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Feliz a Nação, que não ignorando os seus direitos tão autorizados, jura obediência aos seu Rei, e o alivia do peso enorme dum governo absoluto, como acontece ao Pai, que tem filhos discretos, e bem governados. Feliz a Nação, que jura obediência a uma Religião Santa, e às Leis fundadas em justiça e caridade; recompilação perfeita de todos os preceitos da Lei escrita, e da Lei da graça: obra imortal, de que só um Deus podia ser o Autor, a quem só pertence a regeneração dos homens, que ele criou para si, como centro da imortalidade.
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É mais visível o merecimento humano nos conflitos da desgraça, que nos afagos da Fortuna. Uma Nação sobressaltada, que por impulsos da intriga mais dextra, e mais capciosa, e iníqua vai abismar-se, e que por movimentos de honra, e heroísmo espontâneo retrocede, e se salva do precipício, ombreia com as mais poderosas Nações do mundo; resistir às paixões, é o maior triunfo; esmagar a cabeça do Dragão, é a maior proeza.
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Procedimento tão exemplar resolve dúvidas, e sufoca temores: com menos façanhas se fundaram Impérios, e com menos títulos se erigiram Padrões à Lealdade. Trabalho assíduo, sofrimentos pasmoso, privações incríveis para guardar um Reino à competente Dinastia, é um esforço de amor, que talvez não tenha exemplo na história; embainharam-se as espadas por preceito do Soberano até contra os inimigos: mas acrescentou-se a defesa com a fidelidade dos ânimos, que ainda preservaram com uma constância inimitável.
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Não é um feudo violento: não é uma herança absoluta, e viciosa: não é um património ilimitado; e extorquido, que os Pais de famílias reservam para o seu chefe; é um donativo mais precioso: é um depósito mais sagrado, um penhor mais seguro, para firmar os direitos da Soberania, abalados, e ofendidos pela ausência, pela distância; e pela desconfiança, que reciprocamente suscita ciumes, entre os mesmos Irmãos: mas sem inversão dos direitos da Natureza, radicados no coração dos bons Súbditos.
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Quando uma Nação [Pátria] se disputa maiores rasgos de patriotismo, ilesa será sempre a Pátria, e se não acrescentar terreno, levantará muralhas indestrutível, e inconquistável, com melhor sorte, que as Repúblicas antigas, corrompidas pela ambição, pelo luxo, pela sensualidade, e por aquela força destrutiva, que caracteriza melhor, que tudo, as coisas humanas.
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Renovam-se os tempos dos milagres; uma Nação aflita, e perturbada por opiniões vagas, empobrecida por acontecimento, imprevisto, magoada pelos gemidos da pobreza, e pelos suspiros da orfandade, cai em convulsão; e nos transportes de sua agitação violenta, três ou quatro homens invocam o Deus dos Exércitos, clamam, oh Rei! oh Pátria!Retumba em todos os horizontes esta voz sagrada, e se repetem iguais clamores, que se ouvirão no Céu; desce portanto a Paz, que tudo cura, e tudo reanima.
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Se isto não é milagre, invente-se outra palavra para explicar um acontecimento tão extraordinário, que não pode ter outra origem, que o poder de Deus. O segundo ainda parece mais transcendente da compreensão humana; porque o mesmo Entre, que se precipita, é o mesmo que se levanta, depois de abismado nos horrores da Anarquia.
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Que outra palavra, além de milagre, compete à deposição dos Depositários Nacionais do poder supremo! E que admirável resultado! Aparecessem restituídos, quase no mesmo instante, em que foram depostos: é verdade, que se viu o Povo levá-los em triunfo ao Capitólio; mas quem incitou aquele Povo? Ainda se ignora, a não ser a nova graça, com que Deus ilustrou uma Nação [Pátria] privilegiada.
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Não será milagre; mas qualquer outra palavra, com que se explique o motivo de tão extraordinário acontecimento, sempre há-de indicar, que os princípios motores são Divinos; está portanto meio caminho andado para uma regeneração política, advertindo-se porém, que ela é inseparável da regeneração moral. Imoralidade é a causa principal de todos os males Nacionais [Pátrios].
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A desobediência à primeira Lei, despiu o homem das ricas vestes da graça, e mal coberto para esconder sua vergonha, e seu crime, apesar de seu arrependimento, contagiou sua decência, vindo a ser tão imortal, que se Deus fosse susceptível de pezares, ele se arrependeria de ter feito o homem livre.
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Regenerou-se o homem, não pelas águas, em que foi submergido, mas pelas virtudes dos poucos justos, que escaparam ao naufrágio, autenticados pelos preceitos Noá[?]hicos, supostos por Grossio, e que são a mesma Lei natural, eterna, e imutável imposta a Adão, como parece muito racionávelmente ao imortal Coccei.
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A imoralidade frustrou esta regeneração, e se Deus não prometesse, que nunca mais afogaria os homens, seriam tantos os dilúvios, como as tempestades; porque a Liberdade de que tanto se vangloria o ser humano, só lhe serve de pasto, e de estímulo para aniquilar-se.
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É portanto muito dificultosa uma regeneração política, não sendo precedida de uma regeneração MORAL [o negrito é meu], sustentada pela força, que é o que significa o auxílio de braço secular prometido à Igreja: não se ofende a liberdade, quando se obriga o homem a fazer o que deve: este direito é o de Pai de famílias no estado primitivo, e bem se sabe, que os sacrifícios eram os mesmo em quanto ao objecto ou fossem bons, ou fossem maus os sacrificadores, donde se infere o poder paterno na direcção do culto ao Autor da natureza.
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A liberdade tem um vasto campos, em que se exercita, e em que se empregou para recreio, e conservação do homem; tudo quanto se lhe proíbe em proveito seu, é tão precioso, e ainda mais que a mesma liberdade: o pomo proibido de Adão era nocivo à sua saúde, como se mostrou pela sua doença contagiosa, que ainda hoje se propaga por todos os seus descendentes.
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O prazer mais lisonjeiro, e aprazível ao homem o deleita, e entristece; a posse de qualquer objecto, que lhe agrada o enfastia: geralmente se diz, que isto é uma desgraça, quando é a melhor fortuna. um ser limitado, rodando sempre em molas frágeis, há-de consumir-se: um espírito agrilhoado por impulsos, e cegos movimento da matéria, há de romper tão duro, e tão medonho cárcere, sublimando-se à força, ou à inércia da matéria.
N.B. No nº seguinte se darão as notícias políticas com a exposição dos sucessos presentes.
(a continuar)
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