09/04/18

"A FAMA SEMPRE DIFAMA" - Fado


O Fado ... não o temos aqui por aquela indigna origem que tentam impor-nos, em troca do carimbo de "Património da Humanidade". De todas as teorias da origem e desenvolvimento do Fado cremos nas mais nobres.

Aqui está um pouco do sentimento português (primeiros as guitarras; depois a voz, cantando verdades sentidas):

8 comentários:

Fabiano disse...

Maravilha!

Anónimo disse...

https://www.youtube.com/watch?v=1a4J55hKomU continuação

anónimo disse...

Caro Fabiano, sim, é.

Já agora, fica a versão em "disco"
https://www.youtube.com/watch?v=yZd_lphcdV0

e a letra:

Não tenham medo da fama
De Alfama mal afamada
A fama ás vezes difama
Gente boa, gente honrada

Fadistas venham comigo
Ouvir o fado vadio
E cantar ao desafio
Num castiço bairro antigo;
Vamos lá, como eu lhes digo
E hão-de ver de madrugada
Como foi boa a noitada
No velho bairro de Alfama
Não tenham medo da fama
De Alfama mal afamada

Eu sei que o mundo falava
Mas por certo, com maldade
Pois nem sempre era verdade
Aquilo que se contava;
Muita gente ali, levava
Vida sã e sossegada
Sob uma fama malvada
Que a salpicara de lama
A fama ás vezes difama
Gente boa, gente honrada

anónimo disse...

Este vestígio de pensamento "barroco" nas letras do Fado é muito interessante... Nada que ver com as letrinhas dos nossos tempos!

anónimo disse...

Depois há um neo-fado e uma reinterpretação que, enfim, é a herança mas interpretada por quem já não conhece certos fundamentos civilizacionais. Assim, acontece que o fado se tem tornado por vezes próximo do sentimentalismo oco, por vezes até bizarro e ... etc..

De longe, o exemplo que dou agora não é paradigmático (além de certos aspectos curiosos: a fadista Mariza cantando com a Orquestra Nacional de Espanha, por ocasião das comemorações da adesão da República-em-Portugal e da "Espanha-parlamentar" à União Deseuropeia.

https://www.youtube.com/watch?v=y2g03OkoMiQ&list=PLEZ2X9WCTzAKbBY3HL_EqZLiOir8BHsdX&index=6

anónimo disse...

No neo-fado há também resultados de grande valor, como é o caso desta genial "Ai Margarida" (acompanhado ao piano, não à guitarra); a letra fala de coisas simples da vida, mas com uma lição moral encerrada (nada de novo no fado). Com a música acompanhe a letra https://www.youtube.com/watch?v=6SiCdSwHysc

LETRA:

Ai, Margarida,
Se eu te desse a minha vida,
Que farias tu com ela?
-Tirava os brincos do prego,
Casava c'um homem cego
E ia morar para a Estrela.

Mas, Margarida,
Se eu te desse a minha vida,
Que diria a tua mãe?
- (Ela conhece-me a fundo.)
Que ha muito parvo no mundo,
E que eras parvo também.

E, Margarida,
Se eu te desse a minha vida
No sentido de morrer?
-Eu iria ao teu enterro,
Mas achava que era um erro
Querer amar sem viver.

Mas, Margarida,
Se este dar-te a minha vida
Não fosse senão poesia?
-Então, filho, nada feito.
Fica tudo sem efeito.
Nesta casa não se fia.

anónimo disse...

1 - Uma das clássicas "Povo que Lavas no Rio" (a gravação não é grande coisa, mas a interpretação guitarras/voz vale a pena)

https://www.youtube.com/watch?v=9fwaZa2_3V4

2 - Dos antigos "É Tão bom ser pequenino" [em Alfama] ... Veja-se o mimo de letra. https://www.youtube.com/watch?v=0DbUT5CaFxM

LETRA:
É tão bom ser pequenino,
ter pai, ter mãe, ter avós
Ter esperança no destino,
e ter quem goste de nós

Ver tudo com alegria,
sem delongas, sem demora,
Ver a vida numa hora,
a eternidade num dia,
Ter na mente a fantasia,
D'um bem que ninguém supôs,
Ter crença, sonhar a sós
co'a grandeza deste mundo,
e, para bem mais profundo,
Ter pai, ter mãe, ter avós

Ter muito enlevo a sonhar,
Acordar e ter carinho,
Ter este mundo inteirinho
No brilho do nosso olhar.
Viver alheio ao penar
Deste orbe torpe, ferino,
Julgar-se eterno menino,
Supor-se eterna criança,
E, num destino sem esp’rança,
Ter esp’rança no destino.

Ó desventura, ó saudade,
Causas da minha inconstância,
Trazei-me pedaços de infância,
Retalhos de mocidade.
Dai-me a doce claridade
Roubando-me ao tempo atroz.
Queria ter a minha voz
P’ra cantar o meu passado…
E é tão bom cantar o fado
E ter quem goste de nós!…


Cláudia Arruda disse...

Salve Maria.


Como li uma vez: "Fado é uma identidade portuguesa"...

Gostei mais da versão em disco de "Fama sempre Difama", amei o acompanhamento de "Ai Margarida",e é de fato um "mimo" a letra "É tão bom ser pequenino".

Aprendi com meu pai gostar de Fado, menina ainda.

Não consegui abrir, o da fadista Mariza, com a Orquestra Nacional...

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