21/02/17

21 de FEVEREIRO - AGIOLÓGIO LUSITANO (II)

(continuação da I parte)
 
b) No Convento Dominicano de Sta. Catarina de Sena de Placência, cidade em Castela a velha, o trânsito de Fr. Fernando de Braga, varão exemplar, e amador da virtude, em que resplandeceu grande pureza de vida, junta com tão abraçado zêlo da perfeição religiosa, quem desejou notavelmente a reforma de sua Ordem, a qual Deus lhe mostrou, pois o viu em sua vida restituída ao primeiro fervor em que o Patriarca S. Domingos a instituiu. E para este fim moveu Deus a ElRei D. Fernando o Católico, porque (como diz Salomão) o coração do Rei está nas suas mãos, a que tratasse da reformação da dita Ordem em Castela, para o que mandou pedir a este Reino religioso de prudência, e virtude aprovada, idóneos para tão grave negócio. Para ele foram nomeados seis, e o principal o Pe. Fr. João Diaz, e por seu companheiro Fr. Fernando, pela grande opinião, que se tinha de seu espírito, e religião. E havendo todos conseguido com muita suavidade o fim para que foram chamados, tornando-se os mais a Portugal, sé ele quis ficar lá no convento de S. Pedro Mártir de Toledo, onde foi Superior, e viveu santamente, velando com grande fervor todos os dias até meia noite em oração na presença do diviníssimo Sacramento do Altar, e guardando tão estreitamente as constituições, que se não foi em graves enfermidades, nunca comeu carne, nem saiu fora, excepto acompanhando a comunidade. E anelando a maior reconhecimento, tendo notícia que a dita casa de Sta. Catarina era retirada, e devota, se foi viver a ela, em companhia de outros servos de Deus, sendo-lhe mui principal motivo estar nela continuamente o Santíssimo Sacramento exposto, cuja divina perfeição, eram todas suas delícias; ali em bem lograda velhice com grande paz rematou a transitória vida.

D. Fernando, Rei consorte de Isabel I de Castela.
- do comentário:
Sendo Vigário Geral da observância Dominicana neste Reino Fr. Pedro Dias, Pregador DelRei D. João II pelos anos 1480 mui conhecido em Castela, onde havia ido por Embaixador sobre as pazes, e casamentos do Príncipe D. Afonso com a filha dos Reis Católicos, os quais vendo a gravidade, prudência, e compostura de tão exemplar Legado trataram de reformar os conventos Dominicanos de toda a Hispânia. Havida licença do M. Geral da Ordem, e do Sumo Pontífice fizeram como que viesse comitiva a Portugal, porque o dito Padre nomeasse um religioso, qual convinha para a comissão de tanta importância; e ele(com maduro conselho) escolheu a Fr. João Dias, confessor DelRei, e da Princesa D. Joana, varão douto, e o que mais é de mui santa vida, e por seus companheiros Fr. João de Aveiro, Fr. Diogo Velho, e o nosso Fr. Fernando de Braga, filho do convento de Benfica, e dois Conversos. Estou o Comissário em Castela, e depois de visitar os conventos de toda ela, fez Capítulo, em que estabeleceu o mais conveniente para a nova reforma daquela Província. Concluindo tudo com grande louvor se tornou a Portugal com seus companheiros, ficando à Fr. Fernando, onde no ano 1490 faleceu de muita idade. Assim o referem com o mais do texto Fr. António de Sena in Chr. Ord. (ad anos 1480 pág.263), Fr. João Lopes na mesma (p.3 l.1 C.90, e p.5 l2 c.33), Fr. Luís de Sousa (p.2 l.2 c.7), D. Rodrigo da Cunha na hist. de Brag. (p.2 c.107 e outros).

(a continuar)

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