19/10/10

EVANGELIZAÇÃO DO BRASIL POR S. TOMÉ, E O MITO CASTELHANO (I)

PARTE I




1 - O Apóstolo S. Tomé - Tradição Católica.  Tradição Ameríndia,  Jesuítas e Vestígios vários

É de Tradição que os apóstolos chegaram a todos os cantos do mundo depois de serem enviados por Cristo.

A arqueologia e antropologia convergiram com o relato dos Jesuítas. São vários os testemunhos que nos chegaram de que S. Tomé evangelizou alguns pontos da América do Sul e talvez da América Central.

S. Tomé foi o Apóstolo que viajou mais longe, sobretudo o hemisfério Sul.

Aos homens de hoje impõe-se-lhes um obstáculo quando confrontados com a notícia de que partes do Brasil foram evangelizadas por S. Tomé: a falsa crença alimentada ao longo dos tempos, que se foi impondo por uma conjunção propagandista, de que Colon teria descoberto a América. Como poderia S. Tomé ter estado nas Américas se Colon não as tinha ainda descoberto? Eis o tropeço. Teriam sido tão distraídos e esquecidos os mongóis ao povoarem as Américas que se tivessem esquecido do gélido caminho de retorno?

Outro facto deveria estar na grande conta dos católicos. As tribos de Israel, segundo o que sempre foi transmitido pela Tradição, ensinado pela Igreja ao longo dos tempos, deram origem a todas as raças. O médio oriente é o ponto de origem, e tal implica a deslocação progressiva (ou não) de gente desse ponto geográfico até às Américas. Os indígenas não foram levados pelos europeus.

A Igreja ensina que a origem racial maioritária nas Américas é a da mesma tribo que originou o já referido povo mongol (segundo o ensinamento tradicional). As marcas genéticas confirmam as grandes semelhanças: os olhos amendoados escuros, o cabelo quanto à forma e à cor, a estatura e a fisionomia geral.

Evidentemente que houve contributos de outras etnias. A variedade fisionómica dos indígenas reforça que houve “visitantes” ao longo dos séculos, que emprestaram não só diferenças genéticas como outras diversidades. Seria que tais “visitantes” fossem sempre acaso de naufrágios, e impedidos de retorno? Porque motivo a ideia de que Colon descobriu as Américas não permitiu também a hipótese de que S. Tomé tenha sido náufrago por querer divino? Porque motivo esse mito do descobrimento das Américas está na mesma bandeja daquele querer que as Américas sejam vistas como evangelizadas por primeira vez pelos que se publicitam como seus únicos evangelizadores? Este querer obtuso, colado ao erro hegemónico e a “dogmas” históricos à força, chamo-lhe eu “castelhanismo”.

Os Jesuítas registaram que o nome do Apóstolo conhecido pelos indígenas do Brasil era o de “Zomé” ou “Somé”, por deformação do de “Tomé”. S. Tomé Apóstolo, no Brasil, foi perseguido pelos indígenas tupinambás e foi aceite por outros. Evangelizou e ensinou a adorar o único Deus e a abandonarem os demónios, a abraçar a monogamia, a não comerem carne humana. As diferentes tradições indígena contêm outras mais informações, tais como aquela em que Zomé se despediu e partiu em direcção à ilha Maré. Antes de partir da América do Sul, S. Tomé  esteve em outras regiões como são o Peru e Paraguai, onde ficou conhecido por “Peabiru”. Também há indicações que supõem a sua estada na Bolívia.

Algumas marcas, nos costumes desses indígenas, apontam ter havido um cristianismo: ritos de sepultamento, a cruz, etc.. Os indígenas esperavam outros católicos assinalados pela cruz, brancos de pele e barbados, que lhes iriam devolver a Fé perdida; Assim lhes tinha profetizado o Apóstolo, e assim veio a acontecer.

Na promoção dos Jesuítas, logo na raiz da sua fundação, esteve a primeira coroa: a Coroa portuguesa (D. João III) que apostando logo na multiplicação desta ordem religiosa mandou construir o primeiro colégio de Jesuítas em Portugal, e outros mais e maiores promoções lhes deu este bom Rei. Por isto hoje o mundo sabe tão pouco de D. João III que a maçonaria difamou como “beato” (no sentido pejorativo que hoje ignorantemente se usa). As cartas de S. Francisco Xavier atestam bem a obra que a Coroa lusitana fez na construção da civilização católica-lusitana e da importância que isso teve logo no destino da Companhia de Jesus.
Não admira pois que a recolha de informação nos territórios lusitanos tenha contribuído para maior conhecimento dos feitos do Apostolado S. Tomé. Os Jesuítas puderam montar grande parte do percurso deste santo, que coincidiu com os continentes de evangelização luza: África, América do Sul (e talvez América Central), Índia (a verdadeira Índia da Ásia).

