25/05/18

CRUZ DA ORDEM DE CRISTO - A Igreja Mais Assinalada

- Qual o templo que mais cruzes da Ordem de Cristo tem?
- Talvez o do Convento de Tomar, Casa mãe dessa insigne portuguesa Ordem religiosa de cavalaria...
- Não. Trata-se de uma igreja na América do Sul, mais propriamente na Argentina e feita no séc. XX.
- Como tal coisa é possível!?
- A intenção inicial foi fazer ponte com o processo de civilização católico levada para a América com os Descobrimentos. A cruz aplicada na dita igreja foi ligeiramente estilizada para ser referência, mas não cópia. O templo não pertence à Ordem de Cristo, mas sim à FSSPX.
- Sendo a Argentina de herança espanhola não houve oposição a tal iniciativa?
- Quase de certo que não, pois parece que em 2009 ainda se pensava que a cruz ali colocada é referência aos descobrimentos espanhóis na América (Colon).
- Portanto... em 2009 ficou-se a saber desta informação em falta?
- Sim; confirmo.
- De que igreja se trata concretamente?
- A igreja do Seminário, em La Reja.
- O autor da estilização da cruz da Ordem Cristo tinha conhecimento disso?
- Não tenho informação de tal. De qualquer forma, o que lá está é o que se vê.
- Houve aflicções ao saber-se disto?
- Claro.
- ... e houve tentativas de "dar volta" à situação?
- Sim: alguém procurou, e encontrou numa enciclopédia uma moeda com uma cruz ligeiramente parecida, nem sequer pertencente a Ordem, ou associada a qualquer coisa, mera criação do artista da moeda. A cruz da Ordem de Cristo, também chamada "cruz dos descobrimentos" (portugueses), embora estilizada está por toda a igreja do Seminário, com propósito de fazê-la muito presente; de tal forma que em nenhum outro lado do mundo esta cruz é tão presente.

Ilustramos agora com fotos recolhidas, quase todas no final de 2009. Como esta igreja da segunda metade do séc. XX é uma solução arquitetónica exemplar para os nossos tempos, colocamos mais que o número necessário de fotos (haveremos de dedicar a esta igreja um artigo específico).

No chão do claustro da Igreja, há um conjunto de 5 cruzes no chão, conjunto que se vai repetindo:


Dentro da igreja, também o chão ao longo da coxia.


Vitral/rosácea na parede da fachada, sobre o coro alto.


Um dos muitos balcões, todos eles bem assinalados ao centro.


Também sobre cada balcão, no tecto.


Balcões da nave central


Teto da Cripta.


Todos os altares da Cripta estão assinalados


No final de 2009 os bancos da igreja foram substituídos por outros novos, estes já assinalados. (bancos antigos a pouco de serem substituídos [na primeira foto], bancos novos poucos meses depois de serem substituídos [na segunda foto]):



Balcão do Coro alto, assinalado várias vezes


Bancos dos seminaristas, igualmente assinalados.


Bancos da coxia [rodeámos com círculos as cruzes nos bancos]


Um dos 12 marcos da fundação da igreja


Na base de cada coluna do retábulo está também estilizada a Cruz da Ordem de Cristo.


A Cruz da Ordem de Cristo ficou associada aos Descobrimentos, à travessia da Civilização Católica para África, América e Ásia, e pertence à Ordem portuguesa que herda os Templários. Por acaso, ou não, esta é a cruz que serve bem o propósito da construção desta igreja; por isso não ficaria bem dizer que a colocação desta cruz (mais de 160) na igreja quereria homenagear uma moeda qualquer encontrada numa qualquer enciclopédia.

cruz da Ordem dos Cavaleiros de Nosso Senhor Jesus Cristo - Ordem de Cristo

4 comentários:

Ismael Hernández disse...

Como as fotos o demonstram, a Igreja do Seminário de «LA REJA» é uma belíssima Igreja:
- ignorava, contudo, que era o Templo que, no mundo inteiro, possui mais «Cruzes de Cristo» (sem dúvida, por influência da Cristianizaçäo levada a cabo por Espanha a Hispanoamérica).
Aproveito a oportunidade para felicitar a «Fraternidade Sacerdotal S. Pío X», ñ só por esta bela Igreja, mas também pela meritória acçäo de Evangelizaçäo levada a cabo pelos vários Continentes, a través dos seus Bispos, Sacerdotes e Seminaristas.

anónimo disse...

Caro Ismael Hernández,

obrigado por comentar.

Pelo que parece, este é o templo que mais representações da cruz da Ordem dos Cavaleiros de Nosso Senhor Jesus Cristo tem; certamente não por mera iniciativa da instituição, mas sim "localmente" pelo fervor nacional dos seguidores militantes da "hispanidad". Houve no mesmo local publicações que mostram como a Cruz da Ordem de Cristo (desta vez desenhada igual, ao pormenor) esteve confundida com os Descobrimentos espanhóis, e evangelização espanhola. Como diz o artigo: apenas em 2009 se aperceberam que a cruz das caravelas da primeira viagem de Colon não era aquela, e que era a das caravelas portuguesas. Antes de 2009 já um sacerdote francês da mesma instituição havia reparado e informado alguém de língua espanhola (sem se fazer caso disso).

Mas sim... se quisermos uma Ordem Religiosa para a expansão e descobrimento apenas encontraremos nos reinos da Península Ibérica uma: a Ordem de Cristo, e mais nenhuma. Portanto, no fim das contas, a aplicação daquela cruz na igreja acabou por ser muito acertada, e, graças a certa ignorância no assunto por parte dos espanhóis foi possível uma enorme reprodução desta cruz, como deles. É bonito, é justo.

Castela tem o condão de propaganda de si mesma.

Volte sempre.

José disse...

Fico fascinado sobre a ignorância das pessoas em relação à Cruz de Cristo, que os portugueses usaram e usam, com aquele diferente, que os espanhóis colocavam nos seus navios - note-se que estes elementos identificativos só eram colocados em grandes armadas, ou em rotas especiais, pois ninguém queria estar identificado num tempo em que se estava sujeito a actos de pirataria. Acabam por fazer uma homenagem a Portugal, aos seus Descobrimentos e à Ordem de Cristo herdeira dos templários, pois a Espanha nada tinha a ver com este símbolo nem com o drama que os Templários sofreram.

anónimo disse...

Caro José Silva,

obrigado por comentar.

Sim, é um erro muito comum, e um mistério até. Como foi acontecer que a Cruz da Ordem de Cristo fosse tão confundida pelos espanhóis, e há tanto tempo?

Não quero aqui aplicar aquela piada coma qual se quer caracterizar os castelhanos: "Se é meu e é mau, logo é teu; se é bom e é meu, logo é meu; se é bom e teu, logo é meu".

Volte sempre.

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