04/03/11

COM S. FRANCISCO XAVIER - COMBATENDO O "CASTELHANISMO" I

Ainda ontem escutei uns adeptos da hispanidade referirem-se aos portugueses como: antigos judeus comerciantes, que só se preocuparam com o lucro. O tom depreciativo de quem espalha que os descobrimentos portugueses são uma mera acção comercial das ganâncias, é tão grande quanto a ignorância desses senhores que gabam da sua "catolicidade superior". O "castelhanismo", que é um bicho mau e propagandista, há muito tomou o cavalo da pobre hispanidade. Este grande incómodo do orgulho castelhano, tão bruto, burro e cego, que já fez estragos como um ébrio dos piores, tem de parar. Há que para-lo, dar-lhe uma sova caso não pare de berrar, e depois, educá-lo se tal for humanamente possível. 

Escolhi um texto de Francisco Videira Pires, do livro "Portugal Cruzada Sem Fim", para dar exemplo de como fundamentar ou refutar a história, e aquelas falsidades da propaganda castelhanista, maçónica e marxista. Vamos ouvir o que um bom "espanhol" (sabe-se lá o que significa essa palavra tão deturpada pela ganância castelhanista), e que é S. Francisco Xavier, tem a dizer do comportamento dos portugueses, e da atitude dos governadores portugueses e do Rei D. João III de Portugal:


(El texto anterior en lengua castellana: Ayer escuche unos aficionados de la hispanidad hablaren de los portugueses como antiguos judíos comerciantes que solo les interesaba el dinero. El tono despreciativo de quien siembra la idea de que los descubrimientos portugueses son una simple acción comercial de ganancias, es grande tanto cuanto la ignorancia que la proclama (y lo proclaman los mismos que se loan de tener una “catolicidad-superior”!). El “castellanismo”, que es un bicho malo y propagandista, hace mucho tiempo que tomó el caballo de la pobre hispanidad. Tal orgullo castellano, tan brutal, asno y ciego, que hace estragos como un ebrio de los peores, tiene que parar. Hay que pararlo, pegarle se no para de gritar y, después, educarlo se humanamente posible.

Elegí un texto de Francisco Videira Pires, del libro “Portugal Cruzada Sem Fim” (Portugal Cruzada Sin Fin), para dar exemplo de como fundamentar o refutar historicamente, principalmente aquellas falsedades de la propaganda castellanista, y la masónica, y la marxista. Vamos escuchar lo que el buen español” (palabra deturpada por la ganancia castellanista) S. Francisco Xavier (gran santo) tiene a decir del comportamiento de los portugueses, e de los governadores portugueses, e del Rey D. Juan III de Portugal:)



A AUTORIDADE DE UM SANTO

S. Francisco Xavier e os seus companheiros recebidos pelo Papa Paulo III
Pintura de André Reinoso 1619
Lisboa, igreja de S. Roque

"Ainda ninguém se lembrou de escrever a monografia da vida quotidiana dos Portugueses no Oriente, em tempos de S. Francisco Xavier. Só as cartas, completadas com os escritos dos primeiros correspondentes e biógrafos, dar-nos-iam um dos livros mais coloridos e exactos sobre esse período tão decisivo da nossa história ultramarina. Além da cor local e do pitoresco do quadro, o que lhe brota da pena fornece-nos, frequentemente, documentos de primeira-mão para a nossa situação nessas longínquas paragens, como quando nos diz, em confissão do ano 1552: «Há oito ou nove annos que forão descubertas estas ilhas do Japão pelos portugueses» (1), num dos mais firmes testemunhos do encontro desse império do Sol Nascente, em 1543. Aqui e além, quase a cada página, saltam informações preciosas acerca da firmeza e lucidez da nossa colonização. Vá de exemplo só esta curta frase relativa ao régulo Hairun: «O rei de Maluco é moiro e vassalo do Rei de Portugal, e honrase muito de o ser, e quando nele fala chama-lhe: o Rei de Portugal meu Senhor.Pala este rei muito bem português» (2).

