologia." leia-se "... faz supor que quaisquer desenhos animados possam ser "neutros""

anónimo disse...

NEOelder,

Só depois vi quem és, por isso não estava a tratar-te por "tu".

Cumprimentos.

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