NOVO VOCABULÁRIO
FILOSÓFICO-DEMOCRÁTICO
FILOSÓFICO-DEMOCRÁTICO
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N.° 6
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Cum desolationem faciunt, Pacem appellant.
(Tacito)
(Tacito)
*É tão fera a perfídia
De
um cruel, e vil Mação,
Que
a paz nos apregoa
Quando
faz a desolação. D. Tr
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Vocábulos, que mudaram de
sentido, de significação, e de ideia.
CARIDADE
CRISTÃ – Não
estão menos em uso entre os ímpios e ateus estes Vocábulos que a palavra humanidade, e coincidem muitíssimo com
ela. Os ateus a adoptam de tanto melhor vontade, quando levam eles a vantagem,
de que se reclamam algumas vezes dos Cristãos, estes não são tão tolos, que a
reclamem deles. Entre os Republicanos não tem mais uso, nem outro destino, que
servir de escudo, apoio, e defesa de quantas iniquidades Democráticas possam
imaginar-se. Por exemplo: Quando os Democráticos estão de cima, devem os
Cristãos, por Caridade, ver com humilde paciência, resignação, e respeito
abater a Religião, destruir os Templos, desterrar os seus Bispos, roubar, e
fuzilar seus Sacerdotes. Se mudam as Cenas, e os Democráticos aparecem de
rastos como as cobras, é, segundo eles, um estreitíssimo dever da Caridade Cristã deixar impunes todos os
seus execráveis delitos: e a doce e amável Caridade acusada de fanática,
atroz, e sanguinária, se não ata as mãos à Justiça, e faz liga com os ladrões,
ímpios, e assassinos para exterminar a inocência. E deste modo os homicidas, e
traidores podem acusar com razão a Caridade, porque não impede que lhes apertem
o gasganete. Oh! quanto tempo faz, que pudéramos estar gritando: por Caridade Cristã levantai forcas!
(* Que não terá a esta hora gritado a
alta Sucia quando viu passados pelas armas na Hespanha 54 mártires da Pátria, e
entre estes um célebre Golfin, que foi Ministro da Guerra no tempo das Côrtes:
o grande Calderon, que era o Borges Carneiro de lá: um Lopes Pinto também
Deputado, e o seu digníssimo Chefe "Torrijos"! Que desumanidade! Que falta de Caridade
Cristã! Não parece ser isto feito num Reino Católico por excelência!
Senhores pranteadores, Senhores Jeremias Políticos, vejam-se naquele espelho; e
olhem que a Caridade bem ordenada principia por nós: Vossas mercês sem dúvida
não seguem a doutrina de Santo Tomás, que diz nos devemos deixar matar o
injusto agressor sem lhe resistir, disto não percam nada, mas se seguissem
algum partido seria o contrário, e muito provável, que sustenta, que o homem
tem direito a defender-se de um agressor injusto, ainda à custa da sua morte:
ora então vejam que aquele procedimento é conforme ao Direito Natural, das
Gentes, e Supremos Árbitro das Nações; e para ser justo, e saudável basta que
seja reprovado por Vossas mercês.
A pena, que nos resta, é não haver já
entre nós um Decreto de prevenção, como é aquele de Fernando VII, lavrado em
Outubro de 1830, em que manda que sejam passados pelas armas todos, que se
acharem com elas na mão contra a sua Pátria, e não quer que lhe deem parte
senão depois do milagre feito. Grande Política é a daquele Governo! Deve ser a
Mestra para todos os Soberanos. Nada de justificações em tais casos; porque em
havendo um pequeno descuido, logo aparece, absolvido
por falta de prova.
Lembra-nos agora, o que a este respeito
ouvimos a um Escrivão desta Côrte, (a quem Deus perdoe, porque já é defunto)
que falando das habilidades do seu ofício, fez esta pergunta aos circunstantes "porque razão não está o Diabo no Céu, apesar de se rebelar contra Deus?".
Ninguém soube responder: pois saibam os Senhores, disse ele mesmo "É porque
Deus não admitiu a justificação". Por isso dizemos que a verdadeira
justificação é a forca, e, para abreviar mais, os arcabuzes à Fernanda. Esta receita prova admiravelmente.) D. Tr.
PREVENIR – Os Democráticos servem-se
deste termo em um sentido inteiramente contrário, ao que dantes tinha. O que não pode acontecer, é o que eles
previnem. Porém aconteça que algum tenha o arrojo de prevenir em sentido
verdadeiro os iníquos, e horríveis planos dos Democráticos! Oh! boca que tal
disseste: logo aparecem furiosos, endiabrados, e todos gritam, sedição! plano combinado! conspiração contra
o Governo! traição! desobediência! etc. É por este modo, que se ataca um
Povo, que vive sossegado; e assim o roubam, saqueiam, e fazem escravo: oh! isto
é prevenir. Como se nem o Diabo
houvera pensado em prevenir o nada!
Vamos agora pelo contrário.
Se um povo ameaçado real, e
verdadeiramente do extermínio invasor abre os olhos, e vê o insondável abismo
de males, que os ameaça, e começa a mexer-se, e a querer preveni-lo, poder de
Deus! Furibundos, e lançando espuma pelas malvadas bocas, se apresentam os
Revolucionários; e o prevenir já não
é já prevenir, mas sim desejo de
sangue, anarquia, perfídia, e traição. E os que choram por sangue humano,
quando se trata de fazer o mundo ateísta, e se pelam por chuchar juntamente
com o sangue os cabedais de todos os povos; põe as mãos na cabeça, elevam
clamores até às nuvens, e se tornam mais loucos do que são; e berrando como
touros, pranteiam como estes o sangue, que ainda se não há derramado, não
fazendo caso algum do que já foi derramado pelos povos, que não querem aguentar
os ímpios, os assassinos, e os ladrões. Basta ver como tratam em seus
Escritos ao homem mais respeitável da Europa, somente porque se opõe com vigor
à impetuosa torrente do latrocínio Democrático. Ele é um sanguinário, um
Canibal, um pérfido, e quanto pode vomitar a pérfida boca Democrática. E
porque? Porque não consente que os Demónio-cráticos
destruam sem oposição a paz, a tranquilidade, as santas máximas, a
Religião, as Leis, e a substância dos povos; porque não lhes permite que
escravizem os homens, que arruínem os Tronos, e que tiranizem a seu bel-prazer
o globo inteiro; porque, vamos.... é boa frescura não querer que os homens
recebam com satisfação, e com palmadas da alegria a seus tiranos, e bárbaros
opressores. Ah! Santo Céu! Quanto te cansarás de tanta iniquidade?
(* O homem respeitável, de que aqui se
fala, julgamos ser naquele tempo o Imperador Alexandre; mas se este nos faltou,
resta o grande Nicolau, a quem chamamos o Cyro de nossos dias: ele é que há de
libertar a Europa do jugo Maçónico.) D. Tr.
(a continuar)
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