05/07/11

CEP AUTO-DEMOLIDORA - A ENTREVISTA A D. VITALINO (Bispo de Beja - Portugal) II

D. Vitalino foi falar da VIDA às escolas















(II parte)


Mas o que diz D. Vitalino? Eis:

1 - “A religiosidade popular tem de ser repensada e renovada. Com o fluxo dos tempos inserem-se aspectos que não provêm da inspiração evangélica. No entanto, não se pode colocar de lado que o homem necessita de festas, romarias e peregrinações. A religiosidade popular tem a particularidade de lhe dar esses símbolos concretos.”

Em primeiro lugar é inevitável fazer um alerta para uma “nova linguagem”, generalizada e muito em moda, que mais parece “poesia teológica”, que dificulta a objectividade informativa, dispersa e confunde. Não é a linguagem própria, muito clara, objectiva e específica com a qual a Igreja se expressou sempre, é uma outra por si ambígua. Dou exemplos:

“Inspiração evangélica”
“Inspiração” aqui é usada no sentido alargado, mas que certamente parecerá de grande autoridade aos desavisados. Esta palavra “inspiração” segue a versão profana e alargada de “inspiração”. Leia-se antes uma “fundamentação evangélica” e não uma “inspiração evangélica”.

“Repensar a religiosidade”
Absurdo filosófico que pressupõe uma postura à margem do tomismo e de certa forma contra o tomismo. Pensar NA religiosidade, ou repensar, sim mas “pensar A religiosidade” é contorção gramatical que não expressa certamente o mesmo que as formas normais possíveis fora da poesia. Rejeitadas as formas “na religiosidade”, “sobre”, “a respeito da”, é inegável a intenção de uma outra ideia abstracta (pelo menos não clara), OUTRA intenção que não a óbvia. Este tipo de linguagem sinuosa, com recurso à contorção das formas, ao subjectivismo, é RECENTE e possibilita um espaço de manobra muito grande quanto muito vago dando ao seu utilizador a possibilidade de nunca mencionar nada em concreto se o quiser. Mas, daquilo que eu conheço este REPENSAR A RELIGIOSIDADE pressupões mais o “reinventar” (como se a religiosidade tivesse sido fruto de alguma invenção e que, por isso, seria agora reformulável).

“Religiosidade renovada”
Como renovar a religiosidade se se abdica hoje da Doutrina? Diz-se agora que também a Doutrina foi renovada, e mais, que a Igreja foi renovada no Concílio Vaticano II, falou-se muito da “Nova Igreja” e da “Igreja do Concílio”. A RENOVAÇÃO hoje anunciada implica isso mesmo: a adaptação da face visível da Igreja à uma nova doutrina e não à mesma Doutrina de sempre, tal que se diz que essa também foi renovada). Este processo de ajuste, na prática, consiste na na ruptura com a Igreja Católica por via doutrinal: surge esta revolução disfarçada de evolução.



“Esses símbolos concretos”

D. Vitalino refere-se a “…festas, romarias e peregrinações” juntando os opostos “simbólico” e “concreto” para designar as designar, numa panaceia tão larga que nada diz e tudo abrange. “Símbolos concretos”?! Um símbolo é em si concreto sempre, independentemente daquilo que simbolize. Contudo, as romarias, festas e peregrinações não podem ser reduzidas a símbolos embora tenham aspectos simbólicos, elas não são símbolos.


É escusado dizer que toda a entrevista é corrida deste tipo de conceitos combinados, vagos, impróprios, e contraditórios, pelo que estes que referi servem apenas de rápida mostra.



Ler a I parte
(terá continuação)

1 comentário:

anónimo disse...

Este Domingo passado estive num arraial popular. De ano para ano há menos pessoas naquela que era a festa de maior visibilidade em toda a região ainda bem há poucos anos. Dizia alguem, já com idade, que haveria que animar mais a parte profana para que depois tambem a parte religiosa avivasse. Ora, garanto que à 30 anos esse mesmo senhor não se lembraria de dizer tal disparate. Pois o problema, na verdade é oposto: a festividade de um santo parte do altar até às manifestações mais exteriores, e retirado hoje o sentido verdadeiro de tais festas tudo vai ruindo em redor e corre-se para aguentar tudo com "incentivos humanos". Na falta do fundamental todo o edifício começa a ruir e ruirá mesmo que por sentimentalismo muitos se agarrem a salvar o parafuso tal ou a escadaria tal.

Sem a Doutrina de sempre, sem a filosofia (pensamento católico) tomista, todo o edifício fica incompreensível e dentro de si mesmo é instalada a confusão e a auto-demolição.

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