Recentemente soube de um triste caso de alguém que quis mostrar um vídeo da “missa nova” onde a vestimenta do sacerdote e dos participantes era de palhaço. Tal palhaçada foi mostrada com a finalidade de chocar um católico tradicional, o que não sucedeu. Quem mostrou o vídeo dizia-se também católico tradicional e mostrou-se indignadíssimo com o circo do vídeo, pois dizia que era um acto de loucura fazerem tão bizarro espectáculo durante a missa. Claro, este não era realmente um católico tradicional porque considerava que os problemas graves, relativos à “missa nova”, são a forma como cada vez mais se celebra (se rezam) essa “missa nova” e não é a “missa nova” em si mesma. O mesmo seria dizer que o mal de determinado crime residiu em que a vítima gritou muito, e não no facto de o assassino a ter morto. Ora, se me permitem a força da imagem, aquele que tem mentalidade de criminoso não se escandaliza com o crime mas pode escandalizar-se com detalhes da forma como se cometeu o crime: a faca não estava afiada e deveria estar, a vítima escolhida era fisicamente muito resistente e teria sido sempre uma má escolha… etc. O modernista não está “afinado” para o problema doutrinal da revolução da “missa nova” e apenas se detém na forma como essa revolução é executada. Se a comparação foi forte é porque não me ocorre uma ideia suficientemente forte par qualquer caso antípoda da Missa.
Mons. Fellay, ao ter levado a Roma sacadas de casos dos chamados “abusos litúrgicos” na “missa nova”, para demonstrar os frutos do Concílio, talvez tenha despertado em muitos modernistas a ideia de que eram os próprios “abusos litúrgicos” o centro da questão. Esses “abusos” deveriam ter sido acolhidos também como frutos da “missa nova”. Prontamente, como a mentalidade do criminoso da comparação que referi no parágrafo anterior, Roma aprontou-se à operação de cosmética eliminando assim as “provas” ao tentar fazer desaparecer os tais “abusos litúrgicos”. Depois da ordem dada agravou-se a diferença declarada das posições entre os modernistas conservadores e modernistas progressistas. Alguns católicos tradicionais menos instruídos foram rapidamente comovidos, e como a sua posição inicial era muito desconfortável, não vendo claro, passaram á ala modernista conservadora. Mas estes foram muito poucos, naquele tempo.
Vieram depois, pouco a pouco, os chamados “grupos Ecclesia Dei”, aos quais Roma teve de lidar com toda a mestria. E quem não lembra o caso do IBP, fundado por um optimista sacerdote saído das alas da FSSPX? O IBP assinou o acordo com Roma e, quando pensava que as linhas do acordo lhes garantiam poder criticar o Concílio Vaticano II, veio uma proibição de Roma, que o IBP contestou dizendo que o acordo permite que o IBP possa criticar o Concílio Vaticano II. Roma responde que sim, claro, o IBP pode criticar o Concílio Vaticano II MAS INTERNAMENTE (não podendo faze-lo para fora). Fantástico! O que faz o IBP? Sem portas por onde sair nem portas por onde entrar, começou a pregar o malabarismo mais fino: o Concílio Vaticano II passou a ser interpretado como sendo compatível com a Doutrina Católica. Fantástico! Mais dia menos dia estavam os seminaristas do IBP a ter instrução sobe a asa da Opus Dei. Incrível!
A par desta problemática crescente, própria dos ambientes dos “gupos Eccesia Dei”, continua o blogue “A Casa de Sarto” a difundir o modernismo conservador com o maior descaramento, mesmo depois de algumas advertências, e até infelizes ocorrências com a FSSPX. Temos que a sua tendência tenha-se agravado e que a FSSPX esteja demasiadamente preocupada em práticas de "novas primaveras" que impliquem todo o tipo de tranquilidade diplomática. Muitos têm sido os arrastados por tal blogue e, segundo parece, o tal apresentador do vídeo, que tinha sido mencionado, é adepto das leituras de tal blogue, infelizmente tão difundido mesmo em blogues ligados com a FSSPX. A análise que faço neste parágrafo não é dedicada a tal blogue, mas que sirva de paradigma este.
Parece-me que blogues Católicos tradicionais, em Portugal, apenas sobra este, o ASCENDENS. Vários outros começaram por ter uma posição realmente católica e, talvez com as tentativas de Roma em relação à FSSPX, foram-se deslocando para Roma e afastando de Deus e da Igreja. Ao mesmo tempo, com a deslocação doutrinal desses blogues, deu-se a deslocação de leitores e novos adeptos viram-se identificados, não porque tivessem mudado de posição mas porque tais blogues mudaram para posições mais condizentes com a “ideologia dominante”. Obviamente o carácter conservador destes blogues garante um certo aspecto que lhes permite erradamente continuarem a auto denominarem-se de “blogus católicos tradicionais”. Um perigo!
Estamos perante casos de blogues e de adeptos que acreditam no mesmo tipo de erros, e pode haver um caso ou outro em que, talvez, depois de verem tais erros, quiseram permanecer igual por motivos pouco interessantes. Segundo o que todos estes dizem a Doutrina Católica seria algo a submeter ao subjectivismo comum ou ao sentimento comum, haveria uma referência do “bom senso” e não tanto uma objectiva, a Verdade. Caiem assim num certo relativismo estruturalista, um refinamento liberal de pessoas com hábitos conservadores. Em geral todos os seus argumentos são construídos de forma a obterem um equilíbrio o mais confortável possível, que conserve o mal mas diminuindo os sintomas ou o desagradável odor. Há ainda uma confusão entre o Papado e a pessoa do Papa, pelo que transitam facilmente da “papolatria” à omissão. Enfim… um retrato resumido.
Esta onda de falsos “Católicos Tradicionais”, a dos “ecclesiadeistas”, que tanto mal tem feito, separa a Missa Católica da Doutrina Católica, e caiem quase sempre no birritualismo (missa nova e Missa Católica). Fomentam a Missa Católica em condições perigosas e ilegítimas, até de nulidade, como se o sagrado fosse uma magia garantida por uma fórmula com adornos. Nasce assim a nova forma de corromper a Igreja: Venha a Missa Católica, aparte-se a Doutrina. E, mais dia menos dia, iríamos ver a falta de Doutrina voltar a tentar sepultar a Missa, tal como foi há 40 anos.
Sim, a falta de Doutrina pode crescer relativamente se os padres que rezarem a Missa Católica foram cada vez mais os da “outra doutrina”. Os impedimentos para a Missa Católica estão basicamente apoiados em dois, versos da mesma moeda. A moeda chama-se “não Doutrina Católica”, com uma face chamada “não quero essa missa pela sua doutrina”, e outro verso chamado “quero essa missa com a má doutrina”. É a moeda do modernismo com a cara do progressismo e com a cara do conservadorismo. Certamente, já se sabe que a doutrina que estes não querem é a Doutrina da Igreja, a mesma Doutrina Católica milenar.
Assim vai o mundo...
(desculpem tanta falta de talento para um assunto tão grande e que me desgosta. Espero que os autores do blogue aqui mencionado tenham em conta que importa analisar o conteúdo e os efeitos do material da "A Casa de Sarto" e que não se trata de um ataque pessoal-subjectivo. Estou aberto a críticas.)
(desculpem tanta falta de talento para um assunto tão grande e que me desgosta. Espero que os autores do blogue aqui mencionado tenham em conta que importa analisar o conteúdo e os efeitos do material da "A Casa de Sarto" e que não se trata de um ataque pessoal-subjectivo. Estou aberto a críticas.)
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