Onde, porém, a sua autoridade sobreleva a de todos os historiadores que tratam da nossa presença no Oriente, através dessa década da sua actividade evangelizadora, é em tudo o que se refere à missionação. Não fosse ele o maior Apóstolo da época moderna, a dominar, de muito alto, não só os breves anos abrasados da sua incessante caminhada por terras e mares, mas tudo quanto veio depois, no sulco decisivo da sua pegada. Alguém falou mais eloquentemente dos objectivos espirituais do nosso domínio oriental? Tão clara e terminante é a impressão que nos deixou, que ela só basta para anular as fantasias de historiógrafos comprometidos ou de inimigos de Portugal, quando fazem dessas conquistas o paradigma acabado da capacidade das nossas gentes ou da pirataria dos nossos cabos de guerra.
S. Francisco Xavier observa muito bem todos os desmandos; mas nunca se esquece de sublinhar que eles constituíam uma traição à linha cristianíssima da política oficial e às orientações constantes dos nossos Reis. A sua palavra tem, pois, de tomar-se como padrão valorativo das restantes afirmações reivindicadoras de autores como Sá de Miranda, Diogo do Couto, Camões ou mesmo Castanheda e Gaspar Correia.
Quem se atreveu a caluniar a flor dos capitães da Índia, crismando-os com a feia alcunha de chatins? Ouça, então, o Santo contar ao Rei D. João III, mesmo em cima dos factos, como um punhado de bravos defendera a fortaleza de Maluco «gastando o seu e de seus amiguos em dar de comer a pobres lascarins, e aguazalhando os castelhanos que da Nova Espanha vierão, provendo-os de vestidos e comer, mais como a proximos que como ymiguos», para logo acrescentar esta afirmação vingadora: «Estes capitães de Vosa Alteza, como são mais cavaleiros que chatins nem mercadores, não se souberão aproveitar pera ajuda dos seus guastos do fruto do cravvo, que Deos neste terra daa; esperão ho gualardão de seus servviços de Deus primeiramente, e despois de Vossa Altezas» (3)
Outra carta para o monarca há-de gastá-la toda com uma estirada lista de Portugueses de lei, que se tinham assinalado na defesa de Malaca. Cita-lhes os nomes, indistintamente, solteiros e casados, nobres e populares, para que o Rei lhes «dee os agradecimentos», pois «os homens de cá, acrescenta, que gastão o seu em serviço de V. A., nenhuma cousa tamto deseyão, como saberem que está V. A. no cabo de seus serviços, para que os honre escrevendo-lhes e dando-lhes os agradecimentos» (4). Este « pobre e bom»; aqueles; abastados, «gastaram muito neste cerco» (...), «e o que lhes fica, guardam-no pera servir V. A.»; um não se poupa a «serviços e gastos que faz com os christãos»; e outro de nome Diogo Borges, foi ao ponto de trabalhar e consumir fazenda «com el-Rey das ilhas Maldiva de maneira que se fez christão» (5).
Qual é, na mente de Xavier, a preocupação missionária das autoridades, a começar pelo Rei? Como vivem os portugueses do Oriente a nossa vocação ecuménica de dilatar a Fé?
De D. João III refere para Roma a S. Inácio de Loiola, ainda de Lisboa: «O Rei me disse, quando dele me despedi, que por amor de Nosso Senhor lhe escrevesse muito por lago da disposição que há lá para a conversão daquelas pobres almas, doendo-lhe muito da miséria em que estão metidas, e muito desejoso de que o Criador e Redentor delas não seja perpêtuarnente ofendido das criaturas, à sua imagem e semelhança criadas, e com tanto preço compradas (6). É tanto o zelo que Sua Alteza tem da honra de Cristo nosso Senhor e da salvação dos próximos, que é coisa para dar infinitos louvores e graças a Deus ver um Rei que tão bem e piamente sente das coisas de Deus: e é assim que, se eu não fosse testemunha de tudo como sou, não pudera crer o muito que nele vi» (7).
2º parte, AQUI

(1 ) Georgius Sdiurhammer S. L et Josefus Wicki S. 1., Epistotae S. Francisci Xaverii aliaque ejus scripta, nova editio, (...) ediderunt (... ),Romae, 1945, tainus II, p. 254
(2) Ib., tomus 1, p. 385 e 386.
(3) Id., ib., tomus 1, p. 348.
(4) Id.. ib.. tomus 11, p. 302.
(5) Id,, ib,., II, p. 304; 302 e 303; 305 e 307.
(6) Resgatadas
(7) Id. ib., 1., p. 81

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