2 - Fábulas Modernas e Propaganda Hegemónica como Obstáculos à Aceitação dos Factos Históricos – A "América".
O Brasil nem foi conhecido pelos portugueses apenas em 1500 nem o conhecimento da América foi feito apenas em 1492.

Dizer que a América foi descoberta por Colon implica dois erros óbvios.

O primeiro erro:  
Diz-se comummente que a América é um continente apenas. Objectivamente, cientificamente, e segundo o conceito que sempre foi usado, não é um continente apenas. Não admira por reducionismo semelhante os europeus chamem equivocadamente “americanos”aos naturais dos U.S.A. e chamem “brasileiros”, “mexicanos”, “argentinos”, a todos os restantes. Embora nisto hajam outros factores que pesam, tal confusão não seria possível se as Américas estivessem nomenclaturas correctas que não permitissem julga-las como um território único. Também este erro é alimentado para conveniência do tal “castelhanismo”, como veremos.


Dizer que Colon descobriu a América, por exemplo, só é possível para os que acreditam que basta chegar a qualquer ponto de UM desses dois continentes para poder reclamar a descoberta dos dois como se eles fossem apenas UM. E isto não tendo em conta a possibilidade dos territórios da chamada América constituírem três continentes e não dois. Dizer que Colon descobriu a América seria o mesmo que ter chegado à Patagónia (no extremo sul da Argentina) e, por isso, reclamar a descoberta do actual Canadá!

A chamada “América” é uma porção de territórios representados no mapa de Américo Vespúcio, portanto não é um nome criado para designar um continente, mas é o mapa américo (de Américo) que vinca a designação geral daqueles territórios nele contido. A esses territórios, alguns chamavam-lhes “os da carta américa”, que significa, em linguagem corrente, “os da carta de Américo”. “América” significa literalmente “de Américo”. Esta designação mais superficial existia entre tantas outras, principalmente aquelas que designavam partes mais particulares e tecnicamente precisas, como é o caso de “Brasil” que chegou a designar também todo o continente da actual América do Sul. Também, a necessidade de usar a designação no plural "Américas", de si revelador, não se dá com outros continentes: "as Europas", "as Áfricas", "as Ássias"... . O caso de ter sido usado, por exemplo, o plural para "Índia", "as Índias", tem a ver, justamente, com a necessidade de dizer que há dois territórios diferentes com o mesmo nome (a falsa Índia (na América), e a Índia). Este último caso, é revelador, pois a quem competia corrigir o erro, a "falsa Índia", não o fez e manteve o equívoco até ficar comummente aceite.

Também não se afirmou nunca naquele tempo que Colon descobrira a "América" mas sim a "Índia", e outras designações semelhantes. E como vimos, a "América", cientificamente, não é um continente mas mais que um continente. Tecnicamente a descoberta de um continente não equivale à descoberta de dois continentes, em forma de bónus ("pague um e leve dois").

O segundo grande erro prende-se com a divulgada crença que antes de Colon ninguém tinha conhecimento da existência das Américas. 

Vamos reflectir. Quando os Castelhanos viram regressar Colon, não afirmaram “regressou das Américas”, mas sim “regressou da Índia”. Nem sequer afirmaram “descobriu a Índia” (no sentido de descobrir algo que ninguém tinha conhecimento anteriormente), mas sim “descobriu o caminho marítimo para a Índia, já conhecida”.

Isto tudo indica, com segurança, que o nome “América” como unidade continental, não foi reclamada nunca, porque era ignorada por aqueles que julgavam ter descoberto o caminho marítimo para a Índia, pelo feito de navegação de Colon. Por esse mesmo motivo as terras, das quais se descobriu o caminho, não se esperavam  reclamadas como “descobertas” mas sim como “conquistadas”, tal como foi possuído o direito exclusivo de navegação a essas terras, como veremos posteriormente. Tudo isto levanta problemas que contribuem para olhar a história com mais realismo e cuidado, sem o disco repetitivo de meia dúzia de frases de propaganda ideológica centenária.

Se a América, na verdade, não é um único continente, e não foi sequer reconhecido como tal naquela época, desde quando os castelhanos começaram a divulgar que “descobriram a América” (dois continentes como se fora um)? Certamente, muito, muito depois de terem reclamado a descoberta do caminho marítimo para a Índia (falsa Índia), e depois de verem que tinham de reposicionar-se pelo grande equívoco mundial.

Ainda não está apresentado o segundo problema na totalidade. Se já vimos que é impossível afirmar, em completo juízo e conhecimento de causa, que Colon “descobriu a América”, passaremos ao mais “escandaloso”: Colon nem sequer descobriu o caminho que percorreu até à América Central.

(Continuação: Parte II)